A sexualidade faz parte da vida de qualquer ser humano, seja uma pessoa com deficiência ou não. Ela vai além do sexo, que é apenas seu componente biológico. “É muito mais do que simplesmente ter um corpo desenvolvido ou em desenvolvimento, apto para procriar e apresentar desejos sexuais”, afirma a orientadora sexual Maria Helena Brandão Gherpelli no livro “Diferente, mas não Desigual” (Editora Gente)(1).
Segundo a doutora em psicologia clínica e mestre em psicologia social, Ana Rita de Paula a sexualidade está associada ao desenvolvimento da afetividade, à capacidade de entrar em contato consigo mesmo e com o outro, elementos fundamentais para a construção da auto-estima. Para a também co-autora do livro: “Sexualidade e Deficiência: Rompendo o Silêncio” (Expressão & Arte Editora), nossa cultura tende a reduzir a sexualidade à função reprodutiva e genital, sem levar em conta a importância dos sentimentos e emoções decorrentes do processo educacional e de vida do indivíduo. E que cada um pode viver muito bem – e plenamente – sua sexualidade, de acordo com o que suas circunstâncias lhe permitem(2).
Ana Rita (que tem deficiência física) afirma em seu livro, a beleza é, na verdade, uma condição biológica (e não estética). “Considera-se belo o que é simétrico, e pelas leis da natureza, o simétrico tem mais chances de ser saudável, portanto é mais capaz de propagar os seus genes. A aparência física é o principal quesito para a atração, na fase inicial das relações inter-pessoais, enquanto que a inteligência e a personalidade têm uma importância secundária nesse mecanismo”(3).
Marcela Cálamo Vaz Silva, 42 anos, professora e mãe de dois meninos, não acha que sexualidade seja uma questão a ser resolvida através de modelos pré-estabelecidos pela mídia. Aos seis anos, tornou-se paraplégica, devido a uma infecção na medula. “Desde que o mundo é mundo, o ‘belo’ sempre atrai mais, mas isso não significa que na hora de se relacionar com alguém, esse ‘belo’ seja o escolhido. Existem outros fatores importantes, que não são necessariamente ligados à estética. Se não fosse assim, não existiriam tantas pessoas bonitas solitárias. E isso tem sido cada vez mais comum de se encontrar nos dias atuais”.
O psicólogo Fabiano Phulmann(4), discorda de Marcela, e alerta que em nossa sociedade, a beleza física e a perfeição ainda são muito valorizadas, e maciçamente divulgadas pela mídia, fazendo-nos, erroneamente, atribuir ou restringir a sexualidade ao aspecto físico. Para o também membro da Sociedade Brasileira de Sexologia Humana: “diante de tudo isso não é de se estranhar que as pessoas com deficiência, geralmente, venham ser consideradas ‘doentes’ e assexuadas. E que quem não tem deficiência possa sentir mal-estar na presença de quem tem uma deficiência”.
Segundo Fabiano, que é tetraparético (pessoa com paralisia parcial das pernas e dos braços), a deficiência pode mobilizar sentimentos ambíguos: de atração e repulsa, diretamente relacionados, ao medo que as pessoas sem deficiência têm de adquirir alguma deficiência (5). O grande problema é que a bióloga e especialista em sexualidade humana, Arletty Cecília Pinel aponta é que, infelizmente, as pessoas com deficiência ainda são idealizadas como seres frágeis, que possuem incapacidades múltiplas, pobres coitados de quem devemos ocultar tudo o que possa machucar.
A equipe do Instituto de Estudos e Pesquisas, Amamkay, responsável pela pesquisa: “Pessoas com deficiência e HIV/aids: interfaces e perspectivas: uma pesquisa exploratória” alerta para os mitos de fragilidade e invisibilidade que a sociedade ainda tem em relação à sexualidade das pessoas com deficiência. Um dos principais resultados divulgados pelo instituto em 2009, foi ainda é bastante arraigado, tanto entre familiares quanto entre profissionais e educadores, o mito de que a sexualidade das pessoas com deficiência é, por natureza, intrinsecamente problemática e até patológica. Dificilmente imaginam que essa pessoa possa, sequer, sentir desejo ou que seja capaz de se relacionar amorosa e sexualmente, casar e formar a sua família”(6).

Histórias de amor
Segundo a assistente social, Nina Regem e, a doutora em psicologia clínica Ana Rita de Paula, a sexualidade se desenvolve a partir do modo como nos enxergamos e percebemos que as pessoas nos enxergam. Embora as sensações de prazer se dêem no corpo material; a sexualidade se constrói e se expressa no corpo simbólico, ou seja, no corpo que temos em mente, na imagem que fazemos dele, nas fantasias que temos com ele. “Nós conhecemos nosso corpo ao andar, ao fazer amor, aos nos lavar, do mesmo modo que o conhecemos por meio da dor, da doença e das emoções. Esta bagagem inclui experiências físicas e psicológicas, imaginárias e reais, do presente e do passado” (7).
