ANDREI BASTOS
Li “A privataria tucana” hoje (15/01/2012) e registro aqui o início do Epílogo, de que gostei: “Depois desta jornada pelos pântanos da política em que todos são vilões e o Brasil é a vítima…”. Minha próxima leitura será “O chefe”, de Ivo Patarra.
Eu esperava mais de “A privataria tucana”. Não questionando o que se refere especificamente às privatizações tucanas, acho que o livro contém um número excessivo de fac-símiles de documentos, que poderiam apenas ser citados em notas de rodapé ou referências no final, e dedica muito espaço a aves de rapina sem relação com o tema, como Jorgina Freitas, Silveirinha, Ricardo Teixeira e até o “Comendador”, aparentemente para explicar o funcionamento das offshores. O perigo está em que leitores apressados podem enxergar plumagem de tucanos nelas. Terá sido esta a intenção ou, assim como as brigas PTxPT, entraram apenas para a publicação ter volume de livro?
Acho que devemos ler “A privataria”, “O chefe”, “O que sei de Lula”, “Honoráveis bandidos” e tudo o que aparecer denunciando “malfeitos” (sic). Talvez assim consigamos encontrar a maneira de engaiolar aves de rapina…
Essas histórias são o maior problema do Brasil e precisamos conhecê-las para mudar a realidade para melhor. Quanto à existência de provas ou não, nem vem ao caso quando estamos cansados de saber que tais histórias são reais e as vivemos no cotidiano.
No Brasil, infelizmente, todos estão esperando ganhar na Mega-Sena, participar do BBB ou se dar bem em alguma maracutaia. Os grandes corruptos viraram modelos da população, que prefere viver de BPC, Bolsa Família ou qualquer boquinha, sempre invejando o grande e bem-sucedido corrupto. A ladroagem já é uma questão cultural profunda!
(Texto montado a partir de conversa no Facebook)
ANDREI BASTOS é jornalista e integra a Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ.