Para os cegos, a tecnologia faz o que o cão-guia não pode fazer

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Descrição do Logotipo – Palavra inclusive escrita à mão, em verde, entre parênteses laranja, com os pingos dos “is” laranja
The New York Times

4/1/2009

Por MIGUEL HELFT

MOUNTAIN VIEW, Califórnia

 

 

T. V. Raman era uma criança que gostava de livros e adorava matemática e quebra-cabeças desde muito cedo.

Essa paixão não mudou depois de ter ficado cego por causa de um glaucoma aos 14 anos. O que mudou foi o papel que a tecnologia – e suas próprias inovações – teve em ajudá-lo a ir atrás do que gosta.

Nascido na Índia, Raman deixou de depender de voluntários que liam livros em uma universidade técnica no país natal para viver uma vida independente no Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos, onde é um respeitado cientista da computação e engenheiro no Google.

Em sua jornada, Raman criou uma série de ferramentas que lhe ajudam a aproveitar objetos e tecnologias que não foram pensados para usuários cegos. Elas vão de um Cubo Mágico com inscrições em braile, até um software que lê em voz alta fórmulas matemáticas complexas, que foi o tema de sua dissertação para de Ph.D. na Universidade de Cornell. Ele também criou uma versão do serviço de buscas do Google voltado para usuários cegos.

Raman, de 43 anos, agora trabalha para modificar o mais recente gadget tecnológico que, segundo ele, poderia facilitar a vida dos cegos: um telefone com tela sensível a toque (touch-screen).

“O que Raman faz é fantástico”, disse Paul Schroeder, vice-presidente para programas e políticas na American Foundation for the Blind (Fundação Americana para os Cegos), que realiza pesquisas em tecnologia que podem ajudar pessoas com deficiência visual. “Ele é uma das maiores mentes na questão da acessibilidade e sua capacidade de criar e modificar tecnologia para atender a suas necessidades é sem igual”.

Algumas das inovações de Raman podem auxiliar na criação de gadgets eletrônicos e serviços via Web mais amigáveis para todos usuários. Em vez de perguntar como algo deveria funcionar para alguém que não enxerga, ele diz que prefere perguntar: “como essa coisa deve funcionar quando o usuário não está olhando para a tela?”

Esses sistemas podem ser úteis para motoristas, ou qualquer pessoa que pode se beneficiar de acesso ao telefone sem usar os olhos. Eles poderiam também ser atrativos para a geração “baby boomers” (pessoas nascidas entre meados da década de 40 até meados dos anos 60), que estão envelhecendo e ficando com a visão fraca, mas querem continuar fazendo uso da teconologia da qual  dependem.

A abordagem de Raman reflete o reconhecimento de que muitas inovações criadas inicialmente para pessoas com deficiência acabaram beneficiando a população em geral, segundo Larry Goldberg, que supervisiona o National Center for Accessible Media (Centro Nacional de Mídia Acessível) na WGBH, emissora pública de Boston. Elas incluem rampas para cadeiras de rodas, legendas em transmissões de TV e tecnologia óptica de reconhecimento de caracteres, que foi aperfeiçoada para criar softwares que podem ler livros impressos em voz alta e é utilizada agora em diversas aplicações em computadores, ele disse.

Sem botões para guiar os dedos na superfície lisa, a tela sensível de celulares parece ser um desafio assustador. Mas Raman disse que com as adaptações certas, telefones com telas sensíveis — muitos dos quais já vêm com tecnologia de GPS e guia embutidos — poderiam ajudar os cegos a se orientarem pelo mundo.

“Não é preciso se esforçar muito para acreditar que seu telefone poderia dizer ‘Ande reto e em 60 metros você chegará no cruzamento de X com Y'”, Raman disse. “Isto é perfeitamente possível”.

MILITANTES dos direitos dos cegos há muito tempo reclamam que as empresas de tecnologia geralmente pecam quando se trata da acessibilidade em seus produtos. A Internet, ao mesmo tempo em que abre diversas oportunidades para os cegos, ainda é recheada de obstáculos. E softwares de leitura de tela sofisticados, que lêem documentos e páginas da Web em uma voz sintetizada, podem custar mais de US$ 1.000 (R$ 2.300). Mesmo com o leitor de tela, alguns sites são difíceis de navegar.

