Londrina – Preparar pessoas com síndrome de Down para o trabalho é o objetivo do projeto Aura, desenvolvido em Barcelona, na Espanha, cujos resultados foram apresentados ontem durante o V Congresso Brasileiro Sobre Síndrome de Down (CBSD), que termina amanhã no Centro de Exposições e Eventos de Londrina. O evento é realizado por Associação de Pais e Amigos de Pessoas com Síndrome de Down (APS Down), de Londrina, Associação Reviver Down (Curitiba) e Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD).

Pioneiro na Espanha, onde começou a ser aplicado em 1989, o projeto é baseado na metodologia “emprego com suporte”. De acordo com Maria Del Carmem Llores -que proferiu a conferência junto com Roser Fernández-, antes de serem encaminhados para empresas, as pessoas com síndrome de down frequentam o centro da organização para desenvolverem habilidades sociais, conhecerem o mundo do trabalho e adquirirem autonomia laboral. “Eles precisam amadurecer para encarar a responsabilidade”, comentou.
Após essa fase, eles passam a freqüentar a possível empresa contratante para aprender o serviço, com apoio de um preparador laboral do projeto. “Quando eles estão trabalhando bem, o empresário contrata. O centro continua fazendo um acompanhamento pontual, realizando intervenções quando é necessário”.
Maria Llores ressaltou que conseguir o trabalho é fácil, a maior dificuldade é manter o emprego e obter promoções. Hoje, em Barcelona, 85 pessoas com a síndrome trabalham com acompanhamento do projeto Aura.
A entidade também é responsável pelo projeto Vida Independente, que visa dotar de automia os portadores da síndorme, preparando-os para serem independentes. Por três meses, três alunos do centro moram com três estudantes universitários, para aprender a realizar tarefas do dia-a-dia como arrumar a cama, fazer compras ou por a roupa na máquina de lavar. “Eles aprendem e se tornar capazes de serem independentes. O maior desafio é evitar que as famílias continuem superprotegendo”, afirmou.
Outro assunto tratado ontem no congresso foi a “Sexualidade das pessoas com síndrome de Down na adolescência e na vida adulta”. O curso foi ministrado pela professora Deisy Mohr Bauml, especialista em sexualidade de pessoas com deficiência. Segundo ela, a questão ainda é tratada como tabu no Brasil, pois a sociedade encara os deficientes como pessoas exarcebadas sexualmente ou totalmente desprovidas de sexualidade, o que não corresponde à realidade. “A sexualidade dos deficientes é normal”, disse.
Assim como todas as crianças, eles devem ser preparados para vivenciar esse aspecto da vida ainda pequenos, em conversas informais na família e através do cumprimento das leis que asseguram o direito de receberem orientação sexual nas escolas, sejam elas inclusivas ou especiais. “A orientação sexual adequada previne comportamentos de risco”, considerou.
Deisy explicou que os portadores de deficiência sofrem abusos sexuais numa média maior que a população em geral. “Eles são vítimas fáceis porque são mais bondosos. Quando bem orientados, tornam-se capazes de reconhecer situações de risco”, disse. A informação tmabém é importante para evitar gravidez e doenças sexualmente transmissíveis.
Carolina Avansini
Equipe da Folha
Fonte: http://www.bonde.com.br/folha/folhad.php?id=17150&dt=20080926