Oliver Stone e seu road movie político

Sem se prestar atenção ao título não se entende o filme. Ao Sul da Fronteira é um documentário dirigido por um norte-americano descrente de que o mundo civilizado começa e acaba em seu país. Há vida ao Sul e é nele que Oliver Stone vai encontrar o que, em sua visão, seria uma série notável de governos que se recusam a seguir a cartilha de Washington – a Venezuela de Chávez, a Argentina dos Kirchner, o Brasil de Lula, o Paraguai de Fernando Lugo, o Equador de Rafael Correa e, de maneira um tanto lateral, a Cuba de Raúl Castro. Governos de centro-esquerda, ou de esquerda. É neles que Stone encontra o sal da terra.

À sua maneira, Ao Sul da Fronteira é, também, um filme sobre a fabricação de estereótipos. As primeiras imagens são de uma apresentadora de TV de uma conhecida rede de televisão americana, dizendo, histericamente, que aqueles ditadores eram todos viciados em “cacau” (sic). Um dos seus colegas sugere que ela estaria confundindo cacau com cocaína. E ela responde que é tudo mais ou menos a mesma coisa. O processo de demonização toma um viés caricato. Mas, de qualquer forma, com mais ou menos grosseria, é típico de um tipo de mídia provocar reações emocionais ao invés de reflexão; reforçar preconceitos em lugar de discutir ideias. O mundo das comunicações, tornado histérico por seu casamento com o show biz, é esse primeiro alvo de Stone – e ficará em contraluz quando o diretor construir o seu próprio discurso ideológico.

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Leia íntegra da resenha no Estadão.

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