Mapeamento nacional de artistas e agentes culturais com deficiência é lançado no Amapá

palco, com duas mulheres e 3 homens sentados, um intérprete de Libras.

Oficina de formação marcou início da ação e atividades em Macapá

No final de abril foi lançada a primeira etapa do projeto Mapeamento Acessa Mais. A ação integra a programação da I Norte de Arte Acessível: Ciclo de Formação em Acessibilidade Cultural na Educação Básica, evento realizado em Macapá. O Mapeamento é fruto de uma parceria entre a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e o Ministério da Cultura (MinC) e tem como meta o mapeamento de artistas e profissionais com deficiência que atuam em diversas áreas do setor artístico e cultural, profissionais com e sem deficiência que atuam no campo da acessibilidade cultural.

O lançamento aconteceu na Universidade Federal do Amapá.

“O mapeamento visa a elaboração de políticas públicas de formação voltadas para o acesso e para garantir o protagonismo e a visibilidade das pessoas com deficiência nas artes e na cultura”, diz Rafael Maximiniano, coordenador-Geral das Políticas de Cultura e Educação da Secretaria de Formação Cultural, Livro e Leitura (Sefli) do MinC.

Outro objetivo é mobilizar artistas, pesquisadores e docentes com e sem deficiência com interesse de pesquisa em Arte e Deficiência para colaboração na mediação junto à comunidade surda, cega e com deficiências em geral para cadastro no mapeamento.

Partindo da premissa Nada sobre nós sem nós, a coordenação geral do projeto está sendo conduzida pelo artista, professor, ativista, pesquisador e doutor pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Eduardo Oliveira, o Edu O., que conta com uma equipe de mais 25 pessoas especializadas na área com e sem deficiência.

 “O mapeamento surge para identificar pessoas profissionais com deficiência que atuam na área das artes e cultura que, em sua maioria, não são reconhecidas nos espaços legitimados pela bipedia, assim como registrar aquelas pessoas que não puderam continuar atuando no campo das artes pela negligência das políticas públicas e da falta de acessibilidade nos referidos espaços, mas que deixaram um importante legado para o que temos compreendido como Cultura DEF”, explica.

O projeto prevê ainda ciclos de formação em acessibilidade cultural e cultura do acesso, iniciando em Macapá, com o Laboratório de Acessibilidade Cultural, onde houve um encontro com artistas DEFs e outros profissionais locais.

“Gosto de afirmar que a primeira letra das políticas públicas é a letra A, de acesso e de acessibilidade. Quando atuamos nas políticas culturais, estamos falando de acessibilidade cultural, cultura DEF e cultura do acesso, compreendendo as pessoas com deficiências como sujeitas dos processos de criação, produção, circulação, difusão e formação. Ou seja, essas pessoas são artistas, produtoras, gestoras e agentes culturais que já atuam ou que possam vir a atuar no campo das artes e da cultura”, afirma o secretário de Formação Cultural, Livro e Leitura do MinC, Fabiano Piúba. E completa: “Nesse caminho, a agenda da acessibilidade cultural tem ganhado centralidade no Ministério da Cultura. Este projeto Mapeamento Acessa Mais em parceria com a UFBA é um passo estratégico que estamos trilhando, pois reúne uma ação de mapeamento de artistas e profissionais com deficiência que atuam no país. Promove a mobilização de pesquisadores, docentes, artistas e agentes culturais para o cadastro do mapeamento, além de ser, também, um ambiente de educação com os ciclos de formação em acessibilidade cultural e cultura do acesso. Acreditamos que os resultados, conteúdos e produtos deste projeto serão vitais para subsidiar a construção de uma política estruturante de acessibilidade cultural do Sistema MinC. E que bom estarmos começando por Macapá, nessa parceria com o Laboratório de Acessibilidade Cultural”.

Cultura do Acesso, Acessibilidade Cultural e Cultura DEF

“Quando o assunto é pessoa com deficiência, ainda muito se confunde os significados de cultura do acesso, acessibilidade cultural e Cultura DEF. Ainda há que se consolidar esses três conceitos para permitir o avanço das políticas públicas efetivas voltadas para esse público, de modo a sair da velha política assistencialista. Mas, para além dos conceitos, entender que o acesso não deveria ser questionado e, sim, já estar enraizado na sociedade, que a acessibilidade cultural contempla não só a pessoa com deficiência como espectadora e consumidora, mas como fazedora de cultura e protagonista. E, por fim, entender o que é a Cultura DEF e que ela resiste e contribui para a construção de uma sociedade menos capacitista, onde é feito o caminho inverso do que estamos acostumados que é: trazer as pessoas sem deficiência ao mundo das pessoas com deficiência e assim quebrar os estigmas e construir uma convivência mais saudável”, diz Aline Zeymer.

Ideia complementada pela fala de Edu O.: “a produção artística de pessoas com deficiência atravessa os tempos nas mais diversas linguagens e é preciso reconhecê-la e valorizá-la como uma Cutura DEF pelas suas especificidades e pelas contribuições técnicas, estéticas, poéticas e metodológicas que a própria deficiência fomenta, quer seja em movimentos, tecnologias, formas de comunicação, escrita… a deficiência produz conhecimentos que são utilizados por todas as pessoas e, sem dúvida, produzimos conhecimentos artísticos de altíssimo nível”.

Fonte: https://www.gov.br/cultura/pt-br/assuntos/noticias/minc-e-ufba-lancam-projeto-de-mapeamento-de-artistas-e-agentes-culturais-com-deficiencia

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