Para estas especialistas, muitas pessoas com deficiência só tiveram experiências distantes do prazer. “Durante anos, seu corpo foi (ou é) alvo de intervenções médicas, fisioterápicas ou corretivas que não contribuem para despertar o erotismo. Ao contrário, apontam o que há de errado, diferente, que precisa ser ‘consertado’, ‘normatizado’, caso contrário será sempre um corpo doente. Como se isso não bastasse, o espelho para o mundo é um padrão de corpo perfeito. Como fica, então, a auto-estima da pessoa com deficiência? A tendência é não se achar atraente, duvidar que possa ser alvo do desejo dos outros” (8).
O psicólogo Fabiano Puhlmann, conta ser freqüente as pessoas verem um homem com deficiência junto com uma mulher bonita que não tem deficiência e logo pensarem: ou é compaixão ou ele é rico. Ninguém imagina que essas pessoas tenham uma vida sexual ativa. “Uma cliente minha, que nasceu com uma deficiência, estava grávida. Ao pegar um táxi, o motorista perguntou quem foi que lhe tinha feito aquilo. Como se ela tivesse sido estuprada e não tivesse escolhido a gravidez como todo mundo, ou como se não tivesse sexualidade e não fosse fértil”.

Em pleno século XXI, ainda acredita-se que a mulher e o homem com deficiência não têm sexualidade. Eles tendem a serem vistos de forma infantilizada, a serem protegidos e cuidados – (esta postura ainda é bastante comum, especialmente com adolescentes com deficiência intelectual). Esse estigma também traz outros grandes equívocos. Por exemplo: mulheres com deficiência física, em cadeira de rodas, não podem ter filhos ou praticar o ato sexual; ou mulheres e/ou os homens cegos possuem um toque mais sensível, o que tornaria o ato sexual muito mais prazeroso. Também paira o mito de que as pessoas com deficiência intelectual são sem-vergonhas, inconvenientes, e masturbadores compulsivos, por terem uma suposta sexualidade exacerbada e sem governo. Enfim, são muitos os equívocos que precisam ser desfeitos!
A mulher com deficiência física ou motora, pode ou não ter filhos, pois não há relação nenhuma entre deficiência (seja ela qual for) e fertilidade, a não ser que a infertilidade seja ocasionada por fator externo à deficiência, assim como ocorre com mulheres sem deficiência. A mulher ou o homem com deficiência visual pode exercer sua sexualidade usando ou não o tato; assim como escolher se querem ter filhos ou não. Pessoas com deficiência intelectual podem exercer sua sexualidade, respeitando as convenções do que pode ser feito em público ou não. É importante levar esta informação às pessoas, pois quem nunca teve a oportunidade de conviver com uma mulher ou homem com deficiência, provavelmente carrega estes falsos conceitos consigo. Também é fundamental que o adolescente com deficiência possa reconhecer sua sexualidade. É justamente em decorrência deste auto-reconhecimento que o outro passará a enxergá-la com este atributo e como uma possibilidade amorosa.

Para Marcela: “as pessoas que têm oportunidades de terem contato com outras, têm muito mais chance de se relacionarem. No caso das com deficiência, há uma série de fatores que interferem nisso, como barreiras arquitetônicas, (que dificulta o acesso aos lugares), e os pré-conceitos daqueles que os enxergam como seres imaculados, etc. Quem não sai de casa, dificilmente conseguirá namorar ou ‘ficar’ com alguém. Mas nas comunidades do Orkut na Internet dá para sentir que as pessoas com deficiência estão buscando as mesmas coisas que as sem deficiência, inclusive relacionamentos que envolvam amor e sexo. Ninguém está à procura de cuidados, mas sim de troca, e de um companheiro (a) para viver um relacionamento em que haja, sobretudo, reciprocidade”.
A jornalista e doutora em Comunicação e Semiótica e professora do curso de Comunicação e Turismo da Universidade Federal da Paraíba, Joana Belarmino (que tem deficiência visual total), concorda com Marcela. Para Joana: “a sociedade evoluiu, material e culturalmente, e ampliou os espaços de atuação dos seus grupos. Entretanto, no cotidiano das suas práticas e costumes, aferra-se aos arquétipos primeiros da criação do sujeito humano, os quais fundamentaram ao estigma e o preconceito, fazendo com que persistissem para nós mulheres: cegas, surdas, com limitações físicas ou outras, o traço da desvantagem, da desqualificação, da desconsideração, ou da consideração de nós mesmas, a partir da supervalorização da nossa deficiência, como a falha mais visível. Isso inviabiliza uma percepção de nós mesmos, como sujeitos humanos globais”.
