Orientação sexual nas escolas: seria possível se não incomodasse?

Corujinha.

Orientação sexual nas escolas: seria possível se não incomodasse?, por Sandra Aparecida de Almeida. Universidade Federal da Paraíba.

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RESUMO/ABSTRACT

As discussões relativas à educação sexual nos espaços escolares, surgiram no início do século XX e somente na década de 80 tornou-se urgente, tendo em vista as altas taxas de gravidez na adolescência e aumento do número de casos de contaminação pelo HIV no país. Diante desse quadro, o Ministério da Educação e Cultura reafirma a estreita relação de causas e efeitos nas políticas públicas na área da sexualidade, educação e saúde e, considera imprescindível o retorno da Educação Sexual nas escolas. Inicia-se em 1995/96 o processo de elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais, voltados para os ciclos básico, fundamental e médio o qual propõe a inclusão transversal da temática orientação sexual em todas as disciplinas. Objetivou-se analisar sob a ótica dos educadores/gestores de escolas públicas do ensino fundamental do município de Cajazeiras – PB, como o tema orientação sexual vem sendo incorporado nas práticas pedagógicas. Estudo de natureza qualitativa que utilizou o Grupo Focal e a entrevista semi-estruturada com vinte e três (23) educadores e oito (8) gestores respectivamente. O material empírico obtido foi analisado segundo a Técnica de Analise de Conteúdo, modalidade temática, que culminou nos seguintes temas: O olhar dos gestores: o discurso oficial versus cotidiano pedagógico; A dialogicidade entre valores e práticas profissionais; A (dis) função escola/família no fazer pedagógico. O estudo evidenciou que há um comprometimento por parte dos gestores no que tange a inserção da orientação sexual no contexto escolar, porém as ações ainda são implementadas de maneira incipiente; os educadores assinalam despreparo quando se deparam com situações que exijam um pronunciamento frente às manifestações dos alunos sobre sexualidade; predomina a cultura da sexualidade, como fator de reprodução humana e risco social; a escola tem papel secundário na abordagem das questões que envolvem a sexualidade, adotando postura de omissão e/ou não responsabilização pelas demandas que se apresentem no ambiente escolar; a insuficiente participação da família e inexistência de pratica dialógica entre instituições escolares/ familiares favorece um olhar unilateral da problemática da sexualidade, gerando conflito de valores. Sugere-se investimento em estratégias que possibilitem um entrosamento entre família/ aluno/escola/educador, fortalecendo o potencial gerador de formação/informação, consolidando-se de fato em uma proposta operacional. Recomenda-se formação continuada dos educadores objetivando mudanças paradigmáticas relativas à sexualidade, envolvendo outros campos do saber como a saúde, sociologia, antropologia e história; que a mesma seja percebida de maneira extensiva/inclusiva e que propicie o desenvolvimento de cidadãos éticos e conscientes de seus direitos humanos.

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