Por Luanda Botelho
Mulher com deficiência. Analista de indicadores sociais.
Em março celebra-se o dia internacional da mulher, data que remonta à luta de trabalhadoras por direitos. Celebra-se, mas não se comemora, pois a igualdade de gênero ainda está longe de ser alcançada. O que o Acolhe Down tem a ver com isso? Tudo!
Há poucos dias, estudo do IBGE revelou que as mulheres que vivem com crianças de até 3 anos tem menores chances de ter um trabalho. Entre as negras, menos da metade trabalhava em 2019. Por que isso acontece? Um motivo apontado é que as mulheres dedicam mais horas a cuidar de pessoas e outras tarefas domésticas, mais que o dobro do tempo que os homens!
As mulheres, mesmo mais escolarizadas, também ocupam menos cargos gerenciais. O chamado teto de vidro, com práticas discriminatórias muitas vezes não reconhecidas por quem as pratica, impede que progridam nas carreiras. Elas estão ainda mais sub-representadas em espaços de formulação de políticas públicas, como ministérios e o Poder Legislativo.
A situação das mães de crianças com deficiência e das mulheres com deficiência não é contemplada no estudo, o que diz muito sobre a invisibilidade desses grupos. Quantas horas a mais uma mãe de criança com deficiência dedica aos seus cuidados e como elas se inserem no mercado de trabalho? Quantas mulheres com deficiência são diretoras de empresas ou deputadas?
A interseccionalidade desponta como eixo de análise essencial das condições de vida na sociedade brasileira. Definida por Crenshaw como “conceituação do problema que busca capturar as consequências estruturais e dinâmicas da interação entre dois ou mais eixos da subordinação” permite entender como a interação de características como ser mulher, negra e ter deficiência reforça desigualdades. Constitui, portanto, chave indispensável para atuar em prol de sua redução.
Anticapacitismo, antirracismo e feminismo são lutas que precisam ser travadas juntas.
Realização: @acolhedownoficial e @inclusivamente
#descriçãodaimagem: em um fundo branco e vermelho: Coluna Inclusão AcolheDown com Luanda Botelho. Anticapacitismo, antirracismo e feminismo são lutas que precisam ser travadas juntas. Com foto da autora.