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Censo Escolar mostra que matrículas de alunos especiais em salas regulares cresceram no Estado, mas de forma tímida
O Censo Escolar mostra a tendência de integração entre diferentes nas salas de aula regulares
RENÊ DIÓZ
Especial para o Diário
O último Censo Escolar da Educação Básica, produzido pelo Ministério da Educação (MEC), apontou o Centro-Oeste como a região do país onde mais se ampliaram, de 2007 ao ano passado, as matrículas de alunos portadores de necessidades especiais em classes regulares. Esta é uma tendência nacional, com aumento médio nas matrículas de 22,7%. O Centro-Oeste, por sua vez, registrou taxa de 40,9%, com a entrada de novos 9.608 estudantes em classes comuns, municipais, estaduais, federais ou privadas. Mato Grosso é o único estado do Centro-Oeste cuja taxa de aumento ficou abaixo da média nacional, com 18,9%. Somando 4.018 em 2007, as matrículas de alunos especiais pularam para 4.778 no ano passado (760 novos estudantes especiais inclusos). Goiás foi o grande responsável pelo bom desempenho do Centro-Oeste, com um salto de 63,5% em sua inclusão. A retirada dos estudantes portadores de deficiência das escolas especializadas é um objetivo brasileiro. Oficialmente, passou a orientar a política do MEC desde 1994, com a Declaração de Salamanca – aprovada em Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU) – da qual o Brasil é signatário. Este é um dos mais importantes documentos internacionais pela inclusão social, e veio tratar especificamente da educação especial. Governo do Estado e município atuam nessa direção contra a segregação de maneiras semelhantes – a implantação das salas de recursos ou multifuncionais. Ambas oferecem espaços com aparato apropriado para auxiliar na aprendizagem do aluno especial durante o período complementar. No período normal, o estudante assiste à aula no meio dos demais estudantes, com ou sem deficiência. Segundo a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), a rede básica estadual ainda possui classes especiais nas escolas. Não chegam a 150, mas o objetivo é diminuir este número. Desde 2007, aliás, não se permite a abertura de novas salas especializadas, que serão substituídas pelas salas de recurso. Quem anuncia as mudanças é a superintendente de Educação Básica da Seduc, Aidê Fátima de Campos. “A partir do momento que você reserva um cantinho para o aluno especial na escola, você já diz que ele tem dificuldades. Temos de romper justamente essa idéia”, raciocina. Estima-se que o Estado tenha uma população de 43 mil jovens especiais com até 16 anos, mas apenas 11 mil deles estão na rede estadual de ensino, que atualmente comporta 500 mil alunos. Já em Cuiabá, não existem mais escolas municipais especializadas. O município dispõe de quinze salas, conhecidas como multifuncionais, para utilização dos alunos especiais. Inclusos, eles passaram de 70, em 2007, para 480 no ano passado. Os dados são da diretora de políticas educacionais Julieta Ribeiro Domingues, da Educação Municipal. “Enquanto as escolas especializadas permanecem, não rompemos o antigo paradigma. Não temos como voltar dessa questão. Todo mundo ganha com a inclusão”, comenta Julieta.
Fonte: Diário de Cuiabá