“Uma pergunta que sempre me fazem é se meu marido também tem alguma deficiência. Achavam natural, que uma pessoa com deficiência procurasse se unir a outro, cuja deficiência fosse igual ou parecida com a sua, pois assim seriam compreendidos completamente e, conseqüentemente, mais felizes. Não tenho nada contra quem se une a alguém ‘igual’ mas, o que não entendo é pensar que com o ‘igual’, a chance de ser feliz será maior. Crescemos convivendo com pessoas cujas crenças, pensamentos, cultura, limitações são diferentes das nossas. Conviver com diferenças sempre nos faz crescer, sejam elas quais forem, e a ação contrária gera discriminação, grupos fechados e guetos. Então, por que algumas pessoas com deficiência acreditam que só serão aceitas e felizes unindo-se a outras pessoas com deficiência?, questiona Marcela em seu BLOG: http://www.tchela.blogspot.com/”. “Quando Ricardinho nasceu, minha família toda ficou festejou. Não era apenas mais uma criança na família, mas sim, ‘o filho da Marcela’. A mesma Marcela que, desde criança, despertava dúvidas sobre o futuro. Se alguém ainda se preocupava em saber se minha paraplegia faria diferença em minha vida, capacidade reprodutiva e felicidade, depois da chegada de Ricardinho isso ficou definitivamente esquecido. As dúvidas deram lugar às certezas”.
“Comecei a namorar tarde. Achava que ninguém ia me aceitar. PC se apaixona também, fica boba, e se sente mais rejeitada ainda. Vê que seus horizontes são mais impossíveis ainda. E tem muitas dificuldades em relação ao sexo. Tem algumas coisas que são difíceis mesmo. Posições e músculos que não funcionam como deveriam, outros que funcionam mais do que deveriam. Você vai fazer sexo com um apoio no braço e não consegue. Não é igual todo mundo faz. Tudo depende de uma adaptação. Tem que ter uma colaboração muito grande do parceiro, principalmente, quando se tem espasticidade, que é incontrolável. Eu não conheço outro PC casado. Eu conheço pessoas com hemiplegia e paraplegia casados, mas PC não”, desabafou Maria (nome fictício) entrevistada para o livro “Paralisado Cerebral – Construção da Identidade na Exclusão” (Cabral Editora Universitária), escrito por, Suely Harumi Satow, mestre e doutora em psicologia social, e bacharel em filosofia e comunicação social(9).

Para Suely que possui incapacidade motora cerebral (IMC, erroneamente popularizada como PC – paralisia cerebral), as pessoas com IMC, podem passar por dificuldades maiores do que as demais pessoas com deficiência, principalmente em relação à sua sexualidade(10). “Eu sei que a PC não é hereditária, mas eu tenho muito medo de ter um filho deficiente. Acho que não tenho força para ter um parto normal. Ainda sinto muita vergonha de mim mesma, e isso é o que é o difícil da aceitação pessoal”, contou Maria à Suely.
Para a professora e doutora em psicologia, Bader Burihan Sawaia, é preciso compreender que exclusão não é um estado que uns possuem, outros não. Não há exclusão em contraposição à inclusão. Ambos fazem parte de um mesmo processo – “o de inclusão pela exclusão” – face moderna do processo de exploração e dominação. O excluído não está à margem da sociedade, ele participa dela, e mais, a repõe e a sustenta, mas sofre muito, pois é incluído até pela humilhação e pela negação de humanidade, mesmo que partilhe de direitos sociais no plano legal. Segundo a doutora Bader: “a inclusão pela humilhação objetiva-se das mais variadas formas, desde a inclusão pelo “exótico” até a inclusão pela “piedade” (personagem coitadinho), e não tem uma única causa. O estigma de ter uma deficiência interpenetra-se com outras determinações sociais como classe, gênero, etnia e capacidade de auto-diferenciação dos indivíduos, configurando variadas estratégias de objetivação da reificação das diferenças” (11).

É por isso, ainda existe muito preconceito entre a união de uma pessoa com deficiência e outra sem. Sidney T. Souza e Débora K. Souza são casados há mais de 21 anos e têm dois filhos adolescentes. Débora, 43 anos é representante comercial e não tem deficiência. Sidney, 43 anos, cego total, é bacharel em Administração de Empresas, e analista de sistemas. “Era comum perguntarem quando nos viam juntos se éramos irmãos. Sou moreno de olhos castanhos e minha esposa é bem clara e tem olhos verdes. Não há nada que nos faça parecer irmãos. Quando falávamos que éramos namorados alguns diziam: Parabéns! Mas no fundo questionavam preconceituosamente: Como um cego conseguiu arrumar uma namorada? Ou como uma jovem, apesar de bonita, se dispôs a NAMORAR um CEGO? Além disso, uma colega da minha esposa, felizmente de pouca influência e nada persuasiva, fez um comentário depreciativo ao saber que ela estava namorando comigo. O comentário foi: você está matando cachorro a grito?”(12).

Já para o casal Claudia Sofia Pereira e Carlos J. Rodrigues, o preconceito que enfrentaram, no primeiro momento, partiu de alguns membros da família de Carlos, que ficaram preocupados por os dois serem surdocegos (deficiência única que apresenta as deficiências auditiva e visual concomitantemente em diferentes graus) (13). “Pensaram que não tínhamos condições de ter uma autonomia de vida há dois. Namoramos três anos, e nos conhecemos em 1994 por correspondências em Braille. Estamos casados, há 2 anos e 6 meses, e somos muito felizes. Ainda não temos filhos, mas pretendemos ter conforme Deus quiser, no máximo dois”, conta Claudia.
