Interatividade, debate e ideias no II Fórum de Mídia Livre

Envolverde - uma pessoa falando ao ouvido da outra.

Por Naná Prado, especial para Envolverde

“O jogo que surge é o da transparência, é um exercício permanente da tolerância e da democracia” (Luis Nassif).

Como será a mídia eletrônica no futuro? Quem vencerá a corrida pelos espaços na internet: as grandes corporações ou os sites e blogs individuais? Quem financiará tudo isso? Qual o papel e como funcionarão as rádios comunitárias?

As dúvidas não foram poucas: o veículo internet será um negócio promissor? E a profissão jornalismo, ficará ameaçada? Foram muitos debates, discussões, pontos de vista e histórias contadas no II Fórum de Mídia Livre, que aconteceu entre os dias 4 e 6 de dezembro, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Vitória.

Nos dias do encontro, o que se conclui é que não há ainda respostas definitivas para as perguntas escritas acima. Fábio Malini, professor da Ufes, especialista em internet e novas mídias e um dos organizadores do Fórum, acredita que estamos em uma época de transição. “Sabemos que o modelo tradicional esgotou-se, mas ainda não  sabemos exatamente como será o próximo modelo”.

O jornalista e blogueiro, Luís Nassif, acredita que a guerra com a velha mídia acabou. “Dentro desse novo jogo, têm agências de informação e blogs no epicentro, recebendo e distribuindo informações. É outro patamar, que coloca em cheque, inclusive, o sistema político atual”, afirma Nassif. Ele acredita que o jogo que surge é o da transparência, “é um exercício permanente da tolerância e da democracia”.

O jornalista Altino Machado, responsável pelo blog Amazônia, contou como vem ganhando leitores realizando uma cobertura diferenciada da região amazônica. “Eu trabalhei em boa parte dos principais jornais do país, cobrindo a Amazônia. Sempre foi uma cobertura parcial e apressada, não por minha responsabilidade exatamente, mas porque é assim que os principais jornais do Sul do país cobrem a região”, conta ele.

Ele diz que, mesmo blogueiro, é famoso. Mas, é famoso para o bem e para o mal. A fama já rendeu a Altino desavenças e ameaças no Acre. “Eu sou da geração que, no movimento estudantil, rodava jornal em mimeógrafo e via um muro branco como a oportunidade de deixar ali publicado o meu recado. A internet é um imenso, enorme, muro em branco. Não há um Papa, não há uma verdade absoluta. A única certeza é que chegamos num ponto sem retorno”, afirma. Para Altino, a discussão apenas começou no II Fórum de Mídia Livre. “Foi uma oportunidade de encontrar gente que eu só conhecia por e-mail ou nas redes sociais. Aqui, pude olhar nos olhos, trocar experiências”.

O Fórum de Mídia Livre possui como objetivo não apenas fomentar discussões acerca do cenário midiático nacional; na verdade, se utiliza desse mecanismo como ferramenta para propor ações que promovam um diferencial na atual economia da informação.

Renato Rovai, da Revista Fórum, coordenou o GT Políticas de Fortalecimento da Mídia Livre, realizado na sexta-feira, 4/12. A idéia do GT é formular propostas de políticas públicas que possam fortalecer a atividade midialivrista no Brasil e empenhar esforço para efetivá-las junto ao governo. Contudo, mais do que isso, Rovai aponta para a formação de uma rede de solidariedade e proteção à blogosfera. E acrescenta: “é bom poder conhecer as pessoas que só conhecemos através de emails e ver como elas fazem para tocar suas próprias histórias. Acaba virando também um espaço para um ajudar o outro com ideias, apoio, incentivo e etc”.

Autonomia e dignidade: parece ser essa a busca desses midialivristas. Rovai contrapõe a forma como a comunicação é vista entre os midialivristas (desde rádios e tvs comunitárias a blogueiros solitários) e o mercado tradicional. O primeiro vê a comunicação como um direito, o segundo vê como business. Mas veja, conforme alerta Alex Galvão, da Ancine, é preciso estar atento à definições: “fazer parte da economia das mídias não é o mesmo que jogar conforme o mercado das mídias”.

Luiz Carlos, da Rede Abraço de Rádios Comunitárias, critica a sustentabilidade das mídias livres apenas através de editais e incentivos governamentais. Mas, para Rovai, o caminho é o da mudança no modelo de financiamento. Segundo Rovai, “esse modelo vai mudar para todos. O velho modelo do mercado de massa está fadado a morrer. Nossa meta é traçar estratégias para ocupar o espaço quando essa mudança ocorrer”.

Após as discussões dos Grupos de Trabalho (veja os temas e mais informações no site http://www.forumdemidialivre.org Link abrirá em uma nova janela ou aba.) foram elaboradas sugestões e diretrizes e discutidas em plenária. A idéia é levar as discussões para a Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), que acontece de 14 a 17 de dezembro, em Brasília.

A Envolverde recebeu o Prêmio Ponto de Mídia Livre (veja matéria no link http://leitorenvolverde.blogspot.com/2009/05/envolverde-recebe-o-premio-ponto-de.html Link abrirá em uma nova janela ou aba.), oferecido pelo Ministério da Cultura a iniciativas de comunicação que contribuem para a democratização da informação e do conhecimento em áreas sociais e ambientais. A jornalista Naná Prado foi à Vitória (ES) para cobrir o II Fórum de Mídia Livre, a convite do Ministério da Cultura.

(Envolverde, com informações dos sites Fórum de Mídia Livre e Congresso em Foco)

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Fonte de informação: Agência Envolverde Link abrirá em uma nova janela ou aba.

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