Banheiro inclusivo e Universal Design: segurança e comodidade

Por Arq. Iberê
M. Campos

O banheiros está entre os locais mais importantes e caros de uma construção,
sem falar que é uma das áreas onde mais se encontra projeto e tecnologia em
cada detalhe. O conceito de banheiro inclusivo procura dar um novo enfoque
no projeto destes ambientes, visando à segurança e independência dos
usuários.

Segurança e independência são dois importantes objetivos para projetos de
banheiros. A Arquiteta Sandra Perito, doutoura na aplicação do Desenho
Universal pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo e
autora do protótipo Universal Home (www.universalhome.com.br), considera
todo o banheiro como área molhada, e não apenas o box, tornando assim o
espaço mais seguro e funcional, no que se convencionou chamar de “Banheiro
inclusivo”.

A especialista propõe cinco elementos críticos incorporados em projetos de
banheiro:
• Espaço vazio embaixo da pia
• Previsão para instalação de barras de apoio
• Piso antiderrapante
• Box acessível e seguro
• Metais de uso facilitado.

Algumas das características sugeridas, segundo os conceitos do Design
Universal:
• Usar torneiras e registros de pressão de alavanca, de um quarto de volta
ou monocomando pois exigem pequeno esforço para manuseio
• Colocar os registros na entrada do banheiro, para permitir regular a
temperatura da água do chuveiro de fora do box, para evitando escaldamento
• Abrir as portas do box com abertura para fora, com 80 cm de vão. A idéia é
possibilitam a entrada com cadeira higiênica e também facilitar o socorro em
caso de emergência
• Desnível de 2 cm em rampa entre o piso do banheiro e do box. Isto evita
que o box transborde ao mesmo tempo em que não cria barreiras
• Diferenciação de textura e cor entre o piso do banheiro e do box para
facilitar a identificação por pessoas com baixa acuidade visual
• Cubas de sobrepor evitam que cedam, no caso de alguém se apoiar nelas
• Prever arras de apoio fixas no box, ao lado da bacia sanitária, para
facilitar que pessoas com baixa mobilidade nas pernas consigam se mover
sozinhas
• Espelhos baixos, grandes ou com inclinação facilitam a visualização por
crianças ou pessoas sentadas
• Previsão para instalação de telefone, interfone ou botão de pânico.

Evitar acidentes é dever de todos

Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que haja de 150 a 200 ferimentos
graves para cada acidente fatal, e o acidente doméstico é classificado como
um dos fatores externos de mortalidade não-natural. Apesar dos idosos
sofrerem menos acidentes que as crianças, geralmente os acidentes com a
população com mais de 60 anos são fatais devido à maior fragilidade do
indivíduo, e a situação é agravada pois as pessoas na terceira idade
costumam considerar seguros os ambientes de seus lares.

As causas mais freqüentes de acidentes domésticos são quedas da própria
altura, quedas acima da altura própria, queimaduras, escaldamento no momento
do banho e envenenamento por gás. Porém, quando se trata de idosos, essas
causas geralmente estão relacionadas às condições físicas, mentais e
funcionais do indivíduo.

Quedas são a principais causas de acidentes domésticos com os idosos. Há
vários motivos, que podem se somar e que podem ser divididos em fatores de
risco internos, ou seja, inerentes à saúde e condições físicas e mentais da
pessoa e aqueles de risco externo, que são aqueles causados por problemas no
ambiente ou nos hábitos do indivíduo. A associação dessas duas categorias de
risco costuma ser fatal.

Segundo a Arquiteta Sandra Perito, projetos residenciais adaptáveis que
considerem as mudanças fisiológicas, físicas, sensoriais e psíquicas do
homem — baseados nos princípios do DesenhoUniversal — produzem boas
soluções ambientais, capazes de aumentar a autonomia do usuário, além de
permitir que as adaptações aconteçam naturalmente, com facilidade e custo
reduzido.

Parece ser algo óbvio, mas é comum que Arquitetos e Engenheiros na flor da
idade desconsiderem totalmente o fato das pessoas envelhecerem ou sofrerem
acidentes que os impossibilite de se locomover com segurança e rapidez…
Este enfoque errôneo resulta em projetos com escadas e desníveis em
abundância, sem a menor preocupação com acessibilidade, como se aqueles
ambientes estivessem destinados a serem usados única e permanentemente por
jovens sadios e perfeitos.

Fonte:  http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=15&Cod=77

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