Turismo Acessível em Socorro – SP

Em matéria de acessibilidade turística, o Brasil ainda engatinha se comparado aos Estados Unidos, Canadá ou Inglaterra. Além das poucas opções de destinos e habitações realmente acessíveis, as existentes costumam ser caras. Mas o município de Socorro (SP), a 130 quilômetros de São Paulo, promete mudar este cenário. Um convênio entre o Ministério do Turismo, a Prefeitura, a AVAPE e o programa Aventura Segura criou o projeto Socorro Acessível, para tornar a cidade – um dos pólos de turismo de aventura mais importantes do interior paulista – o primeiro destino turístico do país totalmente adaptado às pessoas com deficiência.

A AVAPE iniciou a análise do diagnóstico de acessibilidade e do potencial turístico de Socorro há um ano, identificando barreiras arquitetônicas construídas numa época em que as pessoas com deficiência não saíam de suas casas para se divertir, muito menos para viajar. No levantamento, a Organização empregou arquitetos e técnicos em inclusão. ‘Ao todo, serão realizadas nove ações para
acessibilidade, entre elas a instalação de sinais sonoros nos semáforos e construção e adaptação de rampas de acesso em locais públicos, como ruas, praças e museus’, explica a técnica em acessibilidade da AVAPE, Cristiane Ecker. Mais do que promover a inclusão por meio do turismo acessível, Socorro está se adequando ao decreto número 5.296, de 2004, que regulamenta a lei 10.098. Entre outras definições, hotéis e pousadas devem ter 5% de suas acomodações adaptadas para atender pessoas com deficiência, de acordo com a Norma Técnica 9050. Os estabelecimentos de uso público e privado precisam estar adequados até dezembro de 2008.

A adaptação física não foi o único foco da AVAPE. A Organização se preocupou também com a questão comportamental. Em fevereiro, realizou a oficina ‘Colocando as Mãos na Massa’, para empresários e gestores de empresas que oferecem turismo de aventura, esclarecendo dúvidas sobre como iniciar projetos de acessibilidade e atendimento às pessoas com deficiência.

FENAVAPE AVANÇA

A rede social criada pela AVAPE inicia expansão por todas as regiões do país, buscando parceiros que possam multiplicar sua filosofia

A Federação Nacional das AVAPEs (FENAVAPE) completa um ano de existência e anuncia a conclusão da primeira fase do plano de expansão, o estudo de geomarketing. O projeto identificou, nas cinco regiões brasileiras pesquisadas, 25 cidades que atendem aos critérios socioeconômicos definidos como compatíveis para receber uma unidade AVAPE. A segunda etapa terá início com a análise minuciosa para identificação das entidades que poderão integrar a rede AVAPE nestes municípios. ‘A FENAVAPE nasceu com o objetivo de se tornar um organismo voltado a colaborar para a definição de políticas nacionais e articular, junto ao poder público e entidades privadas, os meios para a inclusão social e o exercício da cidadania da pessoa com deficiência em nosso país’, afirma o presidente da FENAVAPE, Marcos Gonçalves. Constituída como uma entidade sem fins lucrativos, a Federação contemplará as atribuições de estimular e promover estudos e pesquisas sobre deficiências, oferecer assessoria técnica e científica às entidades afiliadas, além de representá-las no Brasil e no exterior, conferindo-lhes, assim, maior representatividade. ‘Nosso maior objetivo, no entanto, continua sendo o de promover a qualidade de vida das pessoas com deficiência. Para garantir a excelência e a ampliação dos programas de atendimento, a FENAVAPE fará o acompanhamento sistemático de toda a rede, utilizando equipes especializadas para isso’, reforça o presidente. Atualmente, a Associação possui 14 Unidades, localizadas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Com a implementação da FENAVAPE, este número passará para 31, no período de até três anos.

ATENDIMENTOS

As novas afiliadas da FENAVAPE terão condições de reproduzir os programas de atendimento oferecidos atualmente nas Unidades da Associação. Em 2007, foram mais de 120 mil pessoas atendidas entre os programas de reabilitação clínica, reabilitação e capacitação profissional, desenvolvimento pessoal e social de pessoas com deficiência, além de programas comunitários. ‘O objetivo, agora, é levar toda a experiência adquirida ao longo desses quase 26 anos de existência da AVAPE para aqueles lugares onde não existem os recursos necessários para a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade. Assim, estaremos contribuindo para a formação de um país mais justo socialmente modificando, para melhor, a vida de milhares de pessoas e de suas famílias’, prevê Gonçalves.

AVAPE NET AMPLIARÁ INCLUSÃO NO MERCADO DE TRABALHO

Novo projeto da AVAPE, em parceria com o BID, possibilitará as inclusões social e digital e o primeiro emprego para pessoas com deficiência.

A parceria entre a AVAPE e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), assinada em 2006, começa a mostrar resultados. As adaptações do prédio de três andares, localizado em São Bernardo do Campo (SP), que abrigará o projeto AVAPE NET, novo empreendimento da Associação no setor de contact center, teve a primeira etapa das obras concluída em março. O início das operações está previsto para o mesmo mês.

O projeto AVAPE NET pretende, em quatro anos, criar 600 empregos, entre as modalidades presencial e teletrabalho, para profissionais com mobilidade reduzida e outros que buscam a primeira colocação profissional. Inicialmente, serão investidos 900 mil dólares. O acordo com o BID prevê o início da devolução de parte do investimento pela AVAPE daqui a cinco anos.

Em 1999, quando a AVAPE iniciou suas atividades em telemarketing com 20 posições de atendimento (os chamados PAs), o objetivo era promover a inclusão e profissionalizaçã o de pessoas com deficiência, além de propiciar a autosustentaçã o da entidade. Hoje, o número de parceiros em serviços diferenciados passa de 400.

Mais do que um contact center, o novo projeto tem como objetivo promover as inclusões social e digital e o primeiro emprego. ‘O empreendimento atende às diretrizes da Associação na inclusão de pessoas com deficiência e na geração de recursos para sua auto-sustentaçã o, através de serviços com valor agregado’, explica o vice-presidente executivo da organização, Antônio Carlos Jaloretto. ‘E está alinhado à missão institucional da AVAPE, pois disponibilizaremos treinamento tecnológico e comportamental.’

No que diz respeito à
in
fra-estrutura física e tecnológica, o prédio da AVAPE NET, no bairro de Rudge Ramos, possui o que existe de mais moderno em termos de acessibilidade e segurança de informações. ‘Utilizamos nossa própria consultoria para acompanhar o projeto e identificar as adaptações necessárias. O prédio conta com rampas de acesso e banheiros adaptados de acordo com as instruções da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). As modificações em postos de trabalho serão realizadas conforme a necessidade de cada profissional com deficiência contratado’, diz Jaloretto.

O local contará ainda com sistemas de segurança lógica e física, visando a confidencialidade de informações, além de lanchonete abastecida por produtos preparados por um outro projeto da Associação, o AVAPE Nutre.

Um outro diferencial do empreendimento será a utilização do teletrabalho, uma modalidade de prestação de serviços na qual os profissionais com mobilidade reduzida poderão atuar a partir de suas residências, tendo o apoio e a tecnologia adequadas. ‘Uma das premissas do AVAPE NET é o comprometimento social com a inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho’, finaliza Jaloretto.

INVESTIMENTO COM RETORNO GARANTIDO

A ministra do Turismo, Marta Suplicy, conheceu de perto o projeto e oficializou o repasse de recursos para ações de mapeamento, qualificação do receptivo hoteleiro e serviços do entorno, adaptação e obras de acessibilidade. A atuação da AVAPE como consultora nas questões que envolvem pessoas com deficiência foi elogiada pela ministra. ‘É muito importante contar com uma associação deste porte e know-how. Em situações como esta, o poder público não detém o conhecimento necessário para desenvolver o trabalho.’

ESTABELECIMENTO ACESSÍVEL

A AVAPE disponibiliza o selo de estabelecimento acessível a prestadores de serviços turísticos, de apoio e atividades de aventura. Os serviços oferecidos são: diagnóstico de acessibilidade, mapeamento em municípios, palestras de sensibilização e qualificação para atendimento a pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.

PROGRAMAS

*Reabilitação Clínica – para pessoas com ou sem deficiência, do recém-nascido ao idoso, oferecendo atendimento multidisciplinar nas áreas médicas (psiquiatria, neurologia, pediatria, fisiatria) e paramédicas (psicologia, fonoaudiologia, psicopedagogia, terapia ocupacional, fisioterapia, neuropsicologia e nutrição).

*Capacitação Profissional – mais de 20 cursos de capacitação para pessoas com deficiência e jovens de baixa renda, visando a inserção no mercado de trabalho.

*Centros de Convivência – destinados às pessoas com deficiência intelectual, consiste em estimular as potencialidades e habilidades sociais por meio de atividades artesanais, jardinagem, culinária, entre outras.

*Consultoria – voltada a escolas, hospitais, empresas e outros estabelecimentos. Auxilia na definição de políticas de inclusão, projetos de sensibilização, mapeamento de funções, análise ergonômica e ambiental, acessibilidade, recrutamento e seleção, medicina, segurança e saúde ocupacional, além do monitoramento e acompanhamento das pessoas incluídas.