Ato público marcará início do 'Projeto Brasil Nunca Mais Digital'

Capa do histórico livro Brasil Nunca Mais

No próximo dia 14, um ato público na sede da Procuradoria Regional da República da 3ª Região (PRR-3), em São Paulo (SP), marcará o início do “Projeto Brasil Nunca Mais Digital”. Na ocasião, o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e o Center for Research Libraries (CRL) entregarão às autoridades brasileiras documentos e microfilmes do período da ditadura militar (1964-1985) que estavam no exterior.

O evento está previsto para começar às 14h30. Durante a tarde do dia 14, os participantes terão a oportunidade de conhecer o Projeto Brasil Nunca Mais Digital e refletir sobre “Medidas de Verdade: do Brasil Nunca Mais a uma Comissão da Verdade”. A programação seguirá com homenagens a Dom Paulo Evaristo Arns, reverendo Jaime Wright (in memoriam), Paulo Vannuchi e Eny Raimundo Moreira; e com a entrega da documentação ao procurador-geral da República.

O material que retorna ao país faz parte do projeto “Brasil: Nunca Mais” e integrará o acervo do “Brasil Nunca Mais Digital”. A ideia é disponibilizar informações referentes ao regime ditatorial para consultas na internet. Os documentos e microfilmes que revelam as violações aos direitos humanos durante a ditadura militar foram enviados aos Estados Unidos por receio de que fossem descobertos e destruídos por agentes repressores.

O projeto “Brasil: Nunca Mais” começou durante a ditadura militar brasileira, quando religiosos e advogados iniciaram uma busca por informações de violações aos direitos humanos realizados por agentes do Estado. Informações do site “Armazém Memória” revelam que, entre 1979 e 1985, cerca de 30 pessoas copiaram e estudaram, de forma clandestina, 707 processos que estavam no Superior Tribunal Militar. A ação foi conseguida com o apoio de Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, e de Jaime Wright, reverendo da Igreja Presbiteriana.

O receio de que o material fosse apreendido pelos repressores levaram o grupo a microfilmar os documentos e enviá-los a outros países. A tarefa resultou em um relatório de 12 volumes sobre as informações dos processos judiciais, também chamado de “Projeto A”, e na publicação do livro “Brasil: Nunca Mais” (Projeto B).

A proposta também era tornar públicas as informações. Para isso, a documentação do projeto foi doada à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que ficou responsável por disponibilizar os documentos para consultas e reproduções. Ao verificar que parte do material estava danificada pela ação do tempo, o Ministério Público Federal, juntamente com o Armazém da Memória, sentiu a necessidade de digitalizar as cópias dos documentos.

Centro de Referência Virtual Brasil Nunca Mais

Atualmente, o Armazém da Memória disponibiliza, em seu Centro de Referência Virtual Brasil Nunca Mais, alguns documentos, vídeos e livros sobre o período da ditadura militar brasileira. Já estão digitalizados: os 12 volumes do “Projeto A” do Brasil Nunca Mais; 80% das fontes citadas no Relatório; o processo do “Caso Riocentro”; o relatório das torturas de Inês Etienne; e documentos do Acervo da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo.

Com informações de Armazém da Memória, PRR-3 e CMI

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