DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: UMA ANÁLISE DAS CAUSAS E IMPLICAÇÕES NO PROCESSO PEDAGÓGICO DE ALUNOS DE 1ªSÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL.
Angélica França Goto
Dissertação de conclusão do Curso de Mestrado em Educação da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, aprensentada para a obtenção do título de Mestre em Educação. Orientadora: Profª Drª Fábia Liliã Luciano
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
Uma rosa com outro nome
Por Jan Hunt, Psicóloga Diretora do “The Natural Child Project”
Imagine por um instante que você está visitando um viveiro de plantas. Você percebe uma agitação lá fora e vai investigar. Você encontra um jovem assistente lutando contra uma roseira. Ele está tentando forçar as pétalas da rosa a se abrirem, e resmunga insatisfeito. Você lhe pergunta o quê está fazendo e ele explica: “meu chefe quer que todas essas rosas floresçam essa semana, então na semana passada eu cortei todas as precoces e hoje estou abrindo as atrasadas. Você protesta dizendo que cada rosa floresce há seu tempo é absurdo tentar retardar ou apressar isso.
Não importa quando a rosa vai desabrochar – uma rosa sempre desabrocha no momento mais oportuno para ela. Você olha novamente a rosa e percebe que ela está murchando, mais quando você o alerta, ele responde: “Ah, isso é mau, ela tem disdesabrochamento congênito. Vamos ter que chamar um especialista”. Você diz: “Não, não! Foi você quem fez a rosa murchar! Você só precisaria satisfazer as exigências de água e luz da planta e deixar o resto por conta da natureza!” Você mal consegue acreditar no que está acontecendo. Por quê o chefe dele é tão mal informado e tem expectativas tão irreais em relação às rosas?
Essa cena nunca teria se passado em um viveiro, é claro, mas acontece todos os dias em nossas escolas. Professores pressionados por seus chefes seguem calendários oficiais que exigem que todas as crianças aprendam no mesmo ritmo e do mesmo jeito. No entanto as crianças não diferem das rosas em seu desenvolvimento: elas nascem com a capacidade e o desejo de aprender, e aprendem em ritmos diferentes e modos diferentes. Se formos capazes de satisfazer suas necessidades, proporcionar um ambiente seguro e propício e evitar nos intrometer com dúvidas, ansiedades e calendários arbitrários, aí então – como as rosas – as crianças irão desabrochar cada uma a seu tempo.
Introdução
O interesse em aprofundar os conhecimentos teóricos e práticos sobre esse tema “Dificuldade de Aprendizagem: uma analise das causas implicações no processo pedagógico de alunos de 1ª série do Ensino Fundamental”, surgiu em virtude da pesquisadora ser psicóloga clínica, escolar, docente e por atuar como orientadora de estágio supervisionado na disciplina de Psicologia na Educação, no curso de Psicologia da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Dessa forma é freqüente na sua prática profissional receber queixas de pais e estagiários acerca de situações que dificultam a aprendizagem dos alunos de séries iniciais.
Entende-se que na primeira série existem alunos que por diversos motivos não acompanham o que lhes é ensinado independente do nível de complexidade dos conteúdos ou da metodologia utilizado pelo professor. Assim muitos são os rótulos atribuídos a esses alunos: criança problema, aluno com distúrbio de aprendizagem, indisciplinados, hiperativos, crianças com disfunção cerebral mínimo ou déficit de atenção.
Mas estes rótulos não auxiliam as crianças ou tão pouco os professores no sentido de diagnosticar os fatos. Portanto, quando observa-se essas dificuldades detecta-se que as mesmas interferem de modo direto na interação da criança com o seu mundo natural e social.
A expressão dificuldades tem sido utilizada em múltiplos sentidos fundamentalmente, à diversidade de fatores intervenientes no processo da aprendizagem humana, assim como a diversidade de profissionais que se dedicam ao tema.
Nos últimos anos, o número de aluno que manifestam dificuldades em aprender tem crescido sensivelmente, no entanto muitos desses alunos perdem o interesse pela escola e a falta de motivação, desenvolvendo a insegurança e o senso de baixa auto-estima, isolando-se das aulas até evadir-se por completo.
Reprovações e abandono escolar são freqüentes na vida desses alunos que apresentam algum tipo de dificuldade, distúrbio ou problema de aprendizagem.
Nesse sentido, identificar, descrever e analisar as causas e implicações no processo pedagógico de alunos de 1ª série do ensino fundamental da Escola Prof° Lapagesse de Criciúma-SC, à luz da literatura com vistas a explicar teoricamente os elementos que interferem no objeto estudado, foram propósito dessa investigação.
