Laboratório busca alternativas contra o preconceito

Larissa Teixeira
da Agência USP

Laboratório do IP reúne pesquisadores que analisam efeitos do preconceito e procuram soluções para o problema

O Laboratório de Estudos sobre o Preconceito (LaEP) do Instituto de Psicologia (IP) da USP nasceu com o objetivo de produzir estudos e pesquisas sobre o preconceito, de modo a apoiar profissionais, professores, pesquisadores e estudantes com interesses no tema, além de analisar seus efeitos e propor alternativas para combatê-lo. A base teórica se apoia na Teoria Crítica da Sociedade, que busca relacionar e contrapor teoria e prática para o enfrentamento à violência em suas diversas modalidades.

Ele surgiu como proposta em 1997 e foi aprovado em 1998, no Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade do IP. Hoje, nove pessoas formam a equipe, incluindo graduandos, mestrandos, técnicos e docentes do IP, e também conta com a colaboração de professores de outras universidades. As pesquisas são financiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A iniciativa veio da professora Lígia Assumpção do Amaral, que vinha estudando o preconceito contra deficientes físicos, e do professor José Leon Crochík, que já estudava o preconceito racial. “Pensamos em unir nossos esforços e criar um laboratório, já que achávamos que o desenvolvimento de estudos nessa área era necessário na psicologia e na sociedade de uma forma geral”, afirma o professor.

A professora Lígia, que morreu em 2002, vinha inclusive desenvolvendo o projeto “Em busca de uma política da USP referida à deficiência”, contribuindo significativamente para a implantação e desenvolvimento do Programa USP Legal, que visa à implementação de políticas e ações voltadas à inclusão de pessoas deficientes na universidade.

Pesquisas
Em seu início, o LaEP estudava a relação entre personalidade, ideologia e preconceito, de modo a verificar como uma personalidade ou ideologia se transformam em atitudes preconceituosas. Os estudos abordaram a questão do desdobramento do fascismo e de desenvolver personalidades propensas à violência. Alguns anos depois, o foco passou a ser a escola, em questões ligadas ao bullying escolar e à educação inclusiva, concebida pelo professor José Leon Crochík, como “a que traz aqueles que não estão na escola ou estão em escola especial para estudar em sala de aula regular.”mais sensíveis. “Extrapolamos a questão individual. Pensamos na sociedade e nos aspectos psicológicos, com elementos da psicologia, da antropologia e da filosofia”, pontua o docente.

Atualmente, está sendo desenvolvida no LaEP uma pesquisa que compara o ensino voltado a alunos não considerados em situação de inclusão com o que é voltado aos que apresentam alguma deficiência. Para isso, foram feitas observações em sala de aula, analisando-se professores com e sem experiência na área. Entre os dados obtidos, Leon aponta que “em geral, os professores são favoráveis à educação inclusiva, mas têm um pouco de dificuldade quando se trata da prática e do dia-a-dia”. Ainda, ele constata que “quem tem uma opinião mais rígida tem dificuldade para aceitar a educação inclusiva”, mas que não podemos generalizar dizendo que todos aqueles contrários a educação inclusiva sejam preconceituosos.

Para ele, mais do que inserir esses alunos na educação regular, “a escola precisa ser repensada para atender conjuntamente todo tipo de aluno, criando condições que propiciem uma educação humanista”. A pesquisa, replicada em universidades do Pará, da Bahia, do Mato Grosso do Sul, do Paraná e até mesmo da Argentina, será publicada no livro, Preconceito e Educação Inclusiva, ainda sem previsão de lançamento.

Violência

Em 2010, o LaEP foi convidado a coordenar a implementação do Programa de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-juvenil (PAIR) no município de São Paulo, juntamente com a Comissão Municipal de Enfrentamento à Violência, Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (CMESCA). “Realizamos trabalhos de pesquisa, seminários e discussões com as pessoas da área para pensar em políticas públicas que melhorem o enfrentamento à violência”, afirma Leon.

O PAIR é um projeto vinculado à Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR) e à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), que visa desenvolver ações de prevenção e atendimento a crianças e adolescentes vulneráveis ou vítimas da exploração sexual, metodologias de enfrentamento desta violência e meios de integração dos serviços locais, possibilitando a construção de uma Política Municipal de Proteção Integral à Criança e ao Adolescente em diversas cidades do país. A metodologia completa .O LaEP fica no Bloco A do Instituto de Psicologia (IP) da USP, na Av. Prof. Mello Moraes, 1721, Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: site www.ip.usp.br/laboratorios/laep

Larissa Teixeira, do USP Online
Fonte: Agência USP

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