PM mata outro motoboy negro

Poucas horas antes do início da missa de 30 dias do motoboy Eduardo Luis Pinheiro dos Santos, 30 anos, outro motoboy – também negro -, Alexandre Menezes dos Santos, 25 anos, foi espancado barbaramente por policiais militares, na Vila Marari, Zona Sul de S. Paulo, na frente da mãe, a vendedora Maria Aparecida de Oliveira Menezes, 43 anos.

O caso aconteceu por volta das 3h30 da madrugada de sábado (08/05), e ontem o corpo do rapaz foi enterrado pela mãe e por familiares. “Foi horrível. Dói enterrar o filho no Dia das Mães”, afirmou dona Maria, lembrando que o filho foi morto a seus pés, em frente a casa onde moram na Rua Guiomar Branco da Silva.

Tortura

“Acordei com o barulho das sirenes dos carros da Polícia Militar. Depois, fui para frente de casa e vi o meu filho sendo espancado, receber uma gravata, cair e bater a cabeça no chão. Ele morreu aos meus pés por quatro policiais grandes e fortes. Diziam que meu filho era bandido, vagabundo, mas ele nunca fez nada de errado. Era um motoboy que entregava pizza, um trabalhador”, contou dona Maria sem conseguir conter o choro.

Constrangido

Nesta segunda-feira (10/05), o governador de S. Paulo, Alberto Goldman, do PSDB, falou sobre o caso como se a Polícia Militar não tivesse como comandante máximo, o Governador do Estado, ou seja: ele próprio. “Estou absolutamente constrangido e revoltado. A atitude criminosa mostra o despreparo desses policiais militares’, afirmou Goldman, assumindo “o compromisso de apurar profundamente o homicídio”.

A situação de descontrole da PM foi admitida pelo Secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, que justificou o afastamento dos comandantes do 22º Batalhão de Polícia Metropolitano – tenente coronel Gerson Lima de Miranda e capitão Alexander Gomes Bento – alegando que ambos – aos quais os quatro policiais estavam subordinados – não tinham controle da tropa.

Traumatismo

O motoboy teria sido perseguido pelos policiais porque estava numa moto sem placas e andava na contramão de uma rua. O rapaz foi perseguido até a porta de sua casa, quando começou a sessão de espancamentos e torturas.

O atestado de óbito indica traumatismo craniano e asfixia, de acordo com a mãe. “A cena do meu filho apanhando é pior do que a do enterro. Porque essa cena é muito dura de lembrar. Ele apanhou por 30 minutos só porque acharam que ele estava com uma moto roubada na contramão. A moto era dele, não tinha placa porque era nova. Foi comprada a prestação. Seria emplacada amanhã [na terça-feira, dia 11]. E não existe contramão em rua de bairro pobre. Não era contramão”, afirmou dona Maria Aparecida.
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Fonte: Afropress

One Comment

  1. Este caso virou notícia, então tenho esperança de que os assassinos sejam realmente punidos, dentro da lei. Muitos outros negros, no entanto, morrem da mesma forma e são enterrados como indigentes e nem se ouve falar sobre os crimes ou, em muitos outros casos, a polícia “planta” armas ou drogas nas mãos das vítimas e o caso fica encerrado. Isso tudo acontecendo com o consentimento da sociedade…

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