No ano passado, a National Federation of the Blind (Federação Nacional dos Cegos) chegou a um acordo importante em um processo contra uma empresa cujo site os militantes declararam sem condições de uso, a Target (grande magazine, equivalente às Lojas Americanas no Brasil). No acordo, a varejista concordou em tornar seu site acessível para pessoas cegas. A federação avalia a usabilidade de sites e certifica apenas alguns como sendo totalmente acessíveis.

Um desafio enfrentado é que a tecnologia geralmente evolui muito mais rapidamente do que as diretrizes que garantem que os sites funcionem corretamente com leitores de tela. Em dezembro, o Consórcio World Wide Web, grupo que define os padrões para a Internet, disponibilizou a versão 2.0 de suas diretrizes para acessibilidade em websites. A versão anterior era de 1999, quando a Internet só tinha basicamente páginas estáticas, sem aplicações interativas.

Há diversos tipos de obstáculos na Internet. Um dos mais comuns é o Captcha, uma ferramenta de segurança que consiste em uma sequência de letras e números distorcidos que usuários devem ler e digitar antes de assinarem algum novo serviço ou enviar um e-mail. São poucos os sites que oferecem Captchas com suporte auditivo.

Algumas páginas são apenas mal desenvolvidas, como sites de comércio eletrônico, onde o botão de finalização da compra é uma imagem sem informação que possa ser compreendida pelos leitores de tela.

“Grande parte do setor não progrediu realmente para oferecer à comunidade cega acesso igualitário a seus produtos”, segundo Eric Bridges, diretor de defesa e assuntos governamentais no American Council of the Blind (Conselho Americano dos Cegos). Bridges e outros militantes argumentam que a acessibilidade deveria ser criada junto com as novas tecnologias e não pensada posteriormente.

Pessoas com outras deficiências enfrentam problemas similares na Internet. “Do lado dos surdos, a decepção é enorme, por conta de todos o vídeos disponíveis sem legendas”, de acordo com Goldberg.

RAMAN, que antes de começar a trabalhar no Google em 2005 trabalhou na Adobe Systems e como pesquisador na I.B.M., está acostumado com problemas de acessibilidade, tanto pessoal quanto profissionalmente. Em 2006, ele desenvolveu uma versão da ferramenta de busca do Google que prioriza sites que funcionam bem com leitores de tela. O sistema precisou testar milhões de páginas.

“É impossível encontrar uma única página que cumpre todos parâmetros de acessibilidade”, de acordo com Raman. Ainda assim, o sistema foi capaz de encontrar quais páginas funcionavam melhor com leitores de tela.

Este serviço não é utilizado tanto quanto ele gostaria. Mesmo assim, surtiu efeito. Diversas operadoras de sites, cujas páginas não apareciam em destaque nas buscas do Google perguntaram a Raman o que poderiam fazer para resolver os problemas e ter sites com maior destaque.

O serviço inclui um ampliador de tela que aumenta resultados de buscas individuais. Raman diz que a ferramenta serve para usuários com baixa visão, mas poderia ser usado por uma parcela maior da população, especialmente em telefones celulares e outros equipamentos com telas pequenas.

Para uso pessoal, ele construiu um sistema personalizado que lhe permite acesso eficiente a muito do que ele precisa em seu PC e na Internet, eliminando qualquer coisa que poderia diminuir sua velocidade. Por exemplo, o sistema acessa diretamente os artigos em sites de notícias que ele lê regularmente, evitando links de navegação e outras funções encontradas na maioria dos sites.

Alguns dias atrás, Raman estava trabalhando numa pesquisa sobre a estrutura da Internet no futuro. Um monitor estava pendurado sobre sua mesa. Ele geralmente fica desligado, a não ser que ele queira mostrar no que está trabalhando para algum colega ou visitante. Ele digitou em seu teclado, sua cabeça se moveu de leve para o lado, escutando o leitor de tela por meio de fones de ouvido sem fio.

O leitor de tela está configurado para falar a aproximadamente três vezes a velocidade normal da fala. Para um ouvido sem treino, a informação é incompreensível, mas permite a Raman “ler” na mesma velocidade de uma pessoa sem deficiência visual.

Processar informação rapidamente é uma habilidade que ele desenvolveu com os anos: um vídeo no YouTube mostra-o resolvendo um Cubo Mágico em braile em 23 segundos. Quando não está digitando, Raman, que usa grandes óculos escuros, frequentemente dobra e desdobra pedaços de papel em pequenas formas geométricas, como origamis, em uma velocidade extraordinária.

