Cristiane Sinatura
Nem todas as crianças ou jovens gostam de futebol, vôlei, handebol ou
basquete. Mas, não raro, são obrigados a aprender as técnicas e a participar
de jogos na escola – o que pode criar desinteresse pela atividade física em
geral. Este é apenas um exemplo da importância de incentivar e discutir
novas possibilidades de práticas corporais em educação física, objetivo do
curso de extensão Cultura corporal: fundamentação e prática pedagógica, que
acontece a partir de 21 de agosto na Faculdade de Educação (FE) da USP, e
que já tem as inscrições abertas.
O curso surgiu a partir de estudos do Grupo de Pesquisa em Educação Física
Escolar da FE, que trabalha com escolas da rede estadual e municipal,
analisando propostas diferentes em práticas corporais. Os participantes
terão a oportunidade de assistir a palestras de docentes convidados que
trabalham com currículos diferenciados em educação física e de analisar e
discutir projetos já existentes.
Educação física e diversidade
Considerando que as sociedades se mostram cada vez mais heterogêneas, Marcos
Garcia Neira, professor responsável pelo curso, defende que as propostas e
práticas pedagógicas, inclusive em educação física, precisam se atualizar e
se adaptar.
Na opinião do professor, a educação física pode funcionar como um
instrumento de distinção – mas não de exclusão – no sentido de adaptar as
práticas culturais e corporais de uma comunidade no currículo escolar. “A
escola hoje funciona em um modelo democrático que recebe a todos. Portanto,
deve valorizar e contemplar as diferenças”, afirma.
Segundo Neira, os currículos são basicamente iguais em todas as escolas de
todos os lugares, e “correspondem a um modelo de sociedade que hoje estamos
reconstruindo” . Nesse contexto, então, seria preciso trabalhar com uma
perspectiva cultural, fugindo da lógica que se limita a futebol, basquete,
handebol e vôlei – esportes brancos e euroamericanos.
“A educação física escolar não pode ser igual às aulas da escolinha de
futebol, aonde vão aqueles que se interessam pelo esporte”, afirma o
professor da FE. “Claro que esses esportes não devem ser excluídos, afinal
também são manifestações culturais e os alunos precisam conhecê-los. Mas
aprender a jogá-los não deve ser uma obrigação”.
Professor Marcos Garcia Neira
Neira defende a adoção de modalidades variadas dentro do vasto campo da
prática corporal – brincadeiras, esportes, luta, dança e ginástica. O
professor explica que, ao contrário do senso comum acerca da educação
física, o video game, a pipa, a capoeira, o jogo de damas, os carrinhos e as
bonecas, o skate, o surfe, a bocha e o arborismo, por exemplo, podem ser
perfeitamente introduzidos no currículo escolar, desde que haja abordagem
teórica e adaptações necessárias ao espaço físico da escola. “Antes da
prática corporal, a turma precisa conhecer não só as regras, como também o
contexto daquilo que vai praticar, de forma a criar algum tipo de relação
com a prática”, explica.
Ele cita, ainda, a necessidade de se abordarem as modalidades paraolímpicas
como forma de inclusão. “A criança especial frequenta a escola, mas não tem
a chance de praticar atividades físicas nas aulas nem de conhecer as
modalidades de inclusão”, explica o professor. “Da mesma forma, os alunos
que não portam deficiência precisam aprender sobre esse tipo de prática”.
Serviço
Com início em 21 de agosto, curso de extensão Cultura corporal:
fundamentação e prática pedagógica tem carga horária de 30 horas. As aulas
acontecem quinzenalmente, às sextas-feiras, das 19h30 às 23 horas, na
Faculdade de Educação da USP (Av. da Universidade, 308, Cidade
Universitária, São Paulo). Os professores responsáveis são Marcos Garcia
Neira e Mário Luiz Ferrari Nunes.
O curso é gratuito e as inscrições podem ser feitas na Seção de Apoio
Acadêmico da FE (sala 19 do bloco B).
Fonte de informação: USP Online, 30 jul. 2009.
Professores Marcio Garcia e Mário Luiz,
Sou estudante do curso de Educação Física , sou de Belo Horizonte , gostaria muito de estar participando desse curso sobre a inclusão na Educação Física, devido a distância não poderia participar, quando estiver cursos próximo a Belo Horizonte me envia no email.
Obrigado!!!