Orquestra Jovem forma cidadãos através da educação musical

Vista do alto de uma oficina de música
Por Camila Maciel
Jornalista da Adital

Um convite feito ao maestro Eduardo Martinelli é o começo desta história. Em 2005, o músico, residente na cidade de São Paulo (Brasil), foi convidado a realizar apresentações na Fundação Barbosa Rodrigues (FBR), em Campo Grande, estado do Mato Grosso do Sul. A experiência com ensino musical do maestro, no entanto, fez a proposta ir além: surgia, então, o projeto Orquestra Jovem. Há seis anos, crianças e adolescentes de bairros periféricos são envolvidos pelo universo da música e levados a viver novas experiências.

Reunir crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social para formar uma orquestra era uma ideia inédita na cidade de Campo Grande. A iniciativa tinha como pretensão contribuir para a diminuição da evasão escolar, mas a ideia se ampliou e, além da perspectiva educacional, agora o projeto conta também com uma vertente artística. Nesse sentido, como fruto do reconhecimento do trabalho, a Orquestra Jovem prepara o lançamento do seu primeiro DVD para o mês de setembro.

“A transformação deles é impressionante. Não só a artística, pois muitos chegam sem conhecer nada de música, mas também os valores de solidariedade, a integração que demonstram entre eles”, relata Martinelli, ao relembrar a atitude das crianças e adolescentes nos momentos de viagem para realizar apresentações. “Já fomos a São Paulo, Paraguai, Argentina”, enumera.

O maestro relembra que, no início do projeto, o público participante esteve mais concentrado no bairro Taquarussu, onde se encontrava a sede da Fundação. Nessa época, foram formadas duas turmas, para as quais foi dada prioridade para alunos com problemas comportamentais e com dificuldade de aprendizado. “O nosso projeto tem esse objetivo de reforço da educação”, afirma Eduardo Martinelli.

Além das aulas de música, as crianças e os adolescentes participam de aulas semanais sobre cidadania. “Trabalhamos na perspectiva da solidificação do caráter, através de debates, filmes, documentários, para que eles desenvolvam o senso crítico”, explica o maestro. Concentração, disciplina e maior participação em sala de aula são algumas das conquistas apontadas pelo projeto.

A inscrição para participar das aulas do projeto Orquestra Jovem é semestral. Podem inscrever-se crianças a partir de 10 anos, que se enquadrem no perfil socioeconômico do projeto. O grupo artístico conta, hoje, com vinte participantes, enquanto o grupo educacional reúne 32 crianças e adolescentes. “Muitos que iniciaram em 2005 ainda estão conosco. O membro mais antigo, por exemplo, tem 17 anos”, relata Martinelli.

Instrumentos alternativos na gravação do DVD

Uma das novidades para a gravação do primeiro DVD da Orquestra Jovem é a inserção de instrumentos alternativos. Além dos clássicos, como violino, violoncelo e clarinete, serão utilizados instrumentos produzidos pelos próprios jovens através do trabalho de pesquisa do professor de música Jonas Feliz.

O trabalho de Jonas é herança do pai, que já desenvolvia pesquisa de construção de instrumentos alternativos. Atualmente, Jonas Feliz trabalha com a construção de instrumentos de diversas etnias, misturando diferentes ritmos. Rússia, África, Austrália são alguns dos territórios pesquisados pelo professor. O balafon, de origem africana, tem sido confeccionado com madeiras mais acessíveis da região.

Sobre o repertório do DVD, o maestro Eduardo Martinelli adianta as composições que serão levadas ao grande público. “Vamos ter um repertório clássico, com Bach, Vivaldi, além de músicas regionais do Brasil, indígena e músicas de fronteira, como as da Argentina”, explica.

Para mais informações: http://www.fundacaobarbosarodrigues.org.br

Fonte: Adital

One Comment

  1. Estou planejando formar uma orquestra jovem na minha igreja, porém não tenho noção de gastos com instrumentos e professores e tudo que diga respeita a formação da mesma. Escrevo na intenção de pedir ajuda em como dar os primeiros passos. Por gentia, queira responder.

    Minhas considerações

    Cláudia S. Ferreira

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