O local de realização foi a referida escola citada acima, o número de envolvidos no estudo foi de oitenta (80) pessoas, sendo três (03) professoras de 1ª série, dois (02) professores de Educação Física e os respectivos alunos perfazendo a soma de setenta e cinco (75).
Do universo investigado, foi necessário identificar os alunos que apresentaram sinais de dificuldades de aprendizagem.
O tipo de amostragem foi casual probabilística estratificada (cada estrato, definido previamente está representado na amostra).
Para estudar e analisar o referido tema foram realizadas observações nos períodos de entrada, durante o período de recreio, em sala de aula, nas aulas de Educação Física e no encerramento das atividades diárias. As observações foram realizadas com os alunos por meio de um roteiro semi-estruturado e com as três (03) professoras das turmas de 1ª série foi adotado o roteiro de entrevista estruturada, cujas técnicas foram à observação e a inquirição.
Resumo
O presente estudo teve como objetivo: identificar, descrever e analisar as visões dos professores sobre as causas e implicações das Dificuldades de Aprendizagem de alunos de 1ª série de uma escola de Ensino Fundamental, levantando e revisando a literatura pertinente a temática, buscando explicar historicamente os elementos que interferem no objeto estudado. Da literatura empregada podemos citar: CIASCA (1990), FONTOURA (1994), BRUCE (1997). O estudo foi básico, de natureza qualitativo, exploratório, descritivo e analítico. Através dos resultados obtidos, percebeu-se que as observações em sala de aula comprovam as hipóteses levantadas.
Palavras-chave: problemas, dificuldades, distúrbios de aprendizagem.
Abstract
This present study had as objective: to identify, to describe and to analyze the teachers’ visions about the causes and the implications of the difficulties of students’ of 1 st series of a School of Fundamental Teaching learning, lifting and revising the pertinent literature the thematic, looking for to explain the elements that interfere in the studied object historically. Of the literature maid we can mention: CISCA (1990), FONTOURA (1994), BRUCE (1997). The research was basic, of qualitative, exploratory, descriptive a analytic nature. Through the obtained results, it was noticed that the observations in class room check the lif up hypotheses.
Word-key: Problems, difficulties, learning disturbances.
Material Humano: Para o desenvolvimento do estudo foi necessário a colaboração de uma equipe de profissionais envolvidos nas atividades da Escola.
A pesquisadora realizou a coleta dos dados tendo como colaboradores as Diretoras, as especialistas, os professores que lecionam nas referidas turmas e seus alunos.
Procedimentos Metodológicos
O tipo de estudo realizado foi básico que segundo Luciano (2001;12): “tem por objetivo produzir novos conhecimentos para o avanço da ciência, embora sem aplicação é a verdade e os interesses universais”.
O estudo foi de natureza quantitativa, qualitativa, descritiva e analítica das Dificuldades de aprendizagem: uma análise das causas e implicações no processo pedagógico de alunos de 1ª série do ensino fundamental.
O local da realização do estudo foi a Escola de Ensino Fundamental Profª Lapagesse, situada à rua Marechal Floriano Peixoto, 255-centro Criciúma-SC.
O número de envolvidos no estudo foi de oitenta (80) pessoas, sendo três (03) professoras de 1ª série, dois (02) professores de Educação Física e seus respectivos alunos, perfazendo a soma de setenta e cinco (75).
Deste universo investigado foi necessário identificar os alunos que apresentam sinais de dificuldades de aprendizagem.
Para estudar e analisar o referido tema foi realizado observações em salas de aula na entrada, durante o período de recreio, aulas de Educação Física e término das aulas, por meio de um roteiro de observações semi-estruturado. Aplicou-se também um roteiro de entrevista estruturada com as três (03) professoras das turmas de 1ª séries cuja técnica é a inquirição.
Após o levantamento das informações foi adotado o método de análise de conteúdos, visando articular os dados coletados com a literatura científica existente na área de dificuldades de aprendizagem.
Referencial Teórico
Três palavras foram propositadamente escolhidas e são significativas no desenvolvimento desse estudo a primeira delas dificuldades de aprendizagem que de acordo com Antunes (1999), as dificuldades de aprendizagem envolvem alunos comuns, aparentemente sem danos de natureza médica ou psicóloga que necessitem de práticas educativas especiais.
