A experiência canadense em adaptar políticas públicas gerais de diversidade à realidade de um governo municipal. Com esse tema, o diretor administrativo da Região de Peel, em Toronto (Canadá), David Szwarc, encerrou nesta segunda-feira (19), com uma palestra na ENAP, o primeiro dia do Workshop Internacional sobre Equidade e Diversidade no Serviço Público: Gênero, Raça e Direitos Humanos.
Servidor público há 30 anos, David é responsável pela coordenação de todas as funções administrativas e de prestação de serviços aos cidadãos de Peel, além da gestão geral de administração regional. Supervisiona uma organização diversificada que presta serviços públicos essenciais para cerca de um milhão de habitantes nas cidades de Mississauga, Brampton e Caledon, pertencentes à região metropolitana de Toronto. Com 1,2 milhão de habitantes, sendo 560 mil imigrantes e 93 grupos étnicos que falam 70 idiomas diferentes, Peel constitui uma área cujo multiculturalismo configura importante fator social. As pessoas portadoras de deficiência representam 14,8% da população.
David iniciou a palestra comentando que todos os temas relacionados à diversidade brasileira debatidos ao longo do dia em muito se assemelham ao que ocorre no Canadá, exceto pela questão racial, já que o país não passou pelo processo da mão-de-obra escrava dos africanos.
Segundo ele, para instituir a gestão de diversidades nas organizações, “é necessário modificar a cultura em relação à concepção do tema”. Ele detalhou os princípios empregados para nortear os trabalhos dos servidores, como código de conduta, valores regionais (ambiente de apoio e de respeito) e propósito comum (garantia da satisfação dos clientes). Explicou ainda que a região tem um compromisso com a diversidade: ”Esforçamo-nos para cultivar um local de trabalho em que ideias e crenças diversificadas sejam respeitadas e todos os servidores tratados sem discriminação”.
Para que os funcionários incorporem os princípios, afirmou que estão promovendo a conscientização e o entendimento, “gerenciando comportamentos com enfoque nas mudanças”. Para isso, disse, o governo tem aprimorado áreas de capacitação, promovido profundas análises das organizações, bem como elaborado estratégias para vender a ideia de redução das resistências e de rompimento das barreiras discriminatórias.
De acordo com o palestrante, a conscientização – representada pelo desejo de mudar – é assegurada pelo compartilhamento de experiências e recursos, eventos comemorativos e exposições, apresentações, fóruns e sessões de aprendizagem entre todos os integrantes das instituições. Também foi modificada a política organizacional, como a filosofia de contratação de pessoal. “O mais importante é que os gerentes e líderes participam de todas as etapas, para comprovar que todos somos iguais em nossas diferenças e singularidades”, completou. A capacitação, por sua vez, é consolidada por meio de cursos corporativos de sensibilização sobre pessoas com deficiência e sobre inclusão social, visitas de especialistas, constantes auditorias etc.
“Mas não adianta falar, tem que agir”. Com esse propósito, as instituições de Peel realizaram mudanças físicas em suas estruturas, adaptadas às necessidades das pessoas com deficiência. A iniciativa está prevista no Programa de Planejamento de Acessibilidade, que tem contribuído para a criação de serviços regionais destinados a proporcionar locais de trabalho que garantam a presença de todos, sem qualquer tipo de barreira.
Fonte: http://www.enap.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1004