Por Maria Simone Euclides
Ontem, ao ler o jornal, me surpreendi com a notícia que relatava o fato de uma menina de 12 anos, no Distrito Federal, ter sido agredida por ser negra. O fato em si é comum a tantos outros que acontecem no cotidiano, principalmente com os “diferentes”; mas tem uma peculiaridade por deixar marcas psíquicas que poderão interferir na trajetória da menina por um longo tempo.
Fico pensando até que ponto o ser humano é capaz de categorizar, separar, delimitar e, além disso, interferir na integridade do outro. Sim, pois um fato como esse não se restringe somente a agressões físicas ou marcas visíveis, mas, sobretudo, ao reflexo de nós mesmos, à nossa autoimagem. Lendo a reportagem, fiquei me lembrando das tantas vezes em que eu ouvia xingamentos, frases e apelidos depreciativos, e em todas as vezes que eu não queria me olhar no espelho por temer enxergar uma imagem distorcida. Imagem, por sinal, inventada por outras pessoas, que não permitia que eu me enxergasse enquanto pessoa digna de valor e direitos.
E por muito tempo eu incorporei os discursos que a mim foram proferidos: “negra suja”, “cabelo pixaim”, “negro não presta”, “lugar de mulher é na cozinha”, “isso não é para você”, chegando a fazer exatamente o que as profecias diziam. Como dizia Goffman (1988), já tinha incorporado o discurso do dominador, minhas atitudes só me levavam a crer que realmente eu era inferior, eu era incapaz, não estava no meu lugar.
Felizmente, tais “verdades distorcidas” pouco a pouco começaram a ser questionadas; então, vivi um processo de ressignificação ou desconstrução dos mitos e pouco a pouco fui reconhecendo que era uma pessoa como qualquer outra e, assim como eu tenho os meus limites, o outro também teria, inclusive a dificuldade de me enxergar como humana e, a partir daí, parei de ligar para o preconceito.
Mas não é fácil desconstruir; a mudança não ocorre da noite para o dia, é um processo lento que às vezes depende da boa vontade, do altruísmo, da sensibilidade e da alteridade de quem muitas vezes nos rodeia. Gasta tempo, principalmente porque não depende só de mim, mas da maneira como os outros também se veem e me veem, mas, apesar dos pesares, ainda acredito ser possível convivermos uns com os outros nas nossas sutis diferenças cotidianas, sem ferir a nossa integridade, preciosidade e a nossa singularidade.
GOFFMAN, Erving. ESTIGMA: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro, LTC, 1988.
* Maria Simone Euclides é pedagoga, Mestre em Extensão Rural pela Universidade Federal de Viçosa e Pesquisadora do GERAR (Grupo de Estudos Rurais)
MORO EM ARARIPINA pernabuco tenho um filho especial com paralisia celebral, mais que tem chance de apreder ler e escrever mais a secretaria do municipeo não faz nada para ajudar diz que não é da sua resposabilidade.
MEU NOME É DAIANA MELO ARAUJO E DO MEU FILHO É WITER MELO ANDRADE
E AI A GENTE NÃO TER PARA QUE PERDI AJUDAR O MUNICIPEO NÃO SEBER NEM O NÚMERO DE ESPECIAIS QUE TEM.
E SE SABEM NADA FAZ PARA MELHORA NÃO CAPACTA O PROFESSOR NÃO MANDA O ONIBUS DO MEC(A CAMINHO DA ESCOLA)RECOLHER O ALUNO ESPECIAL PARA A ESCOLA NÃO TEM MARTERIAL PEDAGÓJICO PARA ELES, AS PROFESSORAS INTINERANTE SÓ DÃO 4 HORAS DE AULA NA SEMANA FALTA MUITO E QUANDO COMEÇA EMSINA JÁ É MUITO TARDE ATÉ AGORA ESTAMOS SEM PRÓ INTINERANTE.
Parabéns Simone. Você aprendeu e ensina outros a se refazerem. Mais que construir, muitas vezes é preciso aprender a desconstruir, ressignificando as várias pseudo verdades impressas em nós pela vida. Abração. Nós.