Nos dias 23 e 24 deste mês, ocorreu a edição do Teleton 2009. O Teleton é um programa de televisão feito em toda a América Latina que o empresário Sílvio Santos resolveu trazer para o Brasil. Ele une todas as emissoras de televisão do país em prol da arrecadação de dinheiro para que a AACD continue seu trabalho.
Em 1998, na primeira edição do Teleton, eu tinha 12 anos e fiquei vidrado na televisão. No começo simplesmente por achar uma causa legal, e pelas histórias de vida que eles exibiam. Lá pela meia noite, eles conseguiram alcançar a meta (que na época era de 11 milhões de reais) para construir a segunda unidade da AACD. Até aquela época, a AACD só existia em São Paulo.
Quando foi anunciado que a segunda unidade seria em Porto Alegre, eu vibrei como a criança que eu era. Fiquei imaginando milhões de coisas, porque o meu sonho sempre foi jogar futebol. Pela excelência que a AACD demonstrava, eu imaginava que eles poderiam “me curar”, embora a minha paralisia cerebral não seja uma doença.
Dois ou três anos se passaram e eu fui visitar a AACD. Conversei com as terapeutas sobre fazer uma avaliação, mas me foi informado que lá havia um limite de idade que eu já havia ultrapassado. Minha reação foi de absoluta tristeza. Ainda assim, continuo doando até hoje para o Teleton, porque acredito que a causa é maior do que a minha decepção. Continuo torcendo e admirando o trabalho da AACD.
Por outro lado, acho um erro gravíssimo e um desrespeito este limite de idade, pois eu, como homem de comunicação, posso afirmar que é um “tiro no pé” da própria instituição. Com certeza isto afasta muitos pacientes e decepciona muitos jovens e pais, pois este limite de idade não é divulgado pela instituição, que só se preocupa em mostrar os benefícios que ela traz.
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Sobre o autor:
Eduardo Purper é jornalista e colaborador da Inclusive.
É um dos responsáveis pelo site A Palavra É Sua.
Oi Dudu
Você escolheu tratar de um tema espinhoso.. Sabe que muitas pessoas, inclusive eu, criticam a forma com que o programa explora a imagem das pessoas com deficiência, com fins de arrecadação.
Pensei até em sugerir que não insistisse no assunto, mas não estamos aqui – em pleno proceso de discussão da democratização da comunicação – para agir com censura.
Peço a você que tenha serenidade para receber as críticas que possam vir em função do que já mencionei e que isso possa contribuir para um debate honesto. E, aos leitores, que tenham em mente que sem mútuo respeito não existe democracia, sequer inclusão.
Um abraço
Lucio Carvalho
Equipe Inclusive