Ele divide uma área de trabalho no Google com Charles Chen, um engenheiro de 25 anos, e Hubbell, cão-guia de Raman. (Hubbell possui seu próprio site).

Chen, que enxerga, desenvolveu um leitor de tela gratuito que funciona com o navegador Firefox. Trabalhando juntos, os dois recentemente adicionaram atalhos de teclado que ajudam usuários cegos e com baixa visão a navegar rapidamente pelos resultados de busca do Google. Eles também desenvolveram ferramentas que tornam aplicativos sofisticados da Internet, como e-mail e leitores de blogs, adequado para softwares de leitura de tela.

Agora eles concentram seus esforços em ceulares com telas sensíveis ao toque.

“O que mais me interessa é tudo que está migrando para o mundo móvel, porque isso pode mudar vidas”, disse Raman.

Para mostrar o progresso, Raman pegou seu T-Mobile G1, um telefone com tela sensível com o software Android do Google, do bolso de seus jeans. Ele e Chen já o equiparam com um software que fala de modo semelhante ao leitor de telas no PC. Agora eles estão trabalhando em maneiras que permitam que cegos ou qualquer pessoa que não esteja olhando para a tela digitem textos, números ou forneçam comandos.

O desenvolvimento desse recurso complementaria sistemas de reconhecimento de voz, que nem sempre são confiáveis e não funcionam direito em ambientes com muito barulho.

Como não consegue tocar com precisão um botão na tela sensível, Raman criou um discador que se baseia em posições relativas. O discador interpreta qualquer local tocado pela primeira vez como o 5, que se localiza no meio de um teclado de telefone comum. Para discar qualquer outro número, ele simplesmente escorrega o dedo na direção – para cima e esquerda para 1, para baixo e direita para o 9 e assim por diante. Se ele comete algum erro, ele pode apagar o último número balançando o telefone, que pode detectar movimentos.

Ele e Chen estão testando diversos outros métodos de inserir informações. Nenhuma dessas tecnologias foram apresentadas ao público, mas Raman, que já usa o G1 como seu celular principal, espera vê-las disponíveis em breve.

(Há poucos leitores de tela disponíveis para smartphones e eles podem custar tanto quanto o próprio telefone).

As tecnologias em celulares que podem fazer uma grande diferença — um telefone que reconhece e lê placas através da câmera — ainda podem estar alguns anos distantes, segundo Raman. Alguns equipamentos já podem ler textos desta maneira. Mas como os usuários cegos não sabem onde estão as placas, eles não podem apontar a câmera ou fazer um alinhamento apropriado, de acordo com Raman. Quando os chips forem potentes o suficiente, eles poderão detectar a localização de uma placa e ler letras pequenas ou tortas, por exemplo, ele disse.

“Isso irá acontecer”, concluiu. E quando acontecer, usuários com visão também se beneficiarão.

“Se existisse uma tecnologia que pudesse reconhecer placas na rua conforme se passa por elas, isso auxiliaria a todos”, declarou. “Em um país estrangeiro, ela poderia fazer a tradução”.

As inovações de Raman já estão presentes em milhões de PCs. Na Adobe, nos anos 90, ele ajudou a adaptar o formato PDF para poder ser lido por leitores de tela. Isso foi requisito para que o formato PDF pudesse ser utilizado pelo governo federal e levou a tecnologia a ser adotada como um padrão mundial em documentos eletrônicos.

“Foi de grande importância para nós, como um negócio, e para os cegos”, disse John Warnock, dirigente e fundador da Adobe.

Raman diz acreditar que tem mais influência quando convence outros engenheiros a fazer seus produtos acessíveis — ou, melhor ainda, quando os faz acreditar que há problemas interessantes a serem resolvidos nessa área. “Se eu conseguir mais 10 engenheiros motivados a trabalhar em acessibilidade”, diz, “será uma enorme vitória”.

 

Tradução: Gustavo Pugliese Sachs, para Agência Inclusive

http://www.nytimes.com/2009/01/04/business/04blind.html?_r=1&scp=1&sq=blind&st=cse

New York Times, January 4, 2009

For the Blind, Technology Does What a Guide Dog Can’t

MOUNTAIN VIEW, Calif.

