Fonte: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1348062&idCanal=57
We Adapt diferenciou-se com um negócio que faz a diferença
Negócio de vestuário para deficientes vence Prémio Start 2008
30.10.2008 – 08h52 Ana Rita Faria
Quando falou ao PÚBLICO antes da cerimónia final do Prémio Nacional de Empreendedorismo Start, Miguel Ângelo Carvalho estava tudo menos convencido de que a sua ideia de desenvolver e comercializar on-line vestuário e acessórios para pessoas com necessidades especiais seria a vencedora.
Havia, contudo, uma certeza nas palavras do engenheiro têxtil de 39 anos: “Quer ganhemos quer não, isto vai para a frente”. Ontem à noite, receberam um ’empurrão’, ao ganhar o Prémio Start de melhor projecto empresarial. Traduzindo em cifras, são 50 mil euros, a incorporar no capital social da empresa.
Ao querer fazer a diferença “contribuindo para a inclusão de pessoas com necessidades especiais”, a We Adapt contrariou a tendência dominante dos projectos científico-tecnológicos no concurso organizado pela Universidade Nova de Lisboa, BPI e Optimus. Afinal, estes projectos não só costumam estar em maioria (este ano representavam 21,5 por cento das 500 candidaturas) como conquistaram o primeiro lugar nas duas edições anteriores, com a Food Metric e a Stemmatters.
A história da We Adapt começou quando Miguel Carvalho, professor na Universidade do Minho, foi desafiado por uma aluna romena para ser seu orientador numa tese sobre vestuário para deficientes. A ideia acabou por o conquistar e reuniu uma equipa de mais quatro pessoas, com proveniências tão diversas como a indústria têxtil, engenharia de polímeros, electrónica, mecânica, física e psicologia. Após três anos de estudos, a We Adapt conseguiu sair do papel e tem em andamento a sua primeira colecção de roupa para pessoas com necessidades especiais.
Com a vitória no Prémio Start, “os custos da primeira colecção ficam quase cobertos”, realça Miguel Ângelo, afastando a necessidade de a empresa recorrer, pelo menos para já, a crédito bancário. Em Janeiro ou Fevereiro do próximo ano, a We Adapt vai fazer um desfile para apresentar a sua colecção de 38 peças ao público português, mas, em 2010, quer já ter à venda têxteis electrónicos para reabilitação, monitorização dos sinais vitais e electroestimulação muscular.
Recorrendo à Internet para as vendas e aos correios para a distribuição, a We Adapt está a canalizar os seus esforços para entrar no mercado norte-americano – uma estreia que conta já com o apoio do programa UTEN (University Tecnhonoly Enterprise Network) e da Cisco Systems. Apesar de querer actuar num mercado de nicho, a We Adapt vê no sector um potencial enorme. Basta olhar para os números: dez por cento da população mundial tem necessidades especiais. Requerendo um investimento de 180 mil euros, a We Adapt espera resultados positivos de 1,6 milhões no terceiro ano de actividade.