Nos dias de hoje, o currículo deve se voltar para a formação de cidadãos críticos, comprometidos com a valorização da diversidade cultural, da cidadania e aptos a se inserirem num mundo global e plural.
A partir do século XX, o currículo passa a ser visto como uma construção, uma seleção da cultura que deve estar comprometida com a emancipação das classes oprimidas, com a ligação de conteúdos a experiências vividas por essas classes, de maneira a provocar uma conscientização de suas condições de vida e uma perspectiva de mudança destas.
O caráter excludente de algumas escolas e do currículo tradicional, que reproduzem as desigualdades sociais, ao trabalhar com padrões culturais distantes das realidades dos alunos devem ser abolidos, pois além de “expulsar”, via reprovação e evasão, os alunos que mais necessitam da escola para sua educação, não estão mais de acordo com as propostas da educação e realidade atuais.
Segundo Canen (2000, 2001, 2002, e 2003), Assis & Canen (2004), Canen e Moreira (2001), o currículo, na visão multicultural, deve trabalhar em prol da formação das identidades abertas à pluralidade cultural, desafiadoras de preconceitos em uma perspectiva de educação para a cidadania, para a paz, para a ética nas relações interpessoais, para a crítica às desigualdades sociais e culturais.
Um currículo multicultural pode trabalhar em todas as perspectivas. Pode apresentar fases folclóricas, em que mostre a influência de diferentes povos na formação da cultura (como, por exemplo, a influência dos árabes nas ciências, na matemática; a influência dos africanos na cultura brasileira e de outros povos), como também pode, em outros momentos, trabalhar com a perspectiva multicultural crítica de desafio a preconceitos, formação da cidadania e questionamentos acerca da desigualdade que atinge determinados grupos (por exemplo, pode-se na literatura trabalhar com textos, apesar de ressaltado seu valor literário, aparece traços preconceituosos contra negros, mulheres, idosos, e assim por diante, contextualizando essas ideias, mostrando suas raízes históricas, enfatizando a sua influência acerca do autor e revelando modos de vê-las e enfrentá-las nos dias atuais).
No entanto, pode ainda em momentos diferentes mostrar a diversidade dentro da diversidade. Nesse caso, por exemplo, pode questionar conceitos estereotipados em notícias de jornal, que fazem referência a povos e grupos de maneira homogeneizadora.
Dessa forma, as demandas por um currículo multicultural, na época contemporânea de pluralidade cultural, de conflitos, de ataques terroristas de exasperação dos preconceitos e das diferenças, de desafios éticos na formação da juventude, têm sido enfatizadas na literatura acerca do currículo, nacional e internacional.
* Pedagoga e escritora. Atua como Orientadora Pedagógica no CIEP 277 João Nicoláo Filho “Janjão”, na E. M. Francisca Pinheiro Teixeira, Cantagalo-RJ e no CELC Centro Educacional Labor de Cordeiro.
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