
A educação de autistas por escolas regulares e o tratamento com o uso de dietas sem glúten causaram polêmica entre especialistas, representantes e associações de pais de crianças autistas na reunião conjunta desta quarta-feira das comissões de Direitos Humanos e Minorias; e de Legislação ParticipativaCriada em 2001, tornou-se um novo mecanismo para a apresentação de propostas de iniciativa popular. Recebe propostas de associações e órgãos de classe, sindicatos e demais entidades organizadas da sociedade civil, exceto partidos políticos. Todas as sugestões apresentadas à comissão são examinadas e, se aprovadas, são transformadas em projetos de lei, que são encaminhados à Mesa Diretora da Câmara e passam a tramitar normalmente..
O neuropediatra José Salomão Schwartzmann criticou a exigência de que as crianças autistas sejam educadas em escolas regulares. Para ele, a adaptação às escolas comuns depende de cada criança. “Se o indivíduo tiver rendimento na escola regular, tudo bem. Mas exigir isso de todos é um desserviço à pessoa, que vai se marginalizar ao invés de socializar”, disse o médico, que condenou o fechamento das escolas especiais.
A diretora da Escola Metamorfose de Niterói (RJ), Sandra Cerqueira, afirmou que, na sua experiência à frente de uma escola privada especializada em autismo, um portador da doença precisa de alguns requisitos mínimos na educação que não são oferecidos pelo Poder Público: acompanhamento familiar especializado, número reduzido de alunos, currículo personalizado e equipe muiltisciplinar. “O autista tem de ser avaliado individualmente e ser tratado nas suas deficiências”, disse.
Já a pesquisadora da Universidade Federal de Natal Eliana Rodrigues Araújo defendeu a inclusão dos autistas em escolas regulares. “A educação pública é um direito de todas as crianças, e é preciso que se ofereça condições para isso”, comentou a pesquisadora, que tem um filho autista. Segundo ela, a inclusão do seu filho na escola só foi possível depois de muito diálogo com os professores, que não estão capacitados para lidar com crianças autistas.
Alimentação
O médico Salomão Schwartzmann criticou ainda o uso de tratamentos que não foram comprovados cientificamente, como é o caso do uso de dietas sem glúten em crianças autistas. O método é utilizado pela diretora da Escola Metamorfose, Sandra Cerqueira, que defende projetos de leis estaduais para que o Sistema Único de Saúde (SUS) financie exames para o estudo desse tratamento.
O médico alertou que o sucesso em casos pontuais não pode ser generalizado sem o devido estudo. “Se o filho de alguém tem alteração quando come glúten, ele tem de ter uma dieta especial. Mas sugerir que isso seja aplicado a todos os autistas do Brasil e que o Poder Público pague por isso, sem comprovação científica, não tem sentido”, afirmou Schwartzmann. Segundo ele, ainda não se conhecem as consequências de retirar o glúten da dieta de uma pessoa que não tenha alergia.
Sandra Cerqueira rebateu as críticas do neuropediatra. Ela disse que há pesquisas suficientes que apontam intolerância ao glúten e outras substâncias por crianças autistas e que é preciso investir na pesquisa desses sintomas. “Quanto tempo vamos esperar para que essas pesquisas sejam comprovadas? Até que nossos filhos cresçam, se tornem adultos e já não possam ser tratados?”, questionou a diretora.
Palestrantes cobram capacitação de profissionais para lidar com autismo
É preciso investir na divulgação de informações sobre o autismo para professores, médicos, pais e agentes públicos, para facilitar o reconhecimento dos primeiros sinais da doença e permitir o diagnóstico precoce. A opinião é da presidente do Movimento Orgulho Autista Brasil, Alexandra Capone, que participou nesta quarta-feira de audiência pública das comissões de Direitos Humanos e Minorias; e de Legislação Participativa. Na sexta-feira (18), será comemorada a sexta edição mundial do Dia do Orgulho Autista
Ela defendeu que o autismo seja objeto de uma disciplina obrigatória nos cursos de Medicina e de Pedagogia, para que esses profissionais sejam preparados para lidar com a doença e que o governo invista em campanhas nacionais de esclarecimento sobre a doença. “O maior problema atual continua sendo o diagnóstico. Temos apenas um psiquiatra infantil para cada 33 mil crianças com transtornos severos”, disse.
Segundo ela, bombeiros, policiais e agentes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência também precisam ser capacitados para lidar com autistas. “Esses agentes que podem lidar com portadores da doença no dia-a-dia precisam saber como abordá-los se estiverem desacompanhados”, ressaltou.
Diagnóstico precoce
Para o neuropediatra José Salomão Schwartzmann, agentes de saúde e pediatras precisam ser capacitados sobre os primeiros sinais do autismo, já que o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento. “Observações simples de um pediatra já poderiam levantar suspeitas sobre o autismo, mas o nosso pediatra não tem informações sobre a doença.”
O mediador da lista virtual Autismo no Brasil, Argemiro Garcia, ressaltou que a informação sobre o autismo vai garantir o tratamento adequado e a inclusão social dos portadores. “Precisamos acabar com a ignorância e informar a todos sobre o autismo, para que o diagnóstico e o prognóstico sejam adequados. Somos um país que não tolera a prisão perpétua para o pior criminoso, mas que admite que uma pessoa, por ter deficiência, seja confinada pelo resto da vida”, destacou.
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Fonte: Agência Câmara
Sou professora da rede pública de ensino e concordo que nem todos alunos autistas se sintam avontade em frequentar uma turma onde o professor não possa lhe garantir uma atenção especial, pois temos turmas lotadas e a consequencia disto é a exclusão deste aluno, ele não consegue acompanhar a turma pois temos que trabalhar com esse alunos de modo diferenciado e dar a ele atenção dobrada, e a escola publica não apenas nos dá suporte material pedagógico como não viabiliza meios de trabalho.
Esse texto fala do autismo como “doenca”. O autor deveria ao menos saber que o autismo e uma condicao e nao uma doenca…