Salvador – A nova ministra da Secretaria Especial de Políticas da Igualdade Racial (SEPPIR), socióloga Luiza Bairros, 57 anos, defendeu, em sua primeira entrevista desde que foi indicada pela presidente eleita Dilma Rousseff, a adoção de cotas para negros nas Universidades, e disse que a melhor estratégia é condicionar que as verbas sejam liberadas na medida em que as universidades adotem planos de democratização do acesso.
“É comum em países como os EUA que as universidades só tenham acesso a determinadas verbas federais se adotarem um plano de democratização do acesso. Não é assim, sim ou não, dá ou desce. Existem formas que o próprio Estado pode adotar para criar estímulos”, disse Bairros, em entrevista a repórter Johanna Nublat, da Folha de S. Paulo.
Anteriormente, a Afropress havia pedido entrevista a nova ministra, há cerca de 15 dias, quando seu nome começou a ser cogitado. Posteriormente, o pedido foi reiterado, nesta quinta-feira (23/12), por telefone, a sua assessora de comunicação na Secretaria Especial de Igualdade da Bahia (SEPROMI) da Bahia, Camilla França. As perguntas foram enviadas por e-mail e a assessora ficou de dar retorno, o que não aconteceu.
Na entrevista à Folha, a nova ministra da SEPPIR considerou que a coisa mais importante que precisa ser feita é a erradicação da miséria. “A Secretaria deve ressaltar o fato de que, no Brasil, a maioria das pessoas em situação de pobreza e miséria é negra”, afirmou.
Para enfrentar essa agenda, acrescentou que “as medidas devem ser coordenadas e articuladas. “A questão da educação é extremamente importante, porque temos uma evasão escolar bastante grande, o que é particularmente grave na população negra. Também a saúde. De novo, entre os negros é que se registram mortes mais precoces e em maior número”, ressaltou.
Estatuto
Com relação ao Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.228/2010), ela disse que “o Estado gerou no movimento negro uma expectativa alta”, mas que “na discussão no Congresso, foi perdendo aspectos considerados fundamentais pelo movimento, como a questão das cotas”.
“Boa parte da insatisfação se deve à percepção de que foi retirado um instrumento eficiente na redução das desigualdades raciais. Agora, deve ser ressaltado que, no ensino universitário, as cotas foram implantadas independente de legislação”, frisou.
Com relação a impositividade das medidas, Bairros afirmou que “qualquer pessoa negra desejaria que todas as instituições adotassem um tipo de medida para fazer face a uma coisa real, que são diferenças na inserção social, política, econômica entre brancos e negros, independente da questão da pobreza”.
Falando já como ministra, com o cuidado nas palavras, ela evitou responder diretamente se é a favor da imposição de cotas para negros.
“A imposição é dada pelas mudanças que a sociedade vai provocando nos valores. Chega num ponto em que a sociedade muda tanto que as instituições são obrigadas a mudar com ela. Elas têm de ser, em algum nível levadas a isso. Há várias formas possíveis, usadas em outros países, que podemos estudar num futuro próximo. Por exemplo, oferecendo incentivos para que universidades ou outras instituições adotem essa medida”, finalizou.
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Fonte: Afropress
O ^conserto^ de um estado de discriminação que se arrasta durante muitas gerações, como é o caso de nosso país, deve ser pensado numa mudança totalmente estrutural globalizada, e não apenas, localizada. Ora o simples fato da pessoa passar numa faculdade não lhe garante a conclusão. As necessidades de manutenção, não são apenas finaceiras e economicas, mas passa também por questões sociais. A simples questão de que com cotas raciais resolve-se o problema é muito infantil. As necessidades da pessoa não se restringe a um diploma universitário. E para conseguir este diploma, um estudo, um conhecimento, necessita-se de muito fósforo, isto é, uma alimentação que se inicia na maternidade, passa pela juventude, e acompanha o indivíduo até os estudos finais. Esta política assistencialista deve acompanhar o indivíduo durante todo o seu desenvolvimento e não apenas durante um curso universitário onde a pessoa será com certeza discriminada por ter tirado vaga de outras que se julgam mais capacitadas ou ser vítima de sua própria condição, que não permite se desenvolver na disciplina escolhida. A ação deve ser desenvolvida na integralidade da pessoa humana, não apenas nas questões raciais mas principalmente nas questões sociais. Adotar a manutenção da vida, desde antes da concepção, com o planejamento familiar, até o seu fim natural, sempre protegida e assistida em todos os seus momentos.Aí sim estaremos entrando num estado de igualdade entre nossos cidadãos.
Acho a lei de cotas para negros uma vergonha, justamente por criar o efeito contrário. Se a intenção é de “igualdade”, isso significa que todos somos iguais e temos as mesmas condições. Mas a nova ministra pensa que negro não tem condições de ser aprovado em um vestibular, ou seja, ele é menos inteligente. O certo seria cotas para adolescentes que não têm acesso a cursinhos pagos (sejam eles brancos ou negros), ou estudam nas escolas públicas (isso porque o governo não investe em educação). Ou seja, se um negro tiver condições financeiras ou culturais de estudo igual ao branco, ele terá as mesmas chances que um branco, pois a cor da pele não determina grau de inteligência. Então, nosso país está equivocado. Ao invés de “tapar o sol com a peneira”, seria melhor investir em um ensino público de qualidade. Ao invés de dar o “peixe” vamos ensinar a “pescar” com dignidade.
As desvantagens para o negro no Brasil se dão de forma cíclica, ou seja, o ponto de partida mostra desvantagem (heranças históricas), e o acúmulo de desvantagens permanecerão: falta de oportunidade de estudo, de trabalho, de espaço social etc. A ministra não pensa que negro não passa em vestibular!!!!!!!!!!!! Lógico que o negro é tão competente quanto um branco. É uma forma de apressar o passo na luta pelo fim das desvantagens sofridas pelo negro no Brasil. Parabéns pela postura, Ministra!