Decisões políticas não têm interferido na diminuição de famintos no mundo

Por Natasha Pitts
Jornalista da Adital

Reduzir pela metade a quantidade de pessoas famintas no mundo até o ano de 2015 ainda é possível. A afirmação consta em relatório produzido e publicado pela entidade britânica Oxfam, no último dia 14. Nos dois últimos anos a quantidade de pessoas famintas caiu, no entanto, isto não se deu por consequência de decisões políticas. Caso haja vontade dos chefes de Estado de todo o mundo, ainda será possível concretizar o principal Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM).

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a quantidade de pessoas que não têm condições de se alimentar adequadamente caiu 98 milhões no último ano, mas apesar desta redução 925 milhões de pessoas espalhadas por todo o globo ainda passam fome.

O documento ‘Reduzir a fome à metade: ainda é possível?’, de autoria da Oxfam, concorda com dados da FAO e vai mais fundo ao acrescentar que a quantidade de famintos caiu pela primeira vez nos últimos quinze anos. A redução foi festejada, pois 2009 marcou o ano de maior crescimento negativo da história com 1,020 milhões de pessoas assoladas pela fome. Infelizmente, esta queda não foi impulsionada por decisões políticas de chefes mundiais. O relatório da Oxfam esclarece que foram as boas colheitas dos dois últimos anos que puxaram esta redução.

Apesar dos bons resultados, não é possível contar apenas com a sorte de boas colheitas para alimentar milhares de famintos espalhados por todos os continentes. A Oxfam chama atenção para a necessidade de iniciativa urgente. Caso contrário, a população mundial assistirá, em breve, a um dos maiores fracassos coletivos da história: o não cumprimento do principal Objetivo de Desenvolvimento do Milênio.

“Ainda é possível reduzir a fome à metade, mas apenas se os países em desenvolvimento assumirem a liderança com políticas e investimentos adequados, se os países doadores incrementarem drasticamente sua ajuda à agricultura, à segurança alimentar e à proteção social através de planos nacionais e regionais e se abordarem de forma coletiva os assuntos globais que afetam à segurança alimentar”, chama atenção o relatório da Oxfam.

Com base em estimativas da FAO, a Oxfam calcula que para reduzir pela metade o número de famintos seria necessário um incremento de 75 bilhões de dólares.

Não apenas a quantidade de ajuda está sendo insuficiente para a grandiosidade do problema, mas também a qualidade e a eficácia precisam melhorar, diz o relatório. Caso isto não seja visto, o mundo corre o risco de sofrer com outra crise alimentar, o que poderá ocorrer, principalmente, porque as causas principais da fome seguem sendo estimuladas. Os biocombustíveis, a especulação com as matérias primas, a demanda crescente de carne e energia nos países emergentes, o estancamento da produtividade agrícola e os conflitos são as principais fontes geradoras de fome.

Na próxima segunda-feira (20), os líderes mundiais estarão reunidos em Nova York, nos Estados Unidos, para participar da Cúpula das Nações Unidas sobre os ODM e analisar cifras como a ínfima redução da fome mundial, que, em 10 anos, tempo de existência dos ODM, passou de 14% (em 2000) para 13,5% (em 2010). Assim como para compreender os fenômenos ocorridos em países que conseguiram alcançar ou estão próximos de cumprir com o 1º ODM. O Vietnã é um deles.

Em comunicado, a Oxfam aproveita a oportunidade do encontro internacional para fazer um apelo às nações “para que apóiem um plano de ação global contra a fome como parte de um pacote mais amplo de resgate dos ODM”.

“O plano de ação deveria apoiar o desenvolvimento de planos nacionais para reduzir a fome; também deveria assegurar que estes planos contem com fundos suficientes provenientes de um aumento da ajuda oficial ao desenvolvimento e dos investimentos nacionais; e por último o plano deveria desenvolver as políticas globais necessárias para afrontar as ameaças mundiais à segurança alimentar”, pontua o relatório da Oxfam, indicando o caminho.
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Fonte: Adital

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