
A publicidade usa cada vez mais elementos infantis para atrair a atenção de crianças para o consumo. Não é raro encontrar propagandas – de produtos infantis e adultos – que utilizam apelos visuais e infantis para incentivar o consumo do produto anunciado. Por conta disso, entidades e organizações sociais lançaram, na última quarta-feira (9), o manifesto “Publicidade Infantil Não – pelo fim da publicidade e da comunicação mercadológica dirigida ao público infantil”.
De acordo com Lais Fontenelle Pereira, coordenadora de Educação e Pesquisa do Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana, o manifesto tem como objetivo “proteger a criança e discutir o consumismo”. Até agora, 3.856 pessoas físicas e organizações sociais já assinaram o manifesto, que pede o fim da propaganda destinada a crianças menores de 12 anos de idade.
Para Lais, a ideia é mobilizar a população sobre o problema da publicidade infantil e do consumismo, e pressionar o Estado para discutir o assunto e regulamentar a publicidade voltada para a criança no Brasil. De acordo com ela, não é por acaso que há tantos anúncios – de produtos infantis e adultos – destinados a crianças. Isso porque, segundo a coordenadora, elas são as principais promotoras de vendas: “80% do [poder] decisão da compra é da criança”, afirma.
Lais explica que a maioria dos menores de 12 anos de idade ainda não tem capacidade crítica completamente formada, sendo, assim, as mais vulneráveis aos anúncios e ao consumismo. “[Elas] não entendem a persuasão da propaganda”, considera.
“A criança é hipervulnerável. Ainda está em processo de desenvolvimento bio-físico e psíquico. Por isso, não possui a totalidade das habilidades necessárias para o desempenho de uma adequada interpretação crítica dos inúmeros apelos mercadológicos que lhe são especialmente dirigidos.”, afirma o manifesto.
Para Lais, a propaganda “convida a criança a ingressar no mundo adulto” mais cedo. Segundo ela, pesquisas revelam que a publicidade de produtos dirigidos à criança gera graves consequências, como obesidade infantil e transtornos alimentares, erotização e alcoolismo precoce, e violência juvenil ocasionada pela falta de dinheiro para comprar o produto anunciado.
De acordo com o manifesto, muitos produtos anunciados não podem ser comprados pelas crianças ou pelos pais devido ao alto preço. “Acreditamos que a utilização da criança como meio para a venda de qualquer produto ou serviço constitui prática antiética e abusiva, principalmente quando se sabe que 27 milhões de crianças brasileiras vivem em condição de miséria e dificilmente têm atendidos os desejos despertados pelo marketing.”, comenta o abaixo-assinado.
A coordenadora lembra ainda que a criança precisa de dinheiro para consumir o produto anunciado, e, como não podem trabalhar para conseguir o dinheiro, os pais acabam sendo os principais responsáveis pelo ato de compra. “Por que, então, não dirigir a propaganda aos pais, que possuem condições de compra e capacidade crítica formada?”, questiona.
O manifesto “Publicidade Infantil Não” pode ser assinado por qualquer pessoa física ou jurídica no site: http://publicidadeinfantilnao.org.br
___________________________
Fonte de informação: Adital