Situação de insegurança alimentar é mais grave para negros

Inclusive - Diferente - símbolo matemático da diferença. Dois traços paralelos cortados na diagonal por outro traço.

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada hoje (25) mostra que os negros (pretos e pardos) têm mais dificuldade de acesso a alimentos de qualidade e em quantidades suficientes do que os brancos. O percentual de insegurança alimentar entre eles é quase o dobro em relação ao da população branca.

Do total de 97,8 milhões de negros no país, 43,4%, convivem com algum grau de insegurança alimentar em 2009, sendo que 18,6% vivenciam a situação mais grave, de privação de comida. O percentual é seis vezes maior do que o de brancos na mesma situação: 3%. Entre esses, 24,6% estão em algum nível de insegurança alimentar.

Segundo a pesquisa, o fato de os negros estarem em maior número entre a população com restrições alimentares pode estar relacionado ao rendimento, pois pertencem à parcela mais pobre da população. O documento mostra que 55% dos domicílios com renda de até meio salário mínimo não dispunham de alimentos de qualidade e em quantidade suficientes.

Para a presidente da Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos (Abrandh), Marília Leão, outras “desigualdades históricas” também podem explicar a diferença entre brancos e negros. “Observamos que entre povos indígenas e comunidades tradicionais há muita desigualdade se comparada com os brancos. Em relação aos negros é a mesma coisa. Por isso, as ações afirmativas são tão importantes no sentido de essas desigualdade não existirem mais.”

A prevalência de situação de insegurança alimentar moderada (restrição de alimento nos três meses anteriores a pesquisa) também é maior entre as famílias chefiadas por mulheres (10,2%). No caso de domicílios com a pessoa de referência do sexo masculino era de 14,2%. A diferença se acentua no caso de famílias com jovens até 18 anos.

Feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), o suplemento do IBGE ainda mostra que em 2009, 8,1% das pessoas até 17 anos não têm alimentação de qualidade e entre a população com mais de 65 anos, a proporção é de 3,6%.

Edição: Talita Cavalcante

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Fonte: Agência Brasil

One Comment

  1. É apenas a ponta do iceberg.
    Não se trata apenas da cutis, mas sim da maneira como é estruturado o sistema sócio-econômico do nosso país.
    Somos considerados lá fora o “celeiro do mundo”, embora grande parte da população viva em situação de insegurança alimentar.
    Como um país que quer crescer se organiza dessa forma? Pensar pequeno é deixar de realizar reformas imprescindíveis para a distribuição de renda.
    Essas mudanças devem ser promovidas por nós eleitores..nós q detemos o poder ..quando fica a mercê dos usurpadores, o Brasil descrece..

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