Pesquisadores debatem gênero, raça e homofobia

“Uma discussão tão necessária e tão ausente dos meios acadêmicos”. Assim a professora pesquisadora, Vera Lúcia Bertoline, abriu a mesa-redonda sobre “Gênero, raça e homofobia: um olhar sobre a diversidade na perspectiva dos direitos humanos “, no III Seminário de Extensão Universitária da Região Centro-Oeste (III Serex) realizado na UFMT, em Cuiabá. A discussão do tema contou também com a participação do professor Lula Ramires, do Fórum Paulista LGBT, e da professora pesquisadora Maria Lúcia Rodrigues Müller, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Vera Bertoline participa do Núcleo Interinstitucional de Estudos da Violência e Cidadania (NIECVI) e do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Organização da Mulher (Nuepom) da UFMT. Para a pesquisadora, o que interesse às mulheres é a revisão das relações que criam e continuam desenvolvendo a subordinação aos homens. Essa relação passa pelas estruturas de classes, de gênero e étnico-raciais. E o gênero é um elemento constitutivo de relações sociais alicerçadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos, e um dos modos de dar significado às relações de poder.

Lula Ramires discutiu o tema “Diversidade sexual na escola – da homofobia à cidadania LGBT”. Ele considerou importante levar para a universidade um olhar dos movimentos sociais. Explicou que o Fórum Paulista LGBT é uma rede de entidades que combatem a homofobia e defendem o reconhecimento social, jurídico e político de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais por meio da mobilização da sociedade civil organizada e da proposição de políticas públicas exercendo o controle social da mesma.

Para ele, homofobia são formas de inferiorização, de tratamento discriminatório e resulta da hierarquia de gênero e da sexualidade. “A diferença é transformada em desigualdade, negação de direitos e exclusão social”, define. Já a heteronormatividade são formas de controle social que oprime a todos.

Ele fala da gradação da homofobia que vai da chacota, difamação, discriminação, agressão física e até o extermínio. A homofobia, explica ele, é invisível, cotidiana e disseminada. Por isso, deve ser questionada nas atitudes, nos comportamentos, nas idéias, nas imagens e nos argumentos, nas instituições, dentre outros aspectos.

A professora Maria Lúcia Müller também reforça a importância de trazer essa discussão para academia, pois os “estudantes são o sal da terra” e poderão fazer os diferentes caminhos da nossa sociedade. Reconhece que as desigualdades na educação brasileira são grandes. O sucesso escolar ainda está relacionado à cor da pele branca ou negra. Essas diferenças persistem entre esses dois grupos raciais. “A sociedade em que vivemos é heterofóbica. Tem dificuldade de lidar com as diferenças”, afirma.

Fonte: Gazeta Digital

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