T. V. RAMAN was a bookish child who developed a love of math and puzzles at an early age.

That passion didn’t change after glaucoma took his eyesight at the age of 14. What changed is the role that technology — and his own innovations — played in helping him pursue his interests.

A native of India, Mr. Raman went from relying on volunteers to read him textbooks at a top technical university there to leading a largely autonomous life in Silicon Valley, where he is a highly respected computer scientist and an engineer at Google.

Along the way, Mr. Raman built a series of tools to help him take advantage of objects or technologies that were not designed with blind users in mind. They ranged from a Rubik’s Cube covered in Braille to a software program that can take complex mathematical formulas and read them aloud, which became the subject of his Ph.D. dissertation at Cornell. He also built a version of Google’s search service tailored for blind users.

Mr. Raman, 43, is now working to modify the latest technological gadget that he says could make life easier for blind people: a touch-screen phone.

“What Raman does is amazing,” said Paul Schroeder, vice president for programs and policy at the American Foundation for the Blind, which conducts research on technology that can help visually impaired people. “He is a leading thinker on accessibility issues, and his capacity to design and alter technology to meet his needs is unique.”

Some of Mr. Raman’s innovations may help make electronic gadgets and Web services more user-friendly for everyone. Instead of asking how something should work if a person cannot see, he says he prefers to ask, “How should something work when the user is not looking at the screen?”

Such systems could prove useful for drivers or anyone else who could benefit from eyes-free access to a phone. They could also appeal to aging baby boomers with fading vision who want to keep using technology they’ve come to depend on.

Mr. Raman’s approach reflects a recognition that many innovations designed primarily for people with disabilities have benefited the broader public, said Larry Goldberg, who oversees the National Center for Accessible Media at WGBH, the public broadcasting station in Boston. They include curb cuts for wheelchairs, captions for television broadcasts and optical character-recognition technology, which was fine-tuned to create software that could read printed books aloud and is now used in many computer applications, he said.

With no buttons to guide the fingers on its glassy surface, the touch-screen cellphone may seem a particularly daunting challenge. But Mr. Raman said that with the right tweaks, touch-screen phones — many of which already come equipped with GPS technology and a compass — could help blind people navigate the world.

“How much of a leap of faith does it take for you to realize that your phone could say, ‘Walk straight and within 200 feet you’ll get to the intersection of X and Y,’ ” Mr. Raman said. “This is entirely doable.”

ADVOCATES for the blind have long complained that technology companies have done a generally poor job of making their products accessible. The Web, while opening many opportunities for blind people, is still riddled with obstacles. And sophisticated screen-reader software, which turns documents and Web pages into synthesized speech, can cost more than $1,000. Even with a screen reader, many sites are hard to navigate.

Last year, the National Federation of the Blind reached a settlement of a landmark class-action lawsuit against one company whose site advocates found unusable, Target. In the settlement, the retailer agreed to make its Web site accessible to blind people. The federation assesses the usability of Web sites and currently certifies only a handful as being fully accessible.

One challenge is that technology often evolves much faster than the guidelines that ensure Web sites work well with screen readers. In December, the World Wide Web Consortium, an Internet standards group, released Version 2.0 of its accessibility guidelines for Web sites. The previous version dated back to 1999, when the Web consisted largely of static Web pages rather than interactive applications.

Obstacles on the Web take many forms. A common one is the Captcha, a security feature consisting of a string of distorted letters and numbers that users are supposed to read and retype before they register for a new service or send e-mail. Few Web sites offer audio Captchas.

Some pages are just poorly designed, like e-commerce sites where the “checkout” button is an image that isn’t labeled so screen readers can find it.

“The overwhelming percentage of the industry really hasn’t stepped up to the plate to provide the blindness community with equal access to their products,” said Eric Bridges, director of advocacy and governmental affairs at the American Council of the Blind. Mr. Bridges and other advocates argue that accessibility should be built into new technologies, not added as an afterthought.

People with other disabilities face similar challenges on the Internet. “On the deafness side, the frustration is huge because of all of the video out there without captions,” Mr. Goldberg said.

MR. RAMAN, who before joining Google in 2005 worked at Adobe Systems and as a researcher at I.B.M., is intimately familiar with accessibility problems, both personally and professionally. In 2006, he developed a version of Google’s search engine that gives a slight preference to Web sites that work well with screen readers. The system had to test millions of Web pages.

