Aumentar a participação da família nas decisões escolares e estruturar o aprendizado em casa estão entre as principais recomendações para fortalecer o vínculo entre a escola e o contexto local. “O que mais se vê é a culpabilização de uma pela outra, pela repetência, evasão escolar e violência na escola”, aponta Miriam Abramovay, socióloga e pesquisadora da área de juventude.
A estudiosa ressalta que existe uma defasagem entre o tipo de aprendizagem que a escola oferece e a realidade cotidiana proporcionada pela cultura de rua e do jovem. “A escola ficou no século passado ao não considerar o que vem de fora, demonstrando que não está preparada para as crianças e jovens do século 21”, considera.
Para que a parceria aconteça de fato, afirma Abramovay, é necessário rever responsabilidades, limites e expectativas de cada uma das partes– família e escola. Outro aspecto limitante dessa relação é o pouco espaço dado às famílias na construção das práticas educativas da escola. “Na maioria das vezes as família são chamadas apenas para a entrega das notas ou porque existe algum problema com seus filhos”, ressalta.
Não existe, acrescenta ela, por parte das famílias – mais ainda se situadas em áreas de alta vulnerabilidade social – , uma “cultura da reivindicação” que permita saber não apenas o que seu filho está aprendendo, mas também como são as relações sociais, o cotidiano e o clima no ambiente escolar.
Aproximar a família, ouvindo suas queixas e dando início ao diálogo, reconhecendo que os familiares podem ter voz dentro das escolas é um dos primeiros passos para reverter essa distância. Por outro lado, Abramovay sugere que a escola peça das famílias maior atenção com suas crianças e jovens.
Também é fundamental que os pais criem em casa um ambiente estruturado para o estudo e a aprendizagem. “Importantíssimo que os pais saibam que há diferença entre ter três livros em casa e não ter nenhum. Isso certamente desperta o interesse e também o rendimento da criança na escola”, pontua Miriam.
Aprendizagem
Para Denis Mizne, diretor geral da Fundação Lehmann, organização sem fins lucrativos, voltada à melhoria da educação pública no Brasil, “não existe o aluno e o filho como duas entidades separadas. São a mesma pessoa.” O foco primordial da escola, ressalta, deve estar na aprendizagem.
Num contexto de vulnerabilidades sociais e baixo acesso aos serviços públicos, os avanços na qualidade do ensino acabam sendo pouco discutidos. Segundo Mizne, a colaboração mútua entre a comunidade escolar e a família deve priorizar o pleno desenvolvimento do aluno em sala de aula.
“Boa parte dos pais não tiveram acesso a uma boa escola. Falta repertório de vivências e exemplos de como se deve supervisionar a educação escolar em casa. A ideia da necessidade de acompanhamento pelos pais é algo recente”, afirma.
Uma medida interessante, sugere ele, seria apresentar com nitidez quais são as diretrizes curriculares da escola, para que os pais possam averiguar qual o aproveitamento real de seus filhos ao longo do ano letivo.
O investimento em melhores condições de trabalho para os professores pode ajudar a estreitar esses laços. “A carreira deveria ser estruturada de forma a facilitar a vinculação do educador a uma única escola, o que certamente contribuiria para fortalecer a relação com a comunidade”, defende Mizne.
O debate entre especialistas ocorreu durante a mesa “Práticas de aproximação com a família e a comunidade”, realizada em São Paulo durante o I Seminário de Proteção Escolar, na última semana de agosto.
Fonte: Portal Aprendiz
Na década de 80,durante uma das muitas crises que o país atravessou, um grupo de pais do bairro do Brooklin, com dificuldades em pagar escola particular fez um acordo com a diretora de uma escola pública.
Eles transferiram seus filhos para essa escola e pagavam, através da APM, uma mensalidade de acordo com as posses de cada um. O dinheiro arrecadado era repartido entre os professores, porém havia uma condição que era a avaliação desses professores.
Os resultados foram excelentes, a escola melhorou substancialmente a qualidade de ensino e a satisfação dos funcionários e professores passou a ser muito grande. Infelizmente não acompanhei o que aconteceu posteriormente.
Creio que esta poderia ser uma das formas de melhorar a qualidade do ensino público a um custo bem menor para as famílias.
Por certo necessitaria de regulamentação e fiscalização.
Por outro lado, meus filhos estudaram em uma escola particular de classe média em que, em um sábado a cada 2 meses, os professores de cada matéria ficavam em salas separadas para darem “feedback” aos pais sobre seus filhos. A triste constatação, manifesta pela diretora da escola, era de que eu e minha esposa éramos uma exceção, pois íamos os dois. Havia uma boa parte dos pais em que ia um ou outro e uma parte maior ainda, em que não ia ninguém!!!!!!