
Em 1989, a professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Maria das Graças percebeu como os recursos visuais, como fotografias, desenhos, vídeos e lâminas para serem observadas no microscópio, eram essenciais para o aprendizado de seus alunos de morfologia – que engloba as disciplinas como anatomia (estrutura e organização dos seres vivos) e citologia (biologia celular). Na turma estudava Luiz Edmundo Costa, universitário com deficiência visual.
Para tentar ajudar o estudante, a professora desenvolveu a coleção A Célula ao Alcance da Mão. O projeto disponibiliza elementos de estudo como células, tecidos, órgãos e embriões em formato tridimensional, esculpidas em gesso, silicone e resina plástica. A experiência já atendeu mais de 240 estudantes com deficiência visual do curso.
“O projeto foi criado em 1999, mas foi na sala com Edmundo que ele nasceu. Na época, apesar de não termos ferramentas para ajudar, o Edmundo viveu a experiência de tocar as células quando uma colega de sala de aula reproduziu para ele, em relevo bidimensional, os desenhos que a turma estava estudando. Edmundo foi muito bem na matéria. Hoje, ele é fisioterapeuta concursado do Hospital das Clínicas da UFMG”, conta Maria das Graças.
A Célula ao alcance da mão foi desenvolvida no Museu de Ciências Morfológicas (MCM) da UFMG com intuito de atender pessoas com deficiência visual. Embora constitua material didático com especificidades para esse público, a coleção tem se mostrado de uso universal no ensino inclusivo.
Mais de 16.350 alunos e 780 professores de ciências e biologia já utilizaram essa tecnologia social. O programa também treinou 93 professores de escolas inclusivas, de níveis Fundamental e Médio.
“Avaliamos que o toque e a visão tridimensional tornam a aprendizagem mais lúdica e interessante. O projeto tem dado um resultado muito bom pela sua multisensoriedade. É uma réplica do corpo humano macro e microscópia”, explica.
De acordo com Maria das Graças, os deficientes visuais ficam muito emocionados com o reconhecimento das células. “Eles têm uma imagem que é real, e ficam muito emocionados de conhecer o corpo humano pelo toque”.
A coleção é composta de 63 peças texturizadas e representativas no organismo humano, tridimensionais e em relevo, com diferentes especificidades. Cada peça da coleção tem uma legenda em tipográfico e braile.
O projeto conta ainda com um audiolivro e com um livro didático que contém a metodologia que orienta o estudo com uso da coleção, impresso também em tipográfico e braile. Quem estiver interessado na coleção pode entrar em contato com Museu de Ciências Morfológicas pelo telefone (0xx31) 3409-2782.
Por Vivian Lobato, do Aprendiz
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Fonte de informação: RTS/Aprendiz