Best-seller mundial sobre autismo chega ao Brasil

Iara Filardi

O autismo afeta cerca 70 milhões de pessoas em todo o mundo e é um espectro de um distúrbio amplo o bastante para incluir tanto um portador de grave retardo mental, incapaz de falar, quanto um matemático ou físico inteligentíssimo, mas socialmente isolado.

Pesquisadores do mundo todo já sugerem que não existe um tipo único de autismo, mas vários distúrbios distintos, talvez definíveis não por seus diferentes sintomas, mas pelos genes envolvidos.

Em “Autismo, um mundo obscuro e conturbado” – lançamento da Editora Larousse do Brasil – o antropólogo e cientista social Roy Richard Grinker fala da forma como a cultura afeta a visão popular sobre o autismo, analisa o distúrbio como fenômeno global, o observa não apenas como um distúrbio biológico, mas como um grupo de sintomas que se tornam expressivos em determinados lugares e ainda revela como a imprensa distorceu a terminologia e deturpou as estatísticas para criar um mito perigoso.

Desde 1994, quando a filha de Grinker – Isabel – nasceu ele estuda o autismo e sua evolução. Segundo ele, se sua filha tivesse nascido apenas dez anos mais tarde, ele e sua esposa não teriam se sentido tão desamparados, devido às poucas informações disponíveis sobre o assunto. Na época, jornais e revistas raramente abordavam o autismo, e quando o faziam costumavam falar de pessoas atípicas, “gênios” com talentos milagrosos como alguém que encontra um erro nos cálculos de Isaac Newton.

“Autismo, um mundo obscuro e conturbado” mergulha o leitor em diversas culturas e mostra como o autismo é visto em cada uma delas. Para o autor é a cultura que identifica algo anormal no indivíduo, lhe dá um nome e toma alguma atitude. Na África central, por exemplo, quando uma criança parava de falar ou fazer contato visual e tinha ataques epiléticos, seus pais presumiam que os ancestrais da família estavam possuindo a criança, a medicavam e mandavam para uma aldeia distante, onde não pudesse manter contato com nenhum parente.

Durante anos, e em todo o mundo, atitudes como esta eram tomadas, milhares de pessoas tratavam seus filhos em curandeiros, acreditavam em possessões, maldições e muitos os internavam em sanatórios, tratando o distúrbio como esquizofrenia e ministrando medicamentos equivocados que só pioravam a situação do paciente e da família.

Na primeira parte de “Autismo, um mundo obscuro e conturbado”, o autor descreve o complexo processo pelo qual o autismo tornou-se um distúrbio amplamente diagnosticado nos Estados Unidos e apresenta uma análise das estatísticas sobre o distúrbio. Na segunda parte, o leitor viaja por uma série de países diferentes África do sul, Índia, Coreia do Norte, etc . para descobrir se o autismo atualmente também é visível no resto do mundo e para constatar se o estudo comparativo do distúrbio em várias culturas pode esclarecer sobre a experiência pessoal de cada um e oferecer novas interpretações da doença.

“Autismo, um mundo obscuro e conturbado” é um best-seller mundial e tem uma narrativa íntima e emocionante sobre a experiência pessoal de Roy Richard Grinker com sua filha Isabel e analisa de que forma os avanços na psiquiatria infantil e as atitudes culturais mudaram a imagem dos autistas.

Sobre o autor:

Roy Richard Grinker é professor de Antropologia e Ciências Humanas e diretor do Instituto de Pesquisa Etnográfica na Universidade George Washington. Ele é autor de quatro livros, todos inéditos no Brasil, incluindo o aclamado In The Arms of Africa: The Life of Colin M. Turubull. Grinker apresenta várias palestras para pais e profissionais envolvidos com o autismo.
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Fonte:
Rede Saci

2 Comments

  1. Sou mãe de um rapaz autista, Gabriel, e pretendo comprar esse livro, mas não vejo o mundo do meu filho como conturbado ou obscuro, vejo como uma forma diferente de ver e participar do mundo, meu filho através de programas adequados, e direcionamento tem se adequado as situações ao seu redor. Ele tem vinte e um anos, e uma alma de criança. Adora musica, filmes, e cantar…
    Paz e luz
    Liê e Gabi autista

  2. Concordo plenamente que a condição de ser autista seja de um mundo conturbado e obscuro, uma incognita que os homens estão muito distantes de decifrar ou jamais poderão abraçar.
    Sou mãe de um rapaz “autista” de 24 anos, Mário.
    Meu filho é um “adulto” as vezes, mas sempre com alma de criança. Adora musica, videos clipes, cantar, nadar, mas nao se adequa as situações ao seu redor, muito impaciente, por ter uma comunicação “truncada” nem sempre é entendido.
    Helcia Dourado – Brasília/DF

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