18 de maio: dia nacional de luta antimanicomial

iNFOATIVO DEFNET N° 4011 – ANO 12 – Maio de 2008

EDIÇÃO EXTRA
Editor responsável – Dr. Jorge Márcio Pereira de Andrade (Cremesp 103282) -www.defnet. org.br
retransmite e solicita difusão na Internet – Campinas, SP – 18/05/2008


18 de maio: dia nacional de luta antimanicomial

O Movimento Nacional de Luta Antimanicomial (MNLA) é um movimento social existente há 17 anos e disseminado por todos os estados do Brasil. Tem como metas o fechamento de hospícios e manicômios do país e a promoção de uma cultura de tratamento, convivência e tolerância, no seio da sociedade, para as pessoas com sofrimento emocional de qualquer tipo.
Nestes anos de luta foi possível constatar a viabilidade de nossa proposta, através de experiências de tratamento substitutivas ao hospital psiquiátrico, com êxito e sem excluir o indivíduo da sociedade, do convívio familiar, do exercício de direito de sua cidadania. A partir da atuação do MNLA foi deflagrado em nosso país um processo de reforma psiquiátrica, da qual os tratamentos substitutivos são fruto, que se muitas conquistas teve, muito ainda tem a fazer pelas pessoas que se deparam com a experiência do enlouquecimento. Ainda hoje há mais de 60.000 pessoas encarceradas em hospícios no Brasil, em condição de descaso e abandono, trancadas mas não tratadas. Este grave desrespeito aos direitos humanos, como outros tantos em nosso país, passa longe da percepção do cidadão comum, pois que não é notícia, mas continua enchendo os bolsos dos empresários da loucura. A população em geral, incluindo-se aí as classes mais favorecidas, é carente de informação sobre como procurar ajuda em caso de uma crise emocional na família ou na comunidade, e a idéia da internação psiquiátrica ainda é a primeira que aparece como alternativa. Este é atualmente o desafio que nos colocamos: amplificar esta discussão para parcelas mais amplas da sociedade, garantindo acesso à informação e assistência nas necessidades, pressionando governo e iniciativa privada a investirem na transformação desse cenário vergonhoso.

O Forum Paulista de Luta Antimanicomial, instância estadual de organização do MNLA, discutindo o atual momento da atenção em saúde mental no estado, propõe a reflexão sobre quais as alternativas em nossa sociedade para as pessoas que, em algum momento de sua existência, se deparam com o fenômeno do enloquecimento – em si, na família, na comunidade. “Enlouqueci! E aí?” é o tema escolhido por este Forum para apontar essa reflexão: o que fazer perante a ‘loucura’, ou melhor, às pessoas que vivem essa experiência? Quais as respostas da sociedade em tempos de falência do modelo manicomial e insuficiência dos atuais serviços?Além disso, aponta para a possibilidade de qualquer um de nós de “enlouquecer” , e que fará a sociedade, ou nossa família, ou o sistema de saúde? Internar-nos? Por que não ser cuidado de forma alternativa? Por que não conviver com a loucura? Na contemporaneidade assistimos à falta de espaço para a vivência da dor, da crise, do enlouquecimento. .. É preciso repensar o cuidado para com essas ‘existências- sofrimento’ , respeitando as diferenças e ao mesmo tempo combatendo o preconceito.

Assim, estamos organizando um grande ato público no dia 18 de maio, Dia Nacional de Luta Antimanicomial, no vão livre do MASP, a partir das 11:00h, que contará com a participação de diversos grupos artísticos ligados às formas substitutivas de atenção em saúde mental, bem como artistas , outros movimentos sociais e apoiadores em geral. Sempre acreditamos na arte como forma privilegiada de troca, encontro e disseminação da convivência entre diferentes como fonte de riqueza, e ela tem sido uma grande aliada neste caminho. Por isso, o ato público terá o caráter de intervenção cultural, estética, política e sobretudo ética – propondo uma nova maneira de se relacionar com o outro, através do respeito, da solidariedade, da beleza.

Esperamos poder contar com sua participação nessa luta, ajudando a ampliar a visibilidade e o alcance do movimento e da cultura antimanicomial! !