“You wouldn’t have found a single page that fully complied with the accessibility guidelines,” Mr. Raman said. Still, the system could detect which pages worked reasonably well with screen readers.

The service is not being used as widely as he had hoped. Still, it has had an impact. Several Web site operators whose sites weren’t showing up prominently in Google search results asked Mr. Raman how they could fix their sites so they would rank better.

The service includes a screen magnifier that enlarges individual search results. Mr. Raman says the feature is intended to help low-vision users, but it could also prove useful to a much larger population, especially on cellphones and other devices with small screens.

For his own use, he has built a highly customized system that allows him efficient access to much of what he needs on his PC and on the Web, stripping out anything that could slow him down. For instance, the system goes directly to the article text on the news sites he reads regularly, bypassing navigational links and other features found on most Web pages.

On a recent day, Mr. Raman was working on a research paper about the future structure of the Web. A monitor hung above the desk. It is usually turned off, unless he wants to show a colleague or visitor what he is working on. He typed at his keyboard, his head slightly tilted to one side, listening to his screen reader through a pair of wireless headphones.

The screen reader is calibrated to speak at roughly triple the speed of a normal voice. To the untrained ear, the output is incomprehensible, but it allows Mr. Raman to “read” at roughly the same speed as a sighted person.

Processing information quickly is a skill he has developed over the years: a video on YouTube shows him solving his Braille Rubik’s Cube in 23 seconds. When he is not typing, Mr. Raman, who wears large sunglasses, is often folding and unfolding pieces of paper into tiny, origami-like geometrical shapes at prodigious speed.

He shares a work area at Google with Charles Chen, a 25-year-old engineer, and Hubbell, Mr. Raman’s guide dog. (Hubbell has his own Web site.)

Mr. Chen, who is sighted, developed a free screen reader for Web pages that works with the Firefox browser. Working together, the two recently added keyboard shortcuts that help blind and low-vision users navigate quickly through Google’s search results. They’ve also developed tools to make sophisticated Web applications, like e-mail and blog readers, suitable for screen-reading software.

Now, much of their effort is focused on touch-screen phones.

“The thing I am most interested in is all of the stuff moving to the mobile world, because it is a big life-changer,” Mr. Raman said.

To show their progress, Mr. Raman pulled his T-Mobile G1, a touch-screen phone with Google’s Android software, from a pocket of his jeans. He and Mr. Chen have already outfitted it with software that speaks much like a screen reader on a PC. Now they are working on ways to allow blind people, or anyone who is not looking at the screen, to enter text, numbers and commands.

That development would complement voice-recognition systems, which are not always reliable and don’t work well in noisy environments.

Since he cannot precisely hit a button on a touch screen, Mr. Raman created a dialer that works based on relative positions. It interprets any place where he first touches the screen as a 5, the center of a regular telephone dial pad. To dial any other number, he simply slides his finger in its direction — up and to the left for 1, down and to the right for 9, and so on. If he makes a mistake, he can erase a digit simply by shaking the phone, which can detect motion.

He and Mr. Chen are testing several other input methods. None of these technologies have been rolled out, but Mr. Raman, who is already using the G1 as his primary cellphone, hopes to make them freely available soon.

(Few screen readers are available for smartphones today, and they can often cost as much as a phone itself.)

What may become the most life-changing mobile technology — a phone that can recognize and read signs through its camera — may still be a few years away, Mr. Raman said. Already, some devices can read text this way. But because blind users don’t know where signs are, they can’t point the camera at them or align it properly, Mr. Raman said. Once chips become powerful enough, they will be able to detect a sign’s location and read skewed type, he said.

“Those things will happen,” he said. When they do, sighted users will benefit, too.

“If you have the technology that can recognize a street sign as you drive by it, that is helpful for everyone,” he said. “In a foreign country, it will translate it.”

Mr. Raman’s innovations have already made their way onto millions of PCs. At Adobe in the 1990s, he helped to adapt the PDF format so it could be read by screen readers. That was required for PDF to be used by the federal government, and it eventually led to the technology’s being embraced as a global standard for electronic documents.

“It was incredibly important to us as a business, and to the blind,” said John Warnock, the chairman and founder of Adobe.

Mr. Raman says he thinks he has the largest impact when he can persuade other engineers to make their products accessible — or, better yet, when he can convince them that there are interesting problems to be solved in this area. “If I can get another 10 engineers motivated to work on accessibility,” he said, “it is a huge win.”

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