
Neste fim-de-semana chamou-me a atenção um dos artigos que vinham
compilados na Newsletter da LerparaVer. Com o título “Em 10 anos,
matrículas de alunos com deficiência visual cresceram mais de 600% no
Brasil”
(http://www.lerparaver.com/node/9196)
A comparação é feita entre 2008 e 1998. Os dados são do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, aos
quais a autora do artigo, Teresa Cristina Machado, adicionou algumas
afirmações de especialistas do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
Tirando a afirmação da autora que nos induz para a conclusão que 54
milhões de brasileiros são cegos (risos) o resto das reflexões parecem-
me bem interessantes. Por exemplo, algo que ficou para mim mais claro
é o termo amblíope. Da leitura do artigo fica-se claramente convicto
que este termo é errado para designar todas as pessoas com baixa
visão, como em Portugal costumamos fazer. Um amblíope é uma pessoa que
sofre de uma patologia muito específica: ambliopia, vulgarmente
designada por “olho preguiçoso”. É apenas uma patologia que pode ter
várias causas, mas não abarca, de todo, todas as causas.
A juntar às muitas ideias e reflexões que constam no artigo, levantei
outras quantas e fui à procura dos dados originais. São fabulosamente
muitos e interessantes os quadros em Excel disponíveis (http://www.inep.gov.br/download/censo/2008/2008.zip
). Portugal bem podia fazer uma coisa destas.
Por exemplo, fiquei a saber que há 65147 alunos com deficiência da
visão a frequentar o ensino básico, dos quais 87% têm baixa visão. Por
outro lado, no Brasil, 46% dos alunos cegos frequentam
estabelecimentos especializados de ensino ao passo que 91% dos alunos
com baixa visão estão no ensino regular.
Quanto a ensino regular versus ensino especializado por tipo de
deficiência verifica-se que os alunos com baixa visão (91%), os alunos
com dificuldades auditivas mas não surdos (67%), os alunos surdocegos
(64%), os alunos com deficiência motora (76%), os alunos com
“transtornos invasivos do desenvolvimento” (78%) e os alunos
superdotados (89%), frequentam maioritariamente o ensino regular. Por
outro lado os alunos cegos (46%), os alunos surdos (45%), os alunos
com deficiência mental (62%) e com deficiências múltiplas (70%)
frequentam escolas de ensino especializado.
Na semana passada, do Colóquio “As Escolas de Referência – Uma Solução
Para os Alunos com Deficiência Visual?”, levado a efeito pela ACAPO –
Associação dos Cegos e Amblíopes (aka; risos) de Portugal parece que a
opção “ensino regular” levanta muitas dúvidas mesmo com “escolas de
referência” (conclusões em formato áudio: http://www.gesta.org/2010_escolasdereferencia/escolareferencia_conclusoes.mp3)
.
Será este balanceamento brasileira – ensino eminentemente
especializado versus ensino regular – mais eficaz? Deus permita que
sim, pois assim eles estariam já a ganhar e nós podiamos copiar o
modelo… (risos).
Fica a reflexão,
Jorge Fernandes, de Portugal
Não sei qual foi seu cálculo para concluir que escrevi que 54 milhões de brasileiros são cegos, a informação é clara ao segmentar estudantes que não enxergam daqueles com baixa visão. Por favor reveja seu comentário com (risos). O texto de onde o senhor baseou-se dizia claramente: “Em 1998, eram 8.963 estudantes, sem segmentação por deficiência. Já em 2008, foram registradas 55.915 matrículas, das quais 4.604 de alunos cegos e 51.311 de estudantes com baixa visão.” Obrigada igulamente pela referência.