O curso de pedagogia tem duração de três anos e meio. A Érica fez em cinco anos e essa foi a única adaptação. Mesmo sendo portadora de Síndrome de Down, ela nunca estudou em escola especial.
Superando mitos e estigmas: Érica Nublat conclui curso de Pedagogia
Em 18 de março de 2011, o Santuário Nossa Senhora de Fátima realizou a festa de formatura e colação de grau da 7ª turma de licenciatura em Pedagogia do Instituto Superior Fátima. Entre os formandos está Érica Duarte Nublat, filha de Valéria Duarte Nublate e Michel Nublat, que nasceu com Síndrome de Down.
Érica chegou à Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima para cursar o Ensino Médio e aos poucos foi se descobrindo e se percebendo, e à medida que estudava aprendia mais sobre a síndrome com os professores e colegas. Todos a encaravam com naturalidade, como lembra a proposta da campanha “Ser Diferente é Normal”.
A Síndrome de Down ou Trissomia do cromossoma 21 é um distúrbio genético causado pela presença de um cromossomo 21 extra total ou parcialmente. Geralmente ela está associada a algumas dificuldades de habilidade cognitiva e desenvolvimento físico, problemas de saúde, assim como de aparência facial, e é geralmente identificada no nascimento. A frequencia é de 1 a cada 800 ou 1000 nascimentos. A síndrome de Down é um evento genético natural e universal, estando presente em todas as raças e classes sociais.
Érica prestou vestibular no Instituto Superior Fátima em 2006, aos 20 anos de idade e concluiu o curso nessa mesma instituição em dezembro de 2010. O seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) recebeu o título “A Síndrome de Down contada por uma portadora de Síndrome de Down”.
No trabalho, Érica descreve as características da Síndrome de Down e como se manifesta em seus portadores sob o ponto de vista dos principais autores do assunto. Ao mesmo tempo, faz uma autocomparação, destacando a forma como superou os obstáculos e desafiou os prognósticos feitos pelos médicos.
O curso de pedagogia tem duração de três anos e meio. A Érica fez em cinco anos e essa foi a única adaptação. Mesmo sendo portadora de Síndrome de Down, ela nunca estudou em escola especial.
Apesar do que muitos intitulam de “deficiência”, Érica conseguiu driblar preconceitos e os prognósticos. Muitas vezes ultrapassou colegas da turma na construção da aprendizagem e mostrou-se uma aluna dedicada, assídua, responsável, interessada e participativa em sala de aula e frequentadora assídua da biblioteca. Estudava à noite e à tarde, em casa, fazia as lições com ajuda de uma professora particular.
Como qualquer pessoa, ela tem seus hobbies favoritos. Ouvir música sertaneja, eletrônica, hip-hop e poesia. Além disso, aprendeu sozinha a usar a internet.
Nos estágios obrigatórios, participou de forma ativa em várias atividades dentro da sala de aula, aplicou regência e acompanhou as tarefas de coordenação pedagógica.
Além da força de vontade e do apoio da família, o Instituto Superior Fátima teve participação primordial no desenvolvimento de Érica. Profissionais dedicados e o atendimento especializado fizeram a diferença e contribuiu com a realização de um sonho.
A educação inclusiva praticada pelo Instituto Superior Fátima vai a cada dia descobrindo e mostrando o seu valor, sempre atento às necessidades do “outro diferente”. Esse outro nem pior, nem melhor, apenas diferente. Esse trabalho fez a diferença na vida escolar da Érica e está fazendo também diferença na vida de outros alunos com necessidades especiais do Instituto.
Com o apoio da família, professores especializados, dos colegas, e, é claro, a dedicação do aluno portador de qualquer deficiência, é possível sim, caminhar a passos largos para estar incluso na sociedade.
Da Redação, com informações do Jornal Superior e Bom Dia DF
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Fonte: SinproEP