Fundamental para a Educação e a inclusão de deficientes visuais, local precisa de investimentos e infraestrutura adequada
por HELENA FURTADO
Instalada provisoriamente na Casa de Cultura Mario Quintana, no Centro de Porto Alegre, a audioteca da Biblioteca Pública do Estado oferece a pessoas com deficiência visual diversas obras literárias em braile, transcritas em fitas cassete, CDs e MP3. A responsável pelo empréstimo, Marli Bion, pós-graduada em Educação Especial e especialista em Educação de cegos, contabiliza 198 volumes em CDs, 167 fitas e 5.002 livros em braile. Segundo Marli, muitas das doações são recebidas da Fundação Dorina Nowill Para Cegos, que disponibiliza obras em braile e em áudio para todo o país. Recentemente, a Sociedade Bíblica doou um exemplar da Bíblia Sagrada.
O maior problema enfrentado hoje pela audioteca é a falta de espaço. A previsão mais otimista aponta término da reforma do prédio da Biblioteca Pública em 15 meses. Os computadores, equipados com programas especiais para portadores deficiência visual, não estão instalados por falta de espaço. ‘Faltam funcionários e o ambiente é restrito. A expectativa é que, em um novo local para o acervo, possamos atender melhor este público. É um serviço muito importante para essas pessoas’, salienta a especialista.
Marli destaca que o acervo em braile ocupa muito espaço. ‘Uma página de um livro comum corresponde a três páginas de um volume em braile’, revela. Também a localização da audioteca dificulta o acesso dos usuários. Ela explica que, geralmente, eles esperam que a audioteca esteja localizada junto à biblioteca, com estrutura para leitura e escuta das obras em áudio, o que não acontece no atual ambiente. ‘O usuário precisa descer degraus para chegar até aqui. Tudo isso prejudica o acesso’, diz. Ela lembra que excelentes obras estão gravadas somente em fitas e que a maioria das pessoas não dispõem mais de equipamento para ouvi-las. Todo o material em cassete tende a se perder com a deterioração causada pelo tempo. Seria necessário digitalizar todas as fitas cassete para que não se percam. Uma obra como ‘O Guarani’, por exemplo, ocupa 11 cassetes. A audioteca oferece ainda cursos de Musicografia e Leitura em Braile. Os deficientes visuais podem retirar livros e material em braile gratuitamente, mediante cadastro. O local funciona de terça a sábado (Andradas, 736). Detalhes: (51) 3221-7147.