Maiores informações com Patricia Villas-Bôas pelo e-mail patvillasboas@ ig.com.br ou pelo fone (11)9154-4984.

SAUDAÇÕES ANTIMANICOMIAIS! !!

Forum Paulista de Luta Antimanicomial
Comissão Organizadora do Ato Público em 18 de maio fonte: http://www.midiaind ependente. org/pt/blue/ 2004/05/280279. shtml


18 de maio
09h00 às 20h00 – Feira de Artes da Vila Pompéia
*Dia Nacional Luta Antimanicomial
Espaço Luta Antimanicomial
Apoio: Fórum Paulista da Luta Antimanicomial e serviços substitutivos
Local: Feira de Artes da Vila Pompéia
Endereço do Estande CRP 06: Rua Tucuna – Espaços próximos ao Palco Vivências
Atividades:
Coral dos Cidadãos Cantantes;
Cia Esquizocênica apresenta o “Grupo No Turno do Dia”, com a esquete teatral “Nós somos poucos, mas somos muitos”;
Cortejo cultural Parada do Orgulho Louco;
Bonecos CEDECA Interlagos;
*Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
Espaço ECA – 18 Anos de Defesa de Direitos
“Esquecer é permitir. Lembrar é combater”
Exposições áudio visuais com produções de usuários de serviços substitutivos, sobre a Reforma Psiquiátrica;
26 de maio
13h30 às 18h00 Lançamento do Caderno: “Psicologia na Saúde Suplementar: Aspectos Regulatórios
Em parceria: Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário – CEPEDISA e o
Núcleo de Pesquisa em Direito Sanitário da USP
Local: Auditório Professor João Yunes
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo – USP
Endereço: Av. Dr. Arnaldo, 715, Jardim América, São Paulo/SP
Inscrições gratuitas e limitadas (230 vagas)
Através do site: www.crp06.org. br/saudesuplemen tar ou pelo telefone: (11) 3061-9494 ramais 137, 151 e 317
Entrada gratuita
Informações: Departamento de Eventos – CRP-06
Telefone: (11) 3061.9494 ramais 137 e 317 – e-mail: secretaria.eventos@ crpsp.org. br
Estacionamento Conveniado: Nadipark, Rua Cardeal Arcoverde, 201.
Para obter o desconto, retire o selo no Credenciamento, no local do evento.
Obs: O local do evento não possui estacionamento disponível.

O movimento antimanicomial no Brasil
Lígia Helena Hahn LüchmannI; Jefferson RodriguesII
http://www.scielosp .org/scielo. php?script= sci_arttext&pid=S1413-812320070 00200016&lng=pt
MLA constitui-se como um importante movimento social na sociedade brasileira, na medida em que se organiza e se articula tendo em vista transformar as condições, relações e representações acerca da loucura em nossa sociedade. Suas ações e lutas estão direcionadas e vêm impactando as diferentes dimensões da vida social.

Como vimos, os movimentos sociais não se constituem como fenômenos coletivos homogêneos ou como personagens dotados de vontades, projetos e sentidos independentes dos impulsos, pressões e restrições do contexto societal – como puras subjetividades. Muito menos constituem-se como reflexos ou efeitos automáticos e necessários da realidade objetiva. Antes de mais nada, os movimentos sociais são ações coletivas de caráter fragmentário e heterogêneo que destinam boa parte de suas energias e recursos para o gerenciamento de sua complexidade.

Resgatando análise de Melucci7, pode-se dizer que o [Movimento de Luta Antimanicomial] é uma ação coletiva cuja orientação comporta solidariedade, manifesta conflitos e implica a ruptura dos limites de compatibilidade do sistema de saúde mental no país. A configuração dos atores e instituições (trabalhadores, profissionais, políticos, empresários, usuários e familiares) conforma um quadro multipolar deste campo que, embora atravessado por diversos conflitos e ambigüidades, vem promovendo alterações significativas nas quatro dimensões apontadas, quais sejam: epistemológica, técnico-assistencial , político-jurídica e sociocultural.”


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