O papel do professor hospitalar

Menino com duas pernas engessadas lê livro ao lado de professora
Menino com duas pernas engessadas lê livro ao lado de professora

Os acadêmicos do curso de Pedagogia acompanharam no dia 28 de outubro, nos períodos matutino e noturno, a palestra Pedagogia no Contexto Hospitalar, ministrada pela professora Ingrid Lapa De Camillis Gil, doutora em Psicologia e professora hospitalar da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação.

Durante a palestra, Ingrid Camillis falou sobre a composição da equipe que trabalha com pacientes do hospital: psicólogos, pedagogos, nutricionistas, médicos, entre outros profissionais que trabalham em conjunto para a reabilitação dos pacientes.

“O pedagogo, como qualquer outro profissional na área de reabilitação, agrega conhecimento para a equipe. Ele utiliza esses conhecimentos, instrumentos de trabalho e perspectivas para ampliar as possibilidades na reabilitação dos pacientes”, disse Ingrid.

A palestrante também discorreu sobre a contribuição do pedagogo no ambiente hospitalar. Entre os pontos destacados estão: avaliar e intervir nos processos de desenvolvimento e aprendizagem, promover a inclusão ou reinclusão do paciente no meio escolar, profissional e social, criar estratégias ou recursos alternativos para a educação e reeducação dos pacientes e realizar orientações ao paciente, à família e à escola ou trabalho.

Dando continuidade, Ingrid Camillis fez um breve histórico sobre como é encarada a deficiência em nossa sociedade: desde os povos antigos, quando os portadores de deficiência eram abandonados, excluídos e até exterminados por serem considerados “anormais”; passando pela Idade Média, quando, por meio do Cristianismo, os deficientes são considerados seres com alma até à Idade Moderna, quando a deficiência começou a ser objeto de pesquisa graças às evoluções da medicina.

Ingrid Camillis também falou sobre o histórico educacional, em relação às pessoas portadoras de deficiência: os deficientes eram considerados indignos a educação, eram ignorados, rejeitados, internados em manicômios e até presos. Em 1960 essa realidade começa a mudar no Brasil, com a implementação de políticas para a educação especial. Mais ainda assim, o modelo de educação especial implementado nessa época beneficiava mais a sociedade do que o próprio indivíduo portador de deficiência.

Já no século XX a deficiência passa a ser entendida como um desenvolvimento diferente e não “deficiente”. Nos dias atuais, iniciou-se a ideia de que a escola deve-se adaptar às peculiaridades dos alunos, e não o contrário. Além disso, o conceito de educação inclusiva se amplia com a integração entre a escola especial e a educação geral.

A professora hospitalar também falou sobre como devemos lidar com a questão da deficiência. Ingrid Camillis cita que o primeiro passo é reconhecer as dificuldades das pessoas, refletir e compartilhar dúvidas, construir em conjunto atitudes e comportamentos que ampliem as possibilidades de inclusão dos portadores de deficiência e buscar apoio para enfrentar os desafios.

Após as exposições da palestrante, foi aberto espaço para perguntas. Um dos questionamentos mais interessantes foi do professor do curso de Pedagogia, Messias Ramos Costa, que é portador de deficiência auditiva. Messias Costa questionou, por meio de uma tradutora, se existe um tradutor de Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, na Rede Sarah. A palestrante respondeu que no momento não existe um tradutor na rede de Brasília. Messias Costa disse que é importante ter um profissional nessa área, pois os surdos muitas vezes não são entendidos e não conseguem se comunicar, por falta de profissionais especializados na rede de saúde.

Para encerrar, Ingrid Camillis leu um poema, sugerido pela acadêmica Mykaella Soares, que estava presente na palestra, do aluno Alexandre Lemos, da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, de 28 anos, com idade mental de 15 anos. Abaixo o poema na íntegra:

ILUSÕES DO AMANHÃ

‘Por que eu vivo procurando um motivo de viver,
Se a vida às vezes parece de mim esquecer?

Procuro em todas, mas todas não são você.
Eu quero apenas viver, se não for para mim, que seja pra você.

Mas às vezes você parece me ignorar,
Sem nem ao menos me olhar,
Me machucando pra valer.

Atrás dos meus sonhos eu vou correr.
Eu vou me achar, pra mais tarde em você me perder.
Se a vida dá presente pra cada um, o meu, cadê?

Será que esse mundo tem jeito?
Esse mundo cheio de preconceito.
Quando estou só, preso na minha solidão,
Juntando pedaços de mim que caíam ao chão,
Juro que às vezes nem ao menos sei, quem sou.

Talvez eu seja um tolo, que acredita num sonho.
Na procura de te esquecer, eu fiz brotar a flor.
Para carregar junto ao peito,

E crer que esse mundo ainda tem jeito.

E como príncipe sonhador…
Sou um tolo que acredita, ainda, no amor.’

PRÍNCIPE POETA (Alexandre Lemos – APAE)

Sobre a palestra, a acadêmica que sugeriu o poema que “foi bastante relevante, pois o assunto é um tema relativamente novo. Tenho certeza de que o conhecimento sobre a pedagogia no contexto hospitalar, apresentado pela palestrante, será muito útil em nossa formação como futuros pedagogos”, comentou a acadêmica.

A Rede Sarah é uma das maiores do mundo na área de reabilitação. Em Brasília há duas unidades: a sede, fundada em 1980, e a unidade Lago Norte, inaugurada em 2003. Além disso, a Rede possui unidades em Belém, Belo Horizonte, Macapá, Fortaleza, Rio de Janeiro, Salvador e São Luís.

Em Brasília, além de hospital, o Sarah também é Centro de Administração e Gestão Hospitalar, Centro de Ensino e Pesquisas, Centro de Pesquisas em Educação e Prevenção, Centro de Controle de Qualidade e Centro de Formação de Recursos Humanos. Além disso, também funciona na unidade do Distrito Federal o curso de mestrado em Ciências da Reabilitação.

Os interessados em conhecer a Rede Sarah, em Brasília, podem realizar uma visita técnica. Informações pelo sitewww.sarah.br ou pelo telefone: 3319-1111.

Assessoria de Comunicação Facitec – ASCOM
Por: Ana Carolina Silva (Assistente de Comunicação)
Fotografia: Ana Carolina Silva (Assistente de Comunicação)
Coordenação: Vânia Balbino de Souza

Fonte: FACITEC

5 Comments

  1. Conheci e tive a honra de estar junto de Alexandre Lemos na Cssa da Esperança aqui em Santos em 1985, já era um sonhador, um prícipe, um artista e um grande poeta. Nunca nos detivemos sobre sua idade mental.
    Parabéns pelo evento. Precisamos de mais como esse.

  2. Parabéns pela ótima matéria, é de grande importancia mostrar o trabalho desses profisionais que tem uma visão holística sobre vários temas da atualidade.

  3. Dra Ingrid abraços sou a mãe do Idalmo ele não esta bem queixa muito de dor nos pés e quer voltar e antes de ligar para o hospital queria uma opinião da sra. por favor se lê este comentário me dê uma resposta pois não sei mais o que fazer; desejo tudo de bom a voce e sua familia Edna.

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