Fábio Massalli
massalli@odiariomaringa.com.br
Superação pelo barro
De certa forma, a exposição “Arte e Transcedência” é uma continuidade da Mostra de Esculturas Arte e Neuroplasticidade, que a precedeu no Museu da Bacia do Paraná. As duas trazem obras em argila, são resultado do trabalho de artistas que fizeram parte do ateliê Arte e Neuroplasticidade , mostram a evolução do artista ao longo de sua trajetória e trazem obras de Edvan Dias de Souza.No caso da mostra anterior, que terminou no dia 16 de abril, havia apenas uma escultura de Edvan. Agora, o artista plástico maringaense tem 20 obras de diversas fases da carreira em uma exposição individual.Edvan tem paralisia cerebral e começou a fazer escultura em argila em 2000, aos 27 anos. A mostra traz duas obras dessa primeira fase do artista, dois utensílios geométricos.“Pela metodologia, o Edvan começou a fazer figuras geométricas antes de poder passar a fazer procedimentos com arte. Ele fazia parte de uma proposta de pesquisa científica sobre o uso da argila no desenvolvimento psicomotor, pois o Edvan tinha muita dificuldade motora. Não sabíamos que a gente iria descobrir um artista”, diz Valmir Batista, coordenador do projeto Arte e Neuroplasticidade.A partir de 2003, as obras de Edvan tiveram um desenvolvimento artístico bastante aprimorado. Desde então, Edvan já foi selecionado para a Mostra Paranaense de Artes Visuais da Região Norte – promovida pela Secretaria de Estado da Cultura – e ficou entre os três primeiros classificados no prêmio Sentidos deste ano na categoria Gente como a Gente. “Eu não esperava me desenvolver tanto. No início era uma terapia”, diz Edvan.
“Eu sempre gostei de trabalhar com arte e formas mais abstratas. Também gosto muito das formas geométricas. São elementos que estão sempre presente no meu trabalho”. A mostra traz obras de 2000 a 2009 e mostra a diversidade e a evolução de Edvan enquanto artista, superando a sua paralisia cerebral. “Eu sempre procuro fazer um trabalho diferente”, diz.
Edvan, além de produzir e vender suas obras, dá aula de escultura em argila no ateliê Arte e Neuroplasticidade, que funciona às segundas e quartas das 14 às 17 horas, no bloco 006 da UEM e tem patrocínio da Barigui Financeira.
Para ver de parto
“Arte e transcedência”.
Até 30 de abril no Museu da Bacia do Paraná (ao lado da Reitoria da UEM). De segunda a sexta, das 8 às 11 horas e das 13 às 17 horas.
Entrada franca.
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Pela segunda vez, Edvan Dias de Souza concorreu no Prêmio Sentidos, um prêmio nacional que tem como objetivo reconhecer e valorizar o talento e a capacidade das pessoas com deficiência de superar limites.Na primeira edição do prêmio, em 2007, ele concorreu na categoria Artes e ficou entre os dez primeiros. Agora, na categoria Gente como a Gente, ficou entre os três finalistas e voltou para casa com uma placa comemorativa de sua conquista. A vencedora em sua categoria foi Ísis Maria de Almeida Ramos, de Campinas (SP), portadora de artrogripose múltipla congênita.O Prêmio Sentidos é fruto de uma parceria firmada entre a Associação de Valorização e Promoção do Excepcional (Avape), revista Sentidos e Rede Record de Rádio e Televisão. Tem como objetivo reconhecer talentos, realizações, divulgar e premiar histórias de vida marcadas pela superação. O concurso tem seis categorias: Talentos Especiais em Artes, em Esportes e em Literatura; Gente como a Gente; Menção Honrosa – Empresas e Terceiro Setor.O prêmio Sentidos 2010 foi entregue no dia 30 de março e Edvan disse que estava feliz pela conquista, pois representa um reconhecimento pelo trabalho que ele realiza em Maringá, usando a arte como instrumento de intervenção social.______________________
Fonte: O Diário de Maringá