Carlos, 48 anos, diretor de esportes do Grupo Brasil é surdo total e tem baixa visão. Já Claudia, 39 anos, é surdocega total e coordenadora da Associação Brasileira de Surdocegos. Eles têm esperança que os surdoscegos tenham um futuro melhor em relação à sexualidade, pois sabem que eles ainda sofrem muitas discriminações. Para Claudia também é muito importante que a sociedade saiba que as pessoas com deficiência têm capacidade de ter um relacionamento amoroso feliz! (14)
A felicidade também está presente na vida de Rita de Cássia N. Pokk, 27 anos. Em 2003, casou-se com Ariel J. Goldenberg, 27 anos, também com deficiência intelectual. Ariel sempre diz que todas as pessoas com síndrome de Down têm direito de sonhar, trabalhar, casar, e se desejarem, morarem sozinhos depois de casados. “O casamento para mim representa duas pessoas que se amam muito e que tem respeito um pelo outro. Não é só amor, sexo e cama. Um casal tem que ceder em algumas coisas. Dar carinho, amor, afeto e compreensão. No casamento não deve ter brigas e nem discussão. Tem que ter é paz, harmonia e amor. Quando eu estava entrando com meu pai para casar e vi o Ariel lá na frente de terno cinza muito lindo eu senti muita emoção, porque daquele momento em diante eu ia ficar para sempre com o homem que eu amo”, conta Rita. “Quando eu vi a Rita entrar vestida de noiva de braço dado com o pai dela eu me emocionei tanto, que derramei algumas lágrimas. Agradeci a Deus, pois o meu grande sonho estava se realizando, eu ia casar com a mulher que eu amo”, confessa Ariel (15).
O publicitário, Hélio da Silva Pottes, e a enfermeira, Kênia M. Hubner Pottes, ambos com 52 anos, também são felizes há 18 anos. Do casamento de duas pessoas com nanismo acondroplásico, nasceu Maria Rita, 16 anos, estudante anã. “Considero a nossa sexualidade dentro dos parâmetros de normalidade. O único receio que tivemos era engravidar fora de hora, pois éramos estudantes. Então, resolvi fazer uso de contraceptivo por um tempo. Depois nos cuidávamos porque não pude continuar tomando-os por ter engordado muito. Mas alguns familiares se preocupavam com o risco de eu engravidar e gerar problemas de saúde tanto para mãe como para o bebê”, conta Kênia. Para ela, por falta de conhecimento e cultura, nossa sociedade considera muitas vezes a pessoa com deficiência ‘assexuada’. “É pura ignorância e individualismo, além de ser mais cômodo do que entender e respeitar que as pessoas, embora diferentes no seu estado físico, são muito semelhantes nos instintos e nas emoções”, conclui Kênia (16).

A psicóloga Ana Rita explica que no início dos anos oitenta a sexualidade, finalmente, começou a ser timidamente abordada dentro de outros contextos, como por exemplo: a adolescência; o desempenho de papéis sexuais; a gravidez; e o planejamento familiar para casais com deficiência. Para ela, estes estudos já revelam uma tendência, embora tênue, de elaborar uma análise mais psicossocial do que meramente orgânica e genital.
No entanto, como o enfoque do estudo da sexualidade das pessoas com deficiência ainda é desenvolver técnicas de intervenção clínica e de aconselhamento visando ao ajustamento social, ainda persiste o viés de patologizar a sexualidade e a deficiência. Só mais recentemente a abordagem psicossocial começou a assumir timidamente lugar de destaque. Então, a ênfase passou a ser colocada no direito a exercer uma vida sexual satisfatória e na possibilidade de conquistar afeto e autonomia por meio de vivências afetivo-sexuais (17).
Os especialistas afirmam que o verdadeiro processo de inclusão social eficaz deve ampliar essas visões estereotipadas ao favorecer o resgate da sexualidade e da eroticidade das pessoas com deficiência. “Ser erótico é possuir a vida, a liberdade, o movimento, o calor compartilhado. A pessoa com deficiência precisa ser um homem ou mulher em busca de prazer, com responsabilidade e equilíbrio, seguros de sua capacidade de envolver o ser amado e de se apaixonar”, explica o psicólogo Fabiano (18).

