Um novo conjunto de oito metas, que amplie o combate à desigualdade social, promova a sustentabilidade ambiental e inclua o enfrentamento a problemas que afetem países ricos e pobres de forma mais igualitária e equilibrada. É o que defende Olav Kjorven, diretor do Escritório internacional do PNUD de Políticas para o Desenvolvimento, em relação ao passo que deve ser dado após o término do prazo para cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que expira em 2015.
O especialista norueguês aponta o desequilíbrio entre os desafios enfrentados por ricos e pobres para que cada uma das metas sejam atingidas como o maior problema do compromisso atual, que, segundo ele, foca principalmente os chamados países em desenvolvimento, dando a impressão de que as nações mais industrializadas pouco ou nada teriam a melhorar.
“Todos os países deveriam ser tratados da mesma forma, com objetivos para cumprir internamente e também com a responsabilidade de oferecer ajuda e solidariedade a outros nas áreas em que são referência”, afirma o diretor do PNUD.
“Na realidade, antes mesmo da crise financeira, as nações de renda média têm sido de vital importância no comércio e na ajuda aos mais necessitados. Então não é uma questão de ricos ajudando pobres, e sim de todos ajudando uns aos outros”, acrescenta.
Kjorven argumenta ainda que, enquanto o mundo desenvolvido apresenta bom desempenho nos indicadores relacionados à pobreza, podendo contribuir para que outros países alcancem este status, ele têm desempenho fraco em sustentabilidade. Portanto, seria adequado procurar o conselho de outras nações que estabeleceram planos de desenvolvimento que respeitam mais o meio ambiente.
O especialista norueguês acredita que, embora seja possível identificar grandes progressos na redução da pobreza, este é, muitas vezes, obtido à custa do aumento da desigualdade social. Isso porque, segundo o diretor do PNUD, é mais fácil trazer os “menos carentes” para cima da linha da pobreza do que alcançar os mais necessitados. “Não há incentivos para reduzir a desigualdade, embora quase todos a reconheçam como um fator fundamental por trás da pobreza e dos conflitos”, diz.
Já em relação à sustentabilidade, ele destaca a preocupação com a taxa mundial de consumo de recursos minerais, peixes e água e com as alterações climáticas, pois “o nível atual de emissões de carbono representa uma ameaça à estabilidade global e à redução da miséria”.
“Nosso consumo é insustentável e cada vez mais vai contribuir para tensões, conflitos e injustiças. E os países que estão engajados no sétimo ODM [garantir a sustentabilidade ambiental] são os que causam o menor dano, enquanto os mais ricos, que consumem muito mais por pessoa, têm escapado das metas”, afirma.
Objetivos propostos
Ainda de acordo com Olav Kjorven, as oito metas que ele propõe ainda estão em fase de elaboração e são voltadas para as próximas duas décadas – até 2030 -, de modo a garantir condições habitáveis à crescente população mundial.
A primeira delas seria o corte de emissões de gases de efeito estufa em 50%. Já a segunda inclui uma série de medidas para aumentar a produtividade e a resistência dos ecossistemas críticos: expandir as áreas protegidas em terra e mar em, respectivamente, 17% e 10%, e aumentar em 20% as áreas agrícolas cultivadas de acordo com critérios de sustentabilidade.
O terceiro ODM seria reduzir o consumo de proteína animal per capita em 20%, pois a substituição da carne por verduras, grãos e frutas diminuiria a pressão sobre os sistemas de criação de animais. O quarto compromisso diz respeito ao combate à pesca desenfreada, garantindo a capacidade de renovação dos ecossistemas marinhos.
Implementar políticas para impulsionar a produção industrial, reduzindo os desperdícios e minimizando a liberação de produtos tóxicos em solos, águas e ar consiste no quinto objetivo. O ODM número 6, por sua vez, seria alterar a carga fiscal para reduzir a geração de resíduos e impedir o esgotamento do capital natural.
Já o sétimo compromisso pede o fortalecimento das regras de transparência e das medidas anti-corrupção, além do controle da especulação financeira. Finalmente, a oitava das novas metas seria garantir o cumprimento total dos oito ODM atuais e fortalecer a luta global contra a pobreza.
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Fonte: PNUD