Mesmo com escolaridade, jovens do Mercosul têm difícil acesso ao emprego

Pessoa segurando carteira de trabalho.
Apesar de terem maior grau de escolaridade do que seus pais, os jovens da Argentina, do Brasil, Uruguai e Paraguai – nações que compõem o Mercado Comum do Sul, Mercosul – possuem mais dificuldades de inserção no mercado de trabalho. O dado é do Informe sobre Desenvolvimento Humano para o Mercosul 2009-2010 “Inovar para incluir: Jovens e desenvolvimento humano”, apresentado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).Os mais de 65 milhões de jovens que vivem nesses quatro países “têm projetos, sonhos e grande capacidade para ser protagonistas da mudança e contribuir para o desenvolvimento humano em suas sociedades”, diz o documento do Pnud. Entretanto, 60% dos jovens da Argentina, do Brasil e Uruguai estão desempregados, enquanto que no Paraguai esse percentual chega a 70%.

Na Argentina, 22% dos jovens não estudam, nem trabalham. No Brasil, esse percentual é de 19%, sendo que 29% desse grupo encontram-se em atividades econômicas informais. Já no Paraguai, o percentual de jovens que não estudam, nem trabalham chega a 21%, enquanto que no Uruguai, a 18%.

Outro ponto levantado pelo informe é a informalidade, acarretando em problemas previdenciários para os jovens e a sociedade como um todo. Nos quatro países, o número de jovens que não contribui com a seguridade social está acima da média global. O caso mais delicado é o do Paraguai, onde 92% dos jovens entre 20 e 24 anos não contribuem para o sistema previdenciário.

Ainda entre os jovens, as mulheres são minoria no mercado de trabalho, ocupam cargos inferiores e possuem salários abaixo dos que recebem os homens.

O documento ainda acrescenta a alta vulnerabilidade dos jovens latino-americanos a crimes violentos, quadro 30 vezes mais grave do que o vivenciado pela juventude europeia, por exemplo. “Os jovens possuem um sentimento crescente de insegurança unido à maior exposição à violência”, complementou o texto.

O caso mais grave de violência está no Brasil, onde 97,2 em cada 100 mil homens jovens morrem assassinados, segundo dados de 2008 da Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse valor é bem mais elevado que a taxa média da população, que é de 26,2 assassinatos em cada 100 mil pessoas.

Segundo o Pnud, os jovens estão se tornando “protagonistas estratégicos” do desenvolvimento humano do Mercosul. Como motivos, o programa apresenta a heterogeneidade social e diversidade cultural, o que possibilita maior sociabilidade e produção de informação através das mudanças tecnológicas e comunicacionais.

Dessa forma, os jovens buscam mais reconhecimento, equidade e participação, “combinando a experiência de seus pais com formas inovadoras de conceber a vida cotidiana”, considerou o Pnud. Além disso, apesar de os jovens reconhecerem o problema da insegurança e violência, eles “não renunciam ao uso dos espaços públicos. Buscam gerar estratégias novas de proteção coletiva”.

Em 2008, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Argentina a colocou na posição 49, entre os valores de IDH de todos os países do globo. O Uruguai veio em seguida, na posição 50; o Brasil, em 75; e o Paraguai, em 101. O IDH é medido a partir da longevidade e saúde da população nacional, do conhecimento e do acesso a um nível de vida decente.

Para o Pnud, o Estado deve estimular o potencial profissional da juventude. “Superar os aspectos negativos e aproveitar as potencialidades depende, sobretudo, dos próprios jovens, mas também de suas sociedades e de seus Estados, e do enfoque de integração regional que se adote”, diz o texto.

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