“Depois de paraplégico, sem forças nas pernas para me manter ativo por cima de uma mulher numa relação sexual, o único jeito era ficar por baixo dela. Posição privilegiada que proporciona ao homem contemplar, reparar, ver muito mais essa pretensa captura dos interiores femininos, e concluir, de uma vez por todas, que o grande capturado é ele (…). Antes, na afoiteza de atingir a ejaculação, permanecia por cima com a cabeça afundada na cama – e o pior, de olhos fechados. Sem pernas para essa cavalgada, descobri os dois mais extensos órgãos sexuais de meu corpo: meus olhos. Apreciar o coito e admirá-lo nas minúcias da fêmea em pleno erotismo, tal cálice consagrando-se ao deixar-se penetrar: a triangular eminência do púbis exaltada pela abertura das coxas, a cintura volátil, os braços diluindo-se em gestos orgásticos e, de vez em quando, os seios abençoando-me os lábios”, relatou o pintor João Carlos Pecci,(19). João ficou paraplégico (sem os movimentos dos braços e das pernas) após um acidente de carro em 1968, e é autor do livro “Velejando a Vida” (editora Saraiva), obra que narra sua trajetória para engravidar sua amada, que deu a luz a uma linda menina, após muito carrinho e ótimos tratamentos. E hoje ele seduz a vida em todos os sentidos.
Um dos aspectos mais importantes da sexualidade da pessoa com deficiência, segundo Fabiano, é a sedução. “Para seduzir você precisa saber quais são as suas forças. Se alguém acha que não tem nenhum poder de sedução porque tem deficiência, ou se a cadeira de rodas é um peso enorme, o outro sempre vai vê-lo no papel de amigo. Desta forma fica difícil para a pessoa que não tem deficiência se envolver, pois é um horizonte novo. Ela tem ansiedades, medo, resistências. Se quem tem deficiência sabe disso, ele consegue facilitar para o outro. Se ela consegue se relacionar no meio social, passeia, tem amigos, a chance de conseguir ter um parceiro é muito grande”.
O psicólogo esclarece que pensando em uma pessoa que ficou com uma deficiência é preciso redescobrir o corpo como um todo. Para ele há várias formas. “A principal é se tocar de novo, ver as áreas sensíveis e erógenas. Explorar a sensibilidade como um todo. Imagine uma pessoa que sentia seu corpo inteiro e de repente pára de sentir. Também é preciso usar recursos para flexibilizar os valores porque, às vezes, é preciso inverter o jeito que se observava as coisas. Caso a pessoa com deficiência seja muito ‘quadrada’, é preciso torná-la mais maleável, com cursos de dança inclusiva – nos quais as pessoas são tocadas e desenvolvem a sensibilidade – ou com a ida a sex shops. A pessoa com deficiência vai a uma loja dessas e vê o que as pessoas compram como brinquedos de masturbação, camisinhas com extensão de pênis e etc. Isso faz com que ela comece a ver o sexo de forma mais solta, com mais humor”, conclui Fabiano.
Fabiano explica que nosso crescimento pessoal não depende só do outro, mas de nós mesmos. Lutando, aprendendo, estabelecendo relações e nos lapidando, cada um de nós pode desenhar o seu mapa do amor. A educação tem muito a ganhar com o trabalho de pessoas guiadas por mapas do amor. Educação é acolhimento, disponibilidade, prazer. Requer competência interna, para organizar a si próprio e externamente, para ir ao encontro do outro. Além de coragem para se despir de preconceitos, sobretudo na hora de lidar com pessoas, que estão fora do que é erroneamente considerado padrão em uma sociedade. Atributos como esses são fundamentais para desmistificar a sexualidade das pessoas com deficiência, e entender o que o pintor João Carlos Pecci disse:
“…a junção sexual que inclui um homem paraplégico não permite somente um maestro e uma única batuta a marcar o compasso e o andamento eróticos. Induz a uma regência diversificada: mãos que falam, lábios que percorrem, braços que inventam pernas. Multiplicar os dedos em profundas estratégias onde a rigidez de um pênis não consegue se manter com a necessária demora de um pesquisador. Dotar o toque de uma pressão quase científica, que não seja constrangedora e muito menos imperceptível (aconselha-se um treinamento numa pétala de rosas…), lastrear a boca com a avidez de um recém-nascido e a habilidade de um pistonista e deixá-la sem rédeas por onde os lábios se encaixarem com maior competência. Entro no funil do orgasmo quando me largo em êxtase, num enlevo incontido ao percorrer-me inteiro (corpo + espírito) envolvido no gozo da mulher, mesmo sem sentir o corpo dela sobre o meu”.

1- Editora Gente – Brasil.
2- DE PAULA, Ana Rita; REGEN, Mina; LOPES, Penha. “Sexualidade e Deficiência: Rompendo o Silêncio”. Expressão & Arte Editora, 2005.
3- DE PAULA, Ana Rita; REGEN, Mina; LOPES, Penha. “Sexualidade e Deficiência: Rompendo o Silêncio”. Expressão & Arte Editora, 2005.
4- Fabiano Puhlmann é membro da Sociedade Brasileira de Sexologia Humana. Terapeuta sexual há mais 16 anos se formou no Instituto H. Ellis, e completou os estudos na Sociedade Brasileira de Sexualidade. Contatos: fabiano@iparadigma.org.br ou Tel: (11) 5049-0075.
