Portadoras do vírus HIV na luta contra o preconceito

Nesta segunda, pelo menos 30 mulheres participaram de oficina no auditório da Vila Olímpica (Luiz Vasconcelos)
Nesta segunda, pelo menos 30 mulheres participaram de oficina no auditório da Vila Olímpica (Luiz Vasconcelos)

Por Victor Affonso

A sensação de coragem, a sede por mais conhecimento e a vontade de interagir e ajudar a próxima levaram uma média de 30 mulheres ao auditório da Vila Olímpica de Manaus, na manhã do dia 2 de maio, quando teve início o primeiro Encontro da Região Norte do Movimento Nacional de Cidadãs Positivas (MNCP), na oficina intitulada “Saber para reagir em língua portuguesa”, que envolveu também representantes de municípios do interior do Amazonas e de outros países, como Angola. O evento segue até a próxima sexta-feira, dia 6.

Uma das pessoas à frente do encontro é Jacqueline Rocha Côrtes, assessora de projetos e programas da Unaids Brasil, que se trata de um programa conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids.

Jacqueline acredita que o objetivo da oficina promovida na cidade esteja no fortalecimento da prática do ativismo e participação das mulheres na luta contra o preconceito.

“É preciso estabelecer um controle social das políticas públicas locais, que visam a redução do estigma do gênero e a ampliação e melhoria do acesso de mulheres vivendo com HIV”, acrescenta a ativista.

“A sociedade tem que entender que a Aids não está resolvida. Tem tratamento, mas é preciso ter mais participação da sociedade”, diz Jacqueline, lembrando que “o preconceito, principalmente contra a mulher soro positiva, ainda é grande”.

Políticas públicas
Nesta quinta-feira, 5, acontecerá uma reunião dentro do Encontro da Região Norte do Movimento Nacional de Cidadãs Positivas com a presença de gestores federal, do Ministério Público e do Amazonas, para fazer um levantamento das políticas públicas para mulheres portadoras do HIV/Aids. A reunião está prevista para acontecer das 16h às 18h.

Atividades ajudam a fortalecer movimento
Uma das participantes, a angolana Rosa Pedro, afirmou, na ocasião, que atividades do tipo deste encontro são muito importantes para fortalecer o movimento.

“É mais importante para acabar com o estigma que ainda existe contra nós. O preconceito, com certeza, está menor, mas não vai acabar assim, rapidamente”, declara.

Para Rosa, a parceria entre os países de língua oficial portuguesa também se mostra fundamental, pois acaba sendo benéfica para os dois lados da troca.

“Com eventos como este, temos a oportunidade de conhecer a realidade de um outro país e aprender, adequar-se à esta realidade. Exemplo disso é a própria Angola, que já aprendeu muito com o Brasil, e pode continuar aprendendo”, conta.

Na manhã desta segunda-feira (2), após a apresentação de cada participante – onde diziam de onde eram e quais as expectativas do evento, abrindo margem para um debate que viria posteriormente – teve início a oficina.

Os anseios e medos de mulheres vivendo com HIV deve ser combatido com informações, principalmente as passadas adiante, resume-se o tema essencial do evento.

Durante os próximos dias, atividades e discussões serão abordadas entre as mulheres. Jacqueline destaca um exercício que traçará um diagnóstico por Estado e da Região Norte como um todo.

“Será um diagnóstico feito por uma consultora em que iremos perguntar de cada representante presente sobre políticas públicas em seu Estado e o andamento de programas de direitos humanos, equidade de gênero, violência doméstica e direitos sexuais e reprodutivos, entre outros”, adianta.

O encontro, mesmo que não seja aberto ao público em geral, pretende cumprir a sua meta, que é acelerar o fim da discriminação contra as mulheres soro positivas e alertar as autoridades públicas para isso.

E o positivismo é constante, pois nem mesmo o peso de uma doença ainda sem cura pode fazer com que essas pessoas deixem o sorriso desaparecer de seus rostos.

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Fonte: A Crítica

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