Apresentam dificuldades de aprendizagem crianças que, examinadas por uma equipe psicopedagógica e interdisciplinar, mesmo recebendo exercícios e atividades apropriadas para seu nível de idade e de capacidade, não rendem de acordo com esses níveis em uma ou mais áreas dentre as seguintes: expressão oral, compreensão oral, expressão escrita com ortografia adequada, habilidade básica de leitura, compreensão da leitura, cálculo matemático.
Alguns comportamentos surgem a partir das mesmas condições neurológicas que causam dificuldades de aprendizagem. Embora, muitos alunos que apresentam dificuldade de aprendizagem sentem-se felizes e ajustados, alguns desenvolvem problemas emocionais. Muitos desistem de aprender e desenvolvem estratégias para evitar a escola, questionam sobre sua própria inteligência, tendem-se a isolar-se socialmente, com freqüência sofrem de solidão e de baixa auto-estima. Estão propensos a abandonar os estudos, sentem-se frustrados e a insegurança pode acompanhar esses alunos até a idade adulta.
Muitos poderão ter dificuldades de se relacionar e fazer amizades, seus altos e baixos emocionais podem levar a família a um tumulto. É difícil para muitos pais verem os filhos desistirem de si mesmos de seus sonhos.
O mais indicado para os pais que tem filhos com dificuldades de aprendizagem será a parceria com os professores e orientadores escolares para o enfrentamento desses problemas.
A segunda palavra estudada é problema de aprendizagem que na visão de Martin e Marchesi (apud Christofi, Tozzi e Onest (1997), o conceito de problemas de aprendizagem ou atraso na aprendizagem é muito amplo, o seu significado abrangeria qualquer dificuldade observável enfrentada pelo aluno para acompanhar o ritmo de aprendizagem de seus colegas da mesma faixa etária, seja qual for o fator determinante desse atraso. Assim a população é de uma heterogeneidade não sendo simples encontrar critérios que delimitem com maior precisão.
Conforme Major (1987: 02), o termo problemas de aprendizagem é freqüentemente mal interpretado, devido às várias definições que lhe foram atribuídos. Geralmente, quando se refere a uma criança com problemas de aprendizagem, refere-se a uma criança de inteligência mediana (ou acima da média) sem problemas emocionais ou motores sérios e que pode ver e ouvir a partir dos parâmetros normais. Porém, a mesma poderá apresentar alguma dificuldade nas atividades escolares habituais. Essa criança não é o aprendiz vagaroso, que não tem habilidade para aprender em ritmo normal, ou uma criança emocionalmente perturbada e socialmente mal ajustada.
Os rótulos empregados na descrição dessas crianças, tais como: deficiência perceptiva, lesão cerebral, disfunção mínima cerebral (DMC), dificuldade, problema ou distúrbios de aprendizagem merecem ser refletido pelos profissionais da educação para não haver ocorrências de uso de termos inapropriados para expressar as dificuldades de aprendizagem.
Entende-se que a expressão problemas de aprendizagem tem sido utilizada em múltiplos sentidos, devido fundamentalmente à diversidade de fatores intervenientes no processo da aprendizagem humana, como à diversidade de profissionais que se dedicam ao tema.
Segundo Ferreiro (1987: 15), afirma que, o que acontece no início da escolaridade primária é decisivo para todo o resto da história escolar da criança. É no primeiro ano das séries iniciais, que a criança é definida como um aluno lento, rápido, com ou sem problemas. É neste espaço que o aluno receberá a primeira etiqueta, que terá conseqüências no resto de sua escolaridade.
A terceira palavra estudada é distúrbios de aprendizagem que de acordo com Bruce (1997: 04), refere-se aos distúrbios de aprendizagem como, um termo mais amplo do que incapacidade de aprender (que é subconjunto de distúrbios de aprendizagem), pois o termo distúrbios de aprendizagem, não exclui o retardo mental ou as etiologias adquiridas.
Historicamente, o retardo mental foi o primeiro distúrbio de aprendizagem descrito e estudado.
Para Ciasca (1991), as características dos indivíduos com distúrbios de aprendizagem, podem ser identificadas de um modo geral, algumas como déficit de atenção, falha no desenvolvimento e nas estratégias cognitivas para a aprendizagem, dificuldade perceptual e problemas no processamento da informação recebida, dificuldade na linguagem oral e escrita dificuldade na leitura, dificuldade em raciocínio matemático e comportamento social inapropriado.
O processo diagnóstico do aluno com distúrbio de aprendizagem não é algo simples, no entanto, muitas vezes o professor suspeita de que algo não esta dentro da normalidade com um aluno e lhe atribui de irresponsável, o rótulo de portador de distúrbios de aprendizagem. Percebe-se que é necessário avançar em relação aos rótulos e julgamentos precoces, buscando conhecer o aluno e compreender seu desempenho.
Eliminada a possibilidade de que fatores relacionados à prática pedagógica e às condições sócio-econômicas do aluno sejam os determinantes da situação constatada, a suspeita inicial de um (a) professor (a) deveria ser investigada através de uma avaliação interdisciplinar, envolvendo avaliações psicológicas, pedagógicas e neurológica.
Esse processo diagnóstico exige avaliações precisas que deveriam ser abrangentes, possibilitando a coleta de informações diferenciados e complementares, pautados na compreensão do desempenho do aluno.
Resultados, Discussão e Conclusão
Após análise dos dados coletados cujo objetivo foi verificar as causas e implicações das dificuldades de aprendizagem e identificar as problemáticas que afetam alunos portadores dessas dificuldades, percebeu-se que a queixa mais freqüente nas turmas observadas remete à leitura (dislexia) e as dificuldades na escrita (disgrafia).
Segundo observações realizadas as dificuldades na leitura e na escrita causam nas crianças analisadas sentimento de fracasso, é através da leitura, que elas vêem outdoors, embalagens, mas não conseguem entender aqueles sinais. Elas não conseguem fazer a transferência do sinal gráfico para o significado.
Dos setenta e cinco (75) alunos observados:
– 23 apresentam dificuldades na leitura e escrita.
– 10 lêem muito pouco.
– 08 ainda não conseguiam ler.
– 05 já haviam reprovados mais de uma vez e continuavam com dificuldades em leitura e escrita.
– 04 apresentavam dificuldades em diferentes disciplinas.
– 01 segundo a fala da professora é hiperativo
– 01 conforme dados da professora apresenta deficiência mental leve (DM).
Através desses dados entende-se que fica difícil para a professora compreender a natureza dessas dificuldades, pois além de estarem relacionadas a uma pluralidade de fatores na maioria das vezes estão freqüentes nos diferentes conteúdos escolares.
As dificuldades de aprendizagem desses alunos pesquisados na área da leitura e da escrita podem ser atribuídas às mais variadas causas orgânicas, psicológicas, pedagógicas e sócio-culturais.
Entende-se que essas implicações vêm acarretar problemas significativos na vida do aluno ao longo do seu período escolar ou pela vida. Percebe-se que, em algumas escolas uma estratégia comumente usada tem sido simulacro e do emudecimento: a única alternativa apresentada como relevante para os alunos da 1ª série é aprender a ler e escrever (o que freqüentemente fica no nível de desejo quando começa constatar a infindável sucessão de fracassos, desajustes e evasão escolar).
Neste contexto, a leitura apresentada para as crianças é ensinada como mera habilidade sem sentido. Como não serve de propósito, não tem utilidade e sentido, não oferece prazer.
Conclui-se que o presente estudo sobre os alunos de 1ª série que apresentam dificuldades de aprendizagem carregam consigo o estigma do desinteresse, preguiça e que as implicações deste problema acarretam prejuízos ao seu processo ensino e aprendizagem e conseqüentemente comprometendo sua vida social.
Desta forma, acredita-se que a criança também aprende através de brincadeiras, músicas, jogos lúdicos e com carinho, atenção dedicação daqueles com quem convive.
Mas é necessário ainda, fazer com que a criança conquiste uma vida de experiências sem restrições e mutilações, com conteúdo emocional sadio.
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Publicado em 04/03/2004 10:03:00
Angélica França Goto – Mestranda em Educação UNISUL-Tubarão SC;Pós Graduações: Didática-Jales SP e Terapia Sexual-Brasília-DF. Graduações: Psicologia UNISUL-SC;Estudos Sociais – UNOESTE-SP;Administração Escolar-UNIMAR-SP;Professora universitária e orientadora de Estágio em Psicologia na Educação-UNESC-SC
Fonte: http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=510
olá tudo bem?estou fazendo minha monografia, gostaria de sugestões de artigos, livros para minha pesquisa em dificuldade de aprendizagem ” habilidade fonologica”, curso fonoaudiologia, moro em são luís-MA.Aguardo.
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Estou preparando meu TCC de conclusão de curso em Pedagogia. Gostaria de saber quais livros devo ler ou site, para pesquisar sobre: Dificuldades de Aprendizagem no Ensino Fundamental.