5- DE PAULA, Ana Rita; REGEN, Mina; LOPES, Penha. “Sexualidade e Deficiência: Rompendo o Silêncio”. Expressão & Arte Editora, 2005.
6- Trechos da pesquisa “Pessoas com deficiência e HIV/aids: interfaces e perspectivas: uma pesquisa exploratória”, desenvolvida pela equipe do Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas, e divulgada em 2009.
7- DE PAULA, Ana Rita; REGEN, Mina; LOPES, Penha. “Sexualidade e Deficiência: Rompendo o Silêncio”. Expressão & Arte Editora, 2005.
8- DE PAULA, Ana Rita; REGEN, Mina; LOPES, Penha. “Sexualidade e Deficiência: Rompendo o Silêncio”. Expressão & Arte Editora, 2005.
9- Trecho da obra: “Paralisado Cerebral – Construção da Identidade na Exclusão” (Cabral Editora Universitária – 2000), escrita por Suely Harumi Satow.
10- Suely tem a fala e os movimentos do corpo diferentes da maioria das pessoas, e muitas vezes já passou por situações constrangedoras e preconceituosas, quando as pessoas supõem que ela também tenha algum comprometimento intelectual. Quem tem incapacidade motora cerebral, geralmente, apresenta dificuldade de comunicação, descordenação motora, movimentos involuntários, tônus muscular bem diferente, conforme a região do cérebro afetada. Em grande parte dos casos não possui nenhum comprometimento intelectual.
11- Trecho da obra: “Paralisado Cerebral – Construção da Identidade na Exclusão” (Cabral Editora Universitária – 2000), escrita por Suely Harumi Satow.
12- Informações sobre o Sidney no e-mail: sidneyt@prodam.sp.gov.br.
13- A surdocegueira é uma deficiência única que apresenta as deficiências auditiva e visual concomitantemente em diferentes graus, levando a pessoa surdocega a desenvolver diferentes formas de comunicação para entender e interagir com as pessoas e o meio ambiente, possibilitando-a a ter acesso a informações, uma vida social com qualidade, orientação e mobilidade, educação e trabalho necessitando de um guia-intérprete para conquistar a comunicação com os demais e também para deslocar-se. A surdocegueira não necessariamente significa que a pessoa seja totalmente cega ou surda, podem existir resíduos visuais (baixa visão) e resíduos auditivos funcionais, suficientes para escutar uma conversação, especialmente quando contam com uma ajuda auditiva como um aparelho.
14- Informações sobre o Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial – Brasil: Tel: 55 (11) 5579-5438 e ABRASC: Tel: 55 (11) 3342-2108.
15- Contatos com Ariel e Rita: www.grandesencontros.com.br.
16- Contatos com Hélio e Kênia: www.ser.anao.nom.br.
17- DE PAULA, Ana Rita; REGEN, Mina; LOPES, Penha. “Sexualidade e Deficiência: Rompendo o Silêncio”. Expressão & Arte Editora, 2005.
18- DE PAULA, Ana Rita; REGEN, Mina; LOPES, Penha. “Sexualidade e Deficiência: Rompendo o Silêncio”. Expressão & Arte Editora, 2005.
19- DE PAULA, Ana Rita; REGEN, Mina; LOPES, Penha. “Sexualidade e Deficiência: Rompendo o Silêncio”. Expressão & Arte Editora, 2005.
*Leandra Migotto Certeza é jornalista com deficiência física e desenvolve o projeto em equipe: “Fantasias Caleidoscópicas”, ensaio fotográfico sensual com pessoas com deficiência – informações: http://www.saci.org.br/index.php?modulo=akemi¶metro=25435. O projeto foi premiado no “6º Congresso Internacional Prazeres Dês-Organizados – Corpos, Direitos e Culturas em Transformação”, em Lima (capital do Peru), em junho de 2007; e reapresentado no “I Seminário Nacional de Saúde: Direitos Sexuais e Reprodutivos e Pessoas com Deficiência”, realizado pelo Ministério da Saúde, em Brasília, de 23 a 25 de março de 2009. Este artigo é um trecho da argumentação do projeto. Maiores informações: leandramigottocerteza@gmail.com ou BLOG: http://leandramigottocerteza.blogspot.com
*Ricardo Ferraz é desenhista, cartunista, e professor com deficiência física e autor do livro: “Visão e Revisão – Conceito e Pré-Conceito.” (3° edição lançada em agosto de 2000, durante o XIX Congresso Mundial da Reabilitação Internacional – Rio de Janeiro). Teve seus desenhos selecionados no concurso nacional para vinhetas do “PLIN- PLIM” nos intervalos da TV Globo, de março de 2001 à fevereiro de 2002; e de abril de 2005 à junho de 2007. Dos sete concursos realizados pela Rede Globo, venceu quatro. Informações: (28) 3522-4614 ou 9959-8632 ou 9959-8632 – E-mail: ricardoferraz33@gmail.com e site: www.cadetudo.com.br/ricardoferraz
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Sobre a autora:
Leandra Migotto Certeza, jornalista da Caleidoscópio Comunicações, repórter voluntária da Rede Saci – www.saci.org.br www.saci.org.br; ativista em direitos humanos das pessoas com deficiência da www.conectas.org , e voluntária da Associação Brasileira de Osteogenesis Imperfecta – www.aboi.org.br
, e autora do Blog Caleidoscópio – http://leandramigottocerteza.blogspot.com
.Tels: 55 (11) 3453-5370 – Cel: 55 (11) 8697-9067 55 (seg. à sext. das 9hs às 20hs).
