Painel no Encontro de Finalistas do Concurso Aprender e Ensinar, realizado em Brasília, debate o conceito de TS e os desafios da educação brasileira.

No segundo dia do Encontro de Finalistas do Concurso Aprender e Ensinar, o evento contou com o painel “Educação Pública e Tecnologias Sociais”. “Há muitos projetos acontecendo que se encaixariam no conceito de tecnologia social”, disse Jorge Streit, presidente da FBB, que falou sobre o conceito no painel. De acordo com ele, as iniciativas de tecnologia social interagem com a comunidade, ajudam a resolver seus problemas e podem ser reaplicáveis em outras localidades. Para exemplificar, Streit falou sobre a agroecologia.
A FBB investiu cerca de R$12 milhões na reaplicação da Produção Agroecológica Sustentável (PAIS) entre 2005 e 2009, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Ministério da Integração Nacional. Hoje são 4,2 mil unidades em 15 estados e no DF e cerca de mais dois mil sob responsabilidade de outras instituições. A técnica consiste “no plantio de culturas diferentes e complementares em torno de anéis. No centro do círculo são criados pequenos animais, como galinhas e gansos, cujos dejetos servem para adubar as plantações do entorno”.
“Grande parte da receita da agricultura familiar é gasta com insumos químicos”, afirmou Streit, sobre a rentabilidade da agroecologia. Além disso, ele citou que nas unidades de PAIS, houve uma melhora da prática alimentar: “Antes uma família consumia cerca de três ou quatro tipos de alimentos, com a agroecologia a diversidade subiu para 12”.
A tecnologia social na educação acontece quando iniciativas como essa são levadas para a sala de aula ou outros espaços não formais. Segundo Maria do Pilar Lacerda, secretária de Educação Básica do MEC, “é importante levar a TS para a escola e registrar para que outras pessoas vejam que é possível fazer”.
Para a secretária, essas iniciativas dos educadores mudam a escola, mas há muitos desafios na educação do país. “Há 650 mil crianças ainda fora da escola. Trata-se de um direito e o poder público tem que garantir. Não podemos começar nenhum debate sobre educação sem sair desse patamar.”
Apesar do número alto, ela disse que o país deu um salto. Pilar perguntou à platéia quantos ali tinham curso superior, todos levantaram as mãos. Em seguida, questionou quantos pais dos presentes tinham ensino médio completo, um terço levantou a mão. Por último, indagou quem tinha avós com o ensino fundamental concluído: quase ninguém. Para a secretária do MEC, a emenda constitucional 59 é um avanço nesse sentido, Aprovada em dezembro do ano passado, a EC determina que até 2016, todos as crianças e adolescentes de 4 a 17 anos devem estar matriculados na escola. Hoje o marco legal estabelece entre 6 a 14 anos.
Mas, de acordo com Pilar, o desafio não acaba garantindo escola para todos, é preciso pensar “o que vamos ensinar”. “Se não discutirmos o formato contemporâneo da escola. Vamos fracassar. Hoje a escola é analogia, e os alunos, digitais.”
O concurso
O Encontro de Finalistas do Concurso Aprender e Ensinar aconteceu em Brasília, nos dias 10 e 11 de setembro. No evento, estiveram reunidos 50 educadores de todo o país, que desenvolvem experiências de TS na escola. Desses, cinco serão premiados com uma viagem a Dakar, no Senegal, em 2011, para participar do Fórum Social Mundial. Fruto de uma parceria entre a Revista Fórum e a Fundação Banco Brasil, o concurso está em sua segunda edição.
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Fonte: Revista Fórum