Rio de Janeiro – Artistas, gestores públicos, pesquisadores e agentes culturais se reuniram hoje (17) no último dia de uma oficina para indicar políticas públicas culturais para inclusão de pessoas portadoras de deficiência. O evento, promovido pelo Ministério da Cultura, por meio da secretaria da Diversidade e da Identidade Cultural, e do Ministério da Saúde, por meio da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), contou, ao longo de três dias, com cerca de 80 participantes.
O professor Paulo Amarante, da Fiocruz, um dos organizadores do evento, destacou o caráter participativo da oficina, ao buscar os interesses e as necessidades relatadas pelas pessoas-alvo.
Segundo ele, entre as propostas discutidas estão a necessidade de se ampliar o acesso das pessoas com deficiência às políticas públicas culturais, inclusive com a publicação de editais com linguagem mais popular; a possibilidade de existirem cotas para projetos de pessoas com deficiência nos editais do Ministério da Cultura e a exigência de critérios de acessibilidade em todos os projetos aprovados pelo MinC que recebam recursos públicos.
O professor ressaltou, no entanto, que o grande compromisso assumido durante a oficina foi o de contar a partir de agora com a participação de representantes desse setor em todas as ações voltadas para pessoas com deficiência no âmbito do Ministério da Cultura.
“Essa é a grande decisão, seguindo o slogan Nada sobre nós sem nós. Nada deve ser feito para as pessoas com deficiência sem a participação delas. É um princípio político, ético, estético e ideológico que assumimos. Afinal, só elas sabem na prática toda a dificuldade que sofrem”, disse.
O ator e bailarino Rogério Andreolli, co-fundador da Pulsar Companhia de Dança, que é cadeirante, também destacou o compromisso como um grande passo para inclusão dos deficientes.
Para ele, o Brasil já avançou bastante em termos de legislação e de prática relativas à inclusão das pessoas com deficiência, mas ainda há muitas lacunas que envolvem toda a sociedade.
“Essa discussão envolve não só o problema de eu acessar o outro, mas do outro também me acessar. É uma via de mão dupla. Quando ele passar a consumir a minha arte ele vai apreciá-la simplesmente como arte. A minha arte é tão eficiente quanto a de qualquer outro artista que não tem deficiência”, disse.
O gerente de articulação nacional do MinC, Fred Maia, ressaltou os esforços que o ministério vem fazendo para inserir todos os brasileiros no contexto cultural do país, valorizando as diversas manifestações.
Segundo ele, as discussões promovidas no Rio de Janeiro reforçam a disposição do governo de valorizar o artista qualquer que seja sua condição.
“A pessoa com deficiência produz cultura, e muitas vezes ela é mostrada de forma folclórica. As pessoas costumam dizer que é um deficiente que pinta e não um artista que tem uma deficiência. O nosso objetivo é dar visibilidade ao conteúdo artístico e criar condições para que as pessoas produzam sua arte e sejam valorizadas. Com isso, permitimos o acesso não só do artista com deficiência à produção cultural, mas da sociedade em geral aos conteúdos culturais produzidos por esses artistas”, afirmou.
Fonte: http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/10/18/materia.2008-10-18.0401221269/view