Sindicatos da Educação do Rio de Janeiro debatem bullying

Nota da Inclusive: mesmo que pareça estranho, o bullying no ambiente escolar, principalmente na rede privada, vitimza tanto alunos quanto professores.

Por Claudia Santiago *

Jornais estão procurando sindicatos de professores em busca de mestres que sejam vítimas de bullying por parte dos alunos através de redes sociais na internet: orkut, twitter, facebook. Tarefa difícil. Nem mesmo os que são vítimas do problema pretendem se expor em entrevistas. Bullying é uma palavra de língua inglesa que significa causar sofrimento psíquico a alguém com agressão, chacotas, discriminação.

Os sindicatos ainda não sabem muito bem como lidar com o problema. Ou seja, como socorrer os professores sem entrar num discurso reacionário. Na opinião de Afonso Celso, professor de matemática e diretor do Sinpro-Rio, as relações entre professor e aluno estão contagiadas por uma sociedade que exclui a maioria de sua população e garante todos os direitos a uma pequena parcela. É isso que deixa professores vulneráveis frente a alunos e pais que reagem com brutalidade quando a nota não agrada, por exemplo.

Para o professor, as dificuldades não são de responsabilidade dos alunos, mas sim do completo descaso com a educação. “Nas escolas particulares a educação é tratada como mercadoria. O professor é encarado como um vendedor de diploma. A escola quer vender e o aluno quer comprar. Há escolas que já falam do aluno como um cliente. As famílias por estarem pagando não admitem que o filho seja reprovado. O professor é visto como aquele que vai dar prejuízo.”

Nas escolas públicas a lógica é outra, mas tão perversa quanto a primeira. O aluno tem que passar rápido pela escola, não pode ficar reprovado e não importa se aprendeu ou não. Interessa que ele saia logo porque outros querem entrar e não há vagas para todo mundo.

Com um quadro destes, como jogar sobre a infância e a juventude a responsabilidade por relações conflituosas? O debate está na ordem do dia e os sindicatos dos trabalhadores da educação estão no olho do furacão.

* Claudia Santiago é jornalista sindical há mais de 20 anos. Autora do livro “Comunicação Sindical: a arte de falar para milhões” e do caderno “Como fazer análise de conjuntura”. É editora do BoletimNPC e do jornal carioca Vozes das Comunidades. E-mail: santiagoclaudia@terra.com.br

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Fonte: Porto Gente

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