HENRI THIAGO PERES
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Em parceria com Embaixada da Espanha, UnB promove encontro musical com crianças na Sala Martins Penna do Teatro Nacional. Foi uma oportunidade de integrar as que têm síndrome de Down
Parceria entre a Embaixada da Espanha e a Universidade de Brasília (UnB) possibilitou que um duo de músicos criasse o Projeto SPES, cujo nome foi inspirado neles.
O objetivo da iniciativa é promover o intercâmbio musical entre os dois países. Enquanto o duo SPES (esperança em latim) foi mostrar o trabalho desenvolvido no Brasil em solo espanhol, o mesmo ocorreu por aqui.
Brasília recebeu no último dia 20 o quarteto espanhol Blau Kamara Quartet, na Sala Martins Penna do Teatro Nacional. Antes disso, os espanhóis ministraram uma oficina infantil no Departamento de Música da UnB. Um dia antes do concerto, o professor Ricardo Dourado recepcionou pais e filhos, convidando-os a apreciarem a cultura de outro país. Meninos e meninas com idade entre quatro e seis anos puderam interagir com os músicos.
Propostas como essas são fundamentais quando, dentre as 15 crianças selecionadas, cinco eram portadoras da síndrome de Down. No auditório era nítido, mesmo antes de as atividades começarem, o entusiasmo e a disposição daqueles que seriam naquela tarde aprendizes de músicos.
Inicialmente os profissionais, devidamente posicionados no palco, foram apresentados ao público dizendo o que tocavam. Executaram canções e entre elas havia interação com as crianças. Uma das atividades era a demonstração de cada instrumento. Todas as crianças, junto com a orquestra, pegaram o que foi distribuído para elas e acompanharam os músicos, criando uma verdadeira sinfonia ao modo delas.
Apesar de muitos já estarem inseridos na música há algum tempo, a criançada achou o máximo tudo que estava acontecendo. Para elas, a novidade é sempre um atrativo. O ponto alto da oficina e um dos mais gratificantes foi quando uma das integrantes do quarteto, comandando a oficina, perguntou aos pequenos se eles haviam memorizado o nome de cada instrumento. Surpreendentemente ou não, o êxito foi total.
Uma experiência de interatividade
Ricardo Dourado, além de ser responsável por esta oficina, desenvolve na universidade um projeto de extensão em música e considera este evento como uma experiência interativa de compartilhamento da música com as crianças. Todas elas foram selecionadas devido à idade, quando há um nível de concentração maior e padronizado. Além disso, a possibilidade de ser utilizada uma linguagem mais simples foi outro aspecto considerado.
Os portadores de síndrome de Down sempre estiveram na mente do professor, mas sem esquecer as demais crianças. Essa mistura proporcionou uma integração maior entre as diferenças. Quanto à forma de lidar com estas crianças, o professor estava tranquilo. “Elas já estão acostumadas com essa rotina de aula de música há um bom tempo. Então, não há motivo para se preocupar com a didática estabelecida durante a oficina”, declarou Ricardo.
Contato ajuda a aceitar as diferenças
Quem também não se preocupou foram os pais das crianças. Para Humphrey, pai de Nathália, de cinco anos, quanto mais cedo o contato dela com crianças portadoras da síndrome, melhor. “Esse contato contribuirá na aceitação das diferenças”, afirma Humphrey.
O pai de Gabriel Miguens, de cinco anos, também elogiou a iniciativa da universidade. Jefferson Miguens acredita que uma universidade aberta a esse tipo de discussão traz grande contribuição ao crescimento das crianças.
Como todo portador da síndrome, Gabriel tem algumas sequelas. “Sua maior dificuldade é na fala, mas mesmo assim ele é uma criança superamorosa”, disse o pai da criança. Gabriel freqüenta as aulas de música promovidas pela universidade desde os seis meses de idade e graças a isso seu desempenho é sempre surpreendente.
“Fiquei muito feliz, pois ele correspondeu ao que foi proposto e estava bem à vontade”, comemorava Jefferson.