Arte inclusiva e educação

Para que as pessoas com deficiência desenvolvam suas habilidades artísticas e os professores conheçam e explorem as potencialidades desses estudantes, a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) apoia o projeto “Perspectivas em Movimento” que terá lançamento em Salvador, no próximo dia 23 de março, com shows e apresentações artísticas, além da participação especial da cantora Juliana Ribeiro e do cantor e compositor Evangel Vale, às 17h, no Auditório Enilson Rocha Souza, na sede da CESE (Rua da Graça, 164. Graça). O projeto prevê a realização de oficinas de dança e teatro, gratuitas, para professores da rede pública de ensino e pessoas com deficiência. A duração é de seis meses e o início está previsto para o dia 05 de abril.

O projeto Perspectivas em Movimento foi aprovado no edital “Formação e Qualificação Artístico-Cultural”, da Fundação Cultural do Estado da Bahia e Secretaria de Cultura (SECULT), com recursos provenientes do Fundo de Cultura. A CESE apoia esta iniciativa cedendo espaço para a realização das oficinas. Para a CESE, é importante apoiar essa iniciativa pela discussão que ela propõe. “Este projeto nos leva a uma reflexão sobre a inclusão das pessoas com deficiência na rede pública de ensino não como uma dádiva, mas como um direito. E o que é muito bacana: inclui professores nesse processo. Para a CESE, que tem apoiado outras iniciativas no campo da acessibilidade, esse trabalho, que aproxima educadores e pessoas com deficiência através da linguagem, artística abre muitas outras possibilidades na luta pelo Direito à Cidade”, afirma Dimas Galvão.
Neste primeiro momento, o projeto Perspectivas em Movimento vai oferecer 64 vagas para oficinas de dança e teatro (32 para pessoas com deficiência e 32 para professores interessados em se especializar). As aulas acontecem de segunda a quinta, das 9h às 13h, com a condução do professor e diretor de teatro Walter Rozadilla e o acompanhamento de Ana Rita Ferraz, psicoterapeuta e doutoranda em Educação e Contemporaneidade pela Universidade Estadual da Bahia (Uneb). Para se inscrever, as pessoas com deficiência devem ser maior de 16 anos e ter alguma habilidade no campo das artes. Já os professores devem pertencer à rede púbica, participar de algum programa de inclusão e ter disposição para vivências artísticas.
Ninfa Cunha, que juntamente com Ana Rita Ferraz idealizou o projeto, acredita que as oficinas serão espaços importantes de troca de experiências e de “autocriação” para os participantes, o que contribuirá para a defesa dos direitos dessas pessoas e para qualificar a educação com foco para a arte inclusiva. “A oferta de cursos técnicos na área de artes ainda é muito escassa, principalmente, nesta perspectiva, inclusiva. Por isso, esse projeto representa é uma vitória para todas as pessoas com deficiência”, declara ela que também acredita no curso como um estímulo para que mais gente lute por acessibilidade em espaços culturais e exerça sua cidadania ao exigir remuneração pelo trabalho realizado.
Ninfa relembra o depoimento de uma mãe no II Congresso Baiano de Educação Especial, quando declarou que sua filha fingia que aprendia e o professor fingia que ensinava. “Esse curso é uma vitória para a educação pública inclusiva também. A gente percebe que o professor ainda está pouco familiarizado com a deficiência. O entendimento geral ainda é conceitual e distante. Por isso, em alguns momentos da oficina ele vai estar neste lugar, para que perceba a deficiência com outros olhos”, declara Ninfa, que torce para que o desdobramento do curso tenha impacto na cultura escolar e na dinâmica da sala de aula.
Um exemplo de superação
Ninfa Cunha que integra a equipe de funcionários da CESE, além de ser graduada em Comunicação Social, dança em cadeira de rodas e atua à frente do grupo RodArt (Companhia de Dança Inclusiva). Durante 10 anos, ela trabalhou sem o suporte técnico necessário que lhe garantisse formação profissional para a realização de seus espetáculos. Por muito tempo, contou unicamente com seu próprio talento e perseverança e o suporte de algumas poucas pessoas, a exemplo do dançarino Déo Carvalho, seu companheiro de performance. Hoje, demonstra sua superação ao idealizar um curso que, certamente, favorecerá outras pessoas com deficiência.
“Eu acredito que comunicar com o meu corpo é a minha maneira de fazer comunicação social. É o instrumento que eu achei para lutar pelos meus direitos”, declara Ninfa.
Além da CESE, que cede o espaço para a realização das oficinas, o “Perspectivas em Movimento” conta também com o apoio de parceiros sensíveis a essa luta: as pessoas com deficiência do grupo RodArt, o Instituto Anísio Teixeira (IAT), a Secretaria da Educação do Estado da Bahia, a Sala do Coro do Teatro Castro Alves, Associação Baiana de Cegos (ABC), Acesso e Reintegração à Comunicação, Cultura e Arte (ARCCA), Centro de Vida Independente (CVI) e Associação Especializada Françoise de Laval.

Para mais informações escreva para perspectivasemmovimento@gmail.com ou ligue (71) 8744-2378 / (71) 2104-5481.]
___________

Fonte: CESE

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *