Relatório da Unesco revela que crise financeira pode afetar educação

Logotipo da UNESCO.

Por Karol Assunção *

A crise econômica mundial pode afetar os avanços da educação no mundo. Isso é o que afirma o Relatório de Monitoramento de Educação para

Todos 2010, intitulado “Alcançando os Marginalizados”, publicado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).De acordo com o relatório, milhões de crianças de países pobres correm o risco de não terem acesso à educação por conta da crise financeira. Isso porque a desaceleração do crescimento econômico, juntamente com o aumento da pobreza e das pressões que exercem sobre os orçamentos dos países, pode diminuir ou anular os avanços em educação alcançados na década passada.

“Enquanto os países ricos já estão criando as condições necessárias para sua recuperação econômica, muitos países pobres enfrentam a perspectiva imediata de uma recessão de seus sistemas educativos.”, afirma Irina Bokova, diretora-geral da Unesco.

Segundo o Relatório, em comparação com os anos 90, a educação na última década conseguiu grandes avanços. Exemplo disso é que, desde 1999, o número de crianças fora da escola em todo o mundo diminuiu em 33 milhões, ao mesmo tempo em que houve um aumento no número de pessoas que conseguiram terminar os estudos primários.

Nações da África e da Ásia foram destaques na área educativa nos últimos dez anos. Conforme o documento da Unesco, nos países da África Subsaariana, a escolarização aumentou cinco vezes mais rápido do que na década de 1990. Nas regiões da Ásia Meridional e Ocidental, o número de crianças sem escolarização diminuiu mais da metade devido ao incentivo à educação de meninas.

Apesar dos avanços, muitos países ainda estão longe de alcançar a meta “Educação Básica de Qualidade para Todos”, dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU), estabelecidas em 2000 por vários países. De acordo com o estudo, ainda há 72 milhões de crianças e 71 milhões de adolescentes em idade escolar sem frequentar a escola. A disparidade entre meninos e meninas também segue preocupante. Segundo o Relatório, as meninas representam 54% do total das crianças que não frequentam a escola.

Os progressos ainda não são favoráveis para a população adulta analfabeta. Conforme o documento, ainda existem 759 milhões de pessoas no mundo que não sabem ler nem escrever, dois terços delas são mulheres. Para os autores do Relatório, a perda de oportunidades na educação poderá gerar graves consequências, como a diminuição do crescimento econômico, da redução da pobreza e dos avanços no setor da saúde.

O Relatório destaca que muitos doadores não têm cumprido a promessa realizada em 2000, segundo a qual “nenhum país que se comprometesse seriamente com a Educação para Todos se veria frustrado por falta de recursos financeiros”. De acordo com o documento, as ajudas à educação básica – que se estagnaram desde 2004 -, diminuíram em mais de 20% em 2007.

Por conta disso, o Relatório chama a atenção do secretário-geral da ONU e pede que seja convocada uma conferência com o objetivo de discutir sobre a realidade da educação e de conseguir encontrar soluções para a falta de financiamento. Também solicita aos países ricos que aumentem a ajuda aos países mais pobres e pede aos governantes que se dediquem mais à luta contra as desigualdades e que promovam mais políticas de educação.

O Relatório está disponível em: http://www.unesco.org/en/efareport/reports/2010-marginalization/embargo-medi

* Jornalista da Adital
___________

Fonte: Adital

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *