O fim da era dos movimentos sociais brasileiros

Homem carrega uma bandeira no formato de seta dirigida à esquerda, ele caminhando em direção à direita.

Rudá Ricci

Sociólogo, Doutor em Ciências Sociais, do Fórum Brasil de Orçamento e do Observatório Internacional da Democracia Participativa. E-MAIL: ruda@inet.com.br . SITE: www.cultiva.org.br Link abrirá em uma nova janela ou aba. . Blog: rudaricci.blogspot.com

O conceito é conhecido. E surgiu a partir de uma leitura conservadora e perplexa da emergência do mundo urbano-industrial, pela pena de Lorenz Von Stein, em 1840. Este autor defendia a necessidade de uma ciência da sociedade que se dedicasse ao estudo dos movimentos sociais, em especial, ao estudo do movimento operário francês e do socialismo. O tema surge no bojo de um processo de estranhamento das instituições públicas e de alguns segmentos urbanos frente ao acelerado processo de industrialização da Europa, principalmente na França e Rússia. Perplexidade que acabou por definir um olhar sobre os movimentos sociais: movimentos que reagiam ao sentimento de marginalização (Barrington Moore Júnior chegou a elaborar um livro denominado Utopia que procurou definir movitações populares para várias revoluções a partir deste sentimento de marginalização e inustiça) ou mesmo práticas corporativas, muitas vezes fundadas no clientelismo. Desta ultima vertente, alguns autores denominaram vários movimentos sociais contemporâneos de metacorporativistas. Philippe Schmitter distinguiu corporativismo de Estado (cujas associações de interesse são dependentes do Estado e por ele penetradas) de corporativismo societário (cujas as associações são autônomas e penetram no Estado).  Maria Hermínia Tavares de Almeida sugeriu que tais organizações corporativas seriam instrumentos de intermediação de interesses em lugar de representações, na medida em que expressam interesses próprios e desempenham papel ativo na definição dos interesses de seus membros, assumindo o que a autora denomina de governo privado. Todo este debate para entendermos que, aos poucos, as práticas dos movimentos sociais, principalmente os brasileiros, foram se alterando dos anos 80 para cá. Nasceram dentro da descrição clássica da sociologia, como mobilizações não institucionalizadas de segmentos sociais que buscavam direitos. Mas foram se institucionalizando, tornando-se organizações hierarquizadas, com fontes de financiamento sustentáveis, com corpo diretivo e administrativo estáveis, participantes (indiretos ou não) de esferas de elaboração de políticas públicas, no interior do Estado.

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Leia a íntegra do artigo no webiste do Instituto Cultiva. Link abrirá em uma nova janela ou aba.

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