Para combater preconceitos, turma ganha uma personagem com Síndrome de Down
POR PÂMELA OLIVEIRA, RIO DE JANEIRO
Rio – A Turma da Mônica ganhou nova aluna: Tati, uma menina que tem Síndrome de Down. Ela está nas páginas da revista em quadrinhos ‘Viva as Diferenças’, lançada no fim de março. Especialistas acreditam que Tati pode ajudar a fazer com que as crianças aprendam sobre o problema e passem a conviver com mais naturalidade com meninos e meninas com a síndrome, que afeta um em cada 600 bebês nascidos no mundo.

“Isso é inclusão: quando se trata o assunto de maneira natural. Além disso, à medida que as pessoas com Down vão se vendo na revista, na TV, elas se sentem parte integrante da sociedade”, diz a psicóloga Suely Viola, mãe do estudante Breno, 28, que tem a síndrome.
Tati não é a primeira personagem de Maurício de Sousa que tem função social. Ele já criou Dorinha, deficiente visual, e Luca, um cadeirante alto-astral. Por enquanto, a revista será distribuída em associações de pacientes com a síndrome e em consultórios médicos.
“Essa era uma idéia antiga que exigiu muita pesquisa e muito cuidado, pois há muita lenda e preconceito sobre o Down. Na história, Tati entra na escola e a professora fala um pouco sobre a síndrome. É um primeiro passo para conscientizar as crianças”, afirma o desenhista. “No Brasil, as crianças deficientes são segregadas. Nos quadrinhos poderemos mostrar do que elas são capazes”, afirma Maurício.
Risco é maior entre grávidas mais velhas
Especialistas receberam a nova revista com entusiasmo. “A idéia é ótima porque faz com que a pessoa perca o preconceito desde cedo. São crianças com rostos diferentes, mas todas com necessidades parecidas”, diz Fábio Barbirato, chefe do serviço infanto-juvenil do ambulatório de Psiquiatria da Santa Casa.
Segundo o geneticista Juan Lherena, do Instituto Fernandes Figueira, a probabilidade de se ter um bebê com a síndrome aumenta com a idade. “Para uma mulher de 24 anos o risco é de um bebê com a síndrome em 1.752 partos. A possibilidade vai crescendo devido ao envelhecimento das células germinativas. Para a mulher com 40 anos, o risco é de um a cada 33”.