Currículo:
http://lattes.cnpq.br/5381513499006912
Portifólio:
http://sentidos.uol.com.br/admin/leandra/
http://www.saci.org.br/index.php?modulo=busca¶metro=Leandra&page=1&limit=10&classificacao=
“O verdadeiro revolucionário é movido por grandes sentimentos de amor”
Che Guevara“Enquanto houver injustiça e miséria, todo homem deve ser um revoltado”
Albert Camus
Boa tarde! Gostei do artigo, mas não foi suficiente para mim, procuro algo mais profundo, ou, alguma historia parecida com a minha.Aos quinze anos de idade, me relacionei com um um rapaz de 24, ficamos juntos durante 1 ano e oito meses até que minha mãe descobriu e levou a nossa historia até o juiz e me fechou dentro de casa me proibindo até mesmo de falar com ele. Ele foi condenado perdeu seu diploma de advogado e eu envergonhada com o acontecido me fechei em casa. Completamente apaixonada e desiludida acabei constituindo familia com outro homem o qual fazem 31 anos que somos casados. Fui embora da minha cidade natal e nunca mais vi meu antigo namorado, acontece que ‘a 18 anos voltei para minha cidade natal com meu marido e meus dois filhos. Hoje com 46 anos estou completamente perdida e não consigo mais a estabilidade a qual eu nunca tive “emocional”, fazem dez anos que meu antigo namorado me procurou e desde então estamos em contato via telefone, eu nunca o esqueci e ele tambem não. Quatro anos após nossa separação ele ficou paraplegico, hoje somos casados, meu marido é muito influente e ele tambem, só que continuamos cada vez mais apaixonados. Eu não sei mais o que fazer não podemos nos encontrar muito menos nos separa para ficar juntos. Preciso de ajuda para não pirar já tomo remedio faço tramento com um neurologista e um psiquiatra mas nada resolve meu problema. Não consigo me desvenciliar desta teia em que me meti. Por favor este relato é sigiloso. Se puder me responda. Desde já agradeço!
Estou fazendo um artigo sobre esse assunto e me ajudou muito
oi boa tarde!! gostei muito do artigo acima. sofri um acidente de automovel e fiquei com problemas no lado direito (perna), tá sendomuito dificil pra mim., pois meu esposo acha que tem que cuidar demim e não pode me tocar de forma alguma, pensa que vai me machucar, tá sendo muito dificil pois ainda sou uma pessoa jovem continuo sentindo minhas vontades! foi bom ler artigo vou passar pra ele ver e quem sabe mudar de ideia, obrigada!
Excelente seu artigo.
Estamos juntos nesta empreitada da desconstrução dos tabus, preconceitos, estereótipos, repressões que envolvem a sexualidade seja no dito normal como nos ditos deficientes.
Fico a disposição para qualquer tipo de intervenção.
Visite: http://WWW.falandodesexualidade.blogspot.com
Olá! Excelente artigo, atualmente namoro um deficiente fisico de uma perna só, mas é maravilhoso, gosto dele demais, e naquela hora é um momento maravilhoso, não o trato como deficiente, o trato super normal e estamos muito felizes assim.
Parabéns a todos. Posso divulgar esse seu site no meu?
Visite-o http://www.sexualidadevida.com.br e me envie resposta via email. toledobruns.@uol.com.br.
Realizo pesquisa com cegos e cadeirantes. Sintam-se todos abraçados por mim. Maria Bruns
Claro que sim, Maria. E so citar a fonte.
Abs,
Patricia Almeida
Equipe Inclusive
Olá! Podia dizer que conheço bem o assunto “deficientes físico”, pois me casei com um homem que teve paralisia cerebral aos seis meses de nascido. Ele é uma pessoa boa e honesta, carinhosa também, assim como um excelente pai. Não posso tirar ou negar suas qualidades, mas casar-me com um deficiente foi o maior erro da minha vida. Todos dizem que devemos respeitar, apoiar, isso é tudo correto e também direito de cada um. Mas a verdade é que pessoas que casam e vivem com portadores de necessidades especiais viram escravas, suas vidas geram em torno das possibilidades do portador das necessidades, sem falar nas inúmeras concessões que fazemos durante toda uma vida. É muito bonitinho, é exemplo de amor, coragem, dedicação, mas na verdade é uma prisão sem grades. Cometi o erro de casar-me com um deficiente e tenho pago um preço muito alto, o meu depreendimento e meu altruísmo foi minha ruína. pois ao longo dos anos ele foi piorando e o pior de tudo não foi a sua piora e sim a que ele tirou de mim, me sugou com seu ciúme e possessão, por causa do seu dito amor. Tirou de mim a vitalidade e a alegria de viver, pois cada dia mais aumentava as suas necessidades e eu fui me afundando. ME Arrependo de não ter ouvidos as pessoas que me alertaram. Hoje com a experiencia que tenho e a visão, nunca teria feito isso comigo e as pessoas que não concordarem comigo, basta viver com alguém portadora de necessidades especiais e verá como é ser sugada e se torna-se uma sombra, dia após dia. Não digo isso por causa do ciúme, mas pelas condições que a vida vai lhe impondo. Então fica aqui o meu desabafo e o meu conselho. Para não dizer que quero desmerecer os portadores de necessidades especias, eu foi colaboradora da implantação de um núcleo de apoio aos portadores de necessidades especias em uma universidade, tal núcleo foi fundado por meu marido e eu sempre o auxiliei, então ninguém venha me dizer que não compreendo o problema de perto. Obrigada pelo espaço e quem ler tenha a sensibilidade de compreender o que quero dizer, que não é fácil conviver com tanto trabalho uma vida inteira, talvez somente filhos mereçam tantos sacrifícios.
Olá Ana,
A Inclusive busca o empoderamento e a conscientização, mas sua manifestação é compreensível e estamos abertos para ajudar, conversar ou ouvi-la outras vezes pelo email. Essa é a sua experiência, que respeitamos.
Mas se quiser desabafar ou falar do tema com esse viés, a caixa de comentários da Inclusive não é o melhor lugar. Você pode fazer um blog, postar no seu Facebook, etc. Sua visão não é generalizável, universalizável. Acreditamos que você precisa conversar com outras pessoas na mesma situação, um grupo de apoio. Também precisa de tempo livre pra ter uma identidade própria. Tente falar com amigos e família para poder ter um descanso .
Um abraço,
Equipe Inclusive
Olá, adorei o artigo, ma preciso de mais exemplos, como meu caso.
zsou mulher , ja fui cadirante hoje ando com auxilio de muletazs, como tive umaz educação muito rigida, sempre me presevei de me relaionar com os humen além de umaz maizade.IZSSO é um dos motivos que atrai ele, me sinto sedutom sei deduzir qundo quero, mais isso me causa um certo bloquio.
Acho que ele podem me machucar ou ele podem azhar o mesmo sobre mim. o que deve fazer, zou melho o zqeu deve ser feito qundo a defineciente é mulher, vejo mais exmplo de homens deficinetese relazcionando.
Olá, adorei o artigo, ma preciso de mais exemplos, como meu caso.
sou mulher, já fui cadeirante, hoje ando com auxilio de muletas, como tive uma educação muito rígida, sempre me preservei de me relacionar com os homens além de uma amizade. Isso é um dos motivos que atrai eles, me sinto sedutora e sei seduzir quando quero, mais isso me causa um certo bloqueio.
Acho que ele podem me machucar ou ele podem achar o mesmo sobre mim. O que deve fazer. Ou melhor, o que deve ser feito a quando a deficiente é do sexo feminino?
vejo mais exemplos masculino.
Ana
De fato, suportar ciúme e etc, não é bom.
Mas pelo seu desabafo, creio que vc não o amou o suficiente para ajudá-lo.
Achei a maneira como vc se conduz aos deficientes muito generalizável. Tudo que vc demonstrou aqui é que vc se arrepende de ter feito algo. E por que não mudou o curso da história no meio do caminho para se permitir ser feliz? E provavelmente por não sentir feliz, deva ter deixado seu marido infeliz também…
Seu comentário é desajustado. Por que a sua experiência, talvez, tenha sido ruim. Ora, não devemos condenar ninguém pelos nossos erros. E sue marido provavelmente percebeu seu descontento com ele. E esse “erro” é que nos faz sentir infelizes.
E um detalhe: não entendo como alguém pode dizer isso, e ainda continuar casada…
Na maioria dos depoimentos mostra o quanto a família interfere na liberdade da pessoa com deficiência, gerando nela uma falta de confiança em si. Eu tenho também uma dificuldade em relação a sexualidade, sofro por antecedência medo de ser rejeitada. Desde a infância as pessoas diziam “Ela tem um rosto lindo, e um sorriso belo”, o restante do corpo descartavam com nada.
Tenho hoje 55 anos, continuam dizendo a mesma coisa. Resumindo não superei esta insegurança, o que atrapalhou ser uma pessoa mais livre e desenvolvida em vários aspectos. Não foi limite para estudar e trabalhar, hoje aposentada, porém na condição econômica poderia e deveria ter sido melhor, reconheço, perdi oportunidades pela não superação de insegurança.
Gostei do post e recomento a leitura para todos desse artigo, pois com certeza vai ajudar muita gente e desde já deixo meus parabéns e meus obrigados.