Programa de DST/Aids do Estado de São Paulo cria grupo de trabalho sobre HIV e deficiê ncia

Terminou  na última  quinta-feira o seminário Ações e reflexões sobre aids e deficiência: diferentes vozes. O evento, promovido pelo Instituto Amankay, debateu sexualidade e mostrou ideias sobre prevenção para as pessoas com deficiência. O públicos-alvo do projeto foram ativistas, gestores e profissionais de saúde. “Estamos atrasados, o diálogo sobre esses temas deveria ter começado há muito tempo”, disse o técnico do Programa Estadual de DST/Aids (PE) de São Paulo Robson Zamboni.

No mês passado, o PE iniciou um grupo de trabalho sobre HIV/aids e deficiências. A ideia é que os participantes estudem e proponham meios para abordar a sexualidade e prevenção das DSTs neste público. Por enquanto, estão nessa iniciativa as ONGs Hipupiara, de São Vicente, e o Instituto Amankay, de São Paulo, mas a participação é aberta para mais instituições.

Na opinião da ativista e deficiente visual Dora Simões, membro da Associação Brasileira de Inclusão, o atraso na discussão do tema ocorre porque a sociedade não entende que pessoas com deficiência têm sexualidade. “Somos tratados como seres iluminados, assexuados. Este é o grande problema, as famílias não debatem o assunto com os portadores de deficiência, é um tabu que gera a falta de informação nestas pessoas”, explicou.

Segundo os participantes do seminário, algumas vezes esta população específica é também alvo de piadas. O deficiente visual André Resende Marques, por exemplo, tem dois filhos e já passou por três casamentos. “Ouço até hoje de algumas pessoas a seguinte expressão: ´olha, o cego faz sexo, tem filhos´. É como se meu histórico de vida fosse incompatível com minha condição.”, disse. Na opinião dele, só é possível falar sobre prevenção e sexualidade quando o tema sexo deixar de ser um tabu para as famílias.

Acessibilidade

Além do preconceito, os portadores de deficiência física ou intelectual não conseguem obter informações sobre sexualidade da mesma forma que a população geral. “As campanhas na TV sobre sexualidade ou prevenção são rápidas demais, as legendas muito pequenas e o intérprete de libras fica num retângulo minúsculo demais, quase impossível de enxergar”, criticou o deficiente auditivo Rogério Lamana.

A portadora de síndrome de down Beatriz Paiva, 33 anos, diz que as pessoas discutem acessibilidade para portadores de deficiência física, mas esquecem a intelectual. “É muito difícil para nós conseguirmos acompanhar uma palestra nos principais eventos, todos falam rápido demais e quase não usam imagens ou fotos. Nosso ritmo de raciocínio é diferente”, comentou.

Ela faz parte da ONG Carpe Diem e desenvolve com a organização um manual de acessibilidade. A ideia é fornecer dicas para organizadores de eventos, incluindo os de sexualidade ou prevenção, sobre como abordar os assuntos de forma que todos possam acompanhar as palestras. Por enquanto, a organização busca patrocinadores para a iniciativa.

Beatriz pede ainda aos idealizadores de projetos sobre sexualidade e prevenção nessa população específica não forneçam apenas informações, mas permitam que as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência participem da elaboração de propostas.

Rodrigo Vasconcellos

Dica de Entrevista

Instituto Amankay
www.amankay.org.br
E-mail: amankay@amankay.org.br

ONG Carpe Diem
Tel.: (0XX11) 5093-1888
Site: www.carpediem.org.br

Programa Estadual de DST/Aids
Assessoria de Imprensa
Tel.: (0XX11) 5087-9835
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Fonte: Agência